Walk Me Home

405 24 56
                                    

CAMI POV

Tenho feito o possível para cumprir o desejo de Charles,  mas tem se tornado difícil nos últimos dias com KJ fugindo de mim como o diabo da cruz, as vezes ele faz isso e fico com raiva, mas sei que não estou em posição de cobrar nada. Mas saber é bem diferente de não sentir, e eu sinto raiva, medo, saudade, ódio, tudo em uma escala elevada.

Todos os pensamentos vem com igual intensidade, como chegamos aqui?! KJ e eu? Passamos de amigos a namorados, ou quase, e então a estranhos, depois a uma amizade falsa e casual, a amigos e então a amantes, isso é tudo é tão louco, tão forte.

Podia ter sido tudo diferente, de verdade? Quem errou? Não sei dizer ao certo, mas carrego bem lá no fundo a certeza que eu não dei todas as chances a nós dois. Na verdade eu sei que quem errou mais fui eu. Eu sempre dizia que KJ era imaturo, levava tudo na brincadeira, mas não era justamente isso que eu amava nele?! Eu dizia que ele não levava nós dois a sério, que não cuidava do meu coração, mas será verdade?! Será que ele cuidou tanto e eu que eu não consegui perceber?!

Olho para o tempo fechando, está ficando mortalmente frio em Vancouver. Me acomodo melhor na escada do trailer e volto ao passado, em dias que era tudo mais fácil mesmo que eu só consiga ver isso agora.

- Kage? - chamo do quarto, ele está na sala jogando qualquer coisa no celular - Kage?

- Oi, baby.

- O que está fazendo?

- Nada demais. Precisa de mim?

Seus olhos percorrem meu corpo inteiro e voltam para os meus, seu sorriso é sedutor e me dá vontade de rir mesmo estando brava com ele. Estou de calcinha e sutiã e sei que ela mal pode controlar o pau dentro das calças, mas desse vez não vou ceder.

- KJ, combinamos de ir jantar com a minha mãe, lembra?

- Hoje? - bufo e saio batendo os pés - fico pronto em 5 minutos.

- Você nunca presta atenção no que eu falo, não lembra de nada, o que tem dentro da cabeça?

- Você - sua voz me segue.

- Deixa de ser idiota. Isso é sério, minha mãe só vai ficar algumas horas em Vancouver.

- Estou ficando pronto - ele me abraça por trás assim que entramos no quarto, beija meu ombro e meu pescoço - juro. Não vou me atrasar e sua mãe me ama.

- Sai.

- Mulher impossível - ele bate na minha bunda e vai remexer mas suas coisas.

Sorrio com a lembrança, passei a noite sendo uma chata com Kage e ele carregou minha mãe e irmã na palma da mão, elas nem se importaram que eu estivesse de bico. Tão infantil. E hoje eu não penso que ele não deu a mínima para os meus sentimentos naquele dia, mas sim se importou tanto que cobriu minha birra com seu bom humor encantador.

No fim das contas acho que eu mesma fui imatura demais, medrosa demais para me deixar sentir toda a intensidade da nossa paixão, medo da nossa paixão não poder ser também amor e eu me afogar no oceano que era Kage, meu Kage, tão sorridente e sempre disposto a me dar um abraço de conforto mesmo quando eu era uma bruxa com ele, mesmo quando eu gritava e o magoava ele sempre era gentil.

Kage era um mar revolto e eu precisava de uma rocha, ou pensava assim. Quando "terminamos" me apoiei na primeira coisa que pensei ser meu porto seguro, e não dei a mínima para como KJ se sentia, quando ele disse que estava tudo bem eu sabia que não estava, mas tomei suas palavras e achei que bastavam, ignorei todo o resto e mergulhei de cabeça em Charles. Nunca conversei com KJ sobre nossos sentimentos restantes um pelo outro, nunca fomos bons com palavras afinal.

Paralelos Onde histórias criam vida. Descubra agora