Mad

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CAMI POV

A vida é mesmo maluca não é?! Ou melhor, as pessoas na nossa vida são todas umas porras de umas malucas.

Veja bem, eu sei que Charles foi o único responsável por espalhar minha vida íntima por aí, tenho centenas de mensagens dele me ameaçando ou se gabando da minha desgraça, e mesmo com tudo isso e apenas porque meu namorado deu um soco na cara dele, somos as piores pessoas do mundo. Os advogados pedem calma ou dizem que agimos mal, que violência não resolve nada, nossos agentes estão loucos com a notícia saindo na mídia e os produtores da série quase arrancaram  os pelos do saco com uma pinça.

No fim parece que os errados somos eu e Kage, enfim, as porras de uns malucos.

Tivemos 3 dias de intervalos nas gravações para "acalmar os ânimos", bom, os meus nervos não estão nada calmos. Não vou aturar mais as merdas de Charles, ele mandou algumas mensagens durante esses dias e foi ignorado, mas meu sangue ferve só de pensar no cinismo dele ao tentar se fazer de vítima para o mundo e ser um completo babaca no particular. E vai piorar agora que provavelmente a mídia já está sabendo e pronta para espalhar mais esse "escândalo" do nosso casting.

Seguimos nossa rotina, as fofocas sobre o soco ainda não estão tão fortes, então aegujmos nossa rotina. Depois da noite de bebedeira acordamos com uma baita ressaca, reservamos algumas horas para nos sentirmos uma merda e depois resolvemos sair da toca, fomos a academia e almoçar em uma lanchonete deixando a dieta totalmente de fora. Foi bom, menos a parte em que chegamos em casa e tinha um par de paparazzi do outro lado da rua.

Nosso acordo é não deixar nada disso entrar entre mim e Kage, nada dessa situação abalar nosso namoro ou nos afastar, vamos enfrentar juntos até tudo estar resolvido, ou fugir juntos para o interior do Brasil e viver do que plantamos.

Hoje temos que voltar ao trabalho com gravações noturnas, Kage saiu para malhar muito cedo, ele sempre corre antes de ir para a academia e eu não gosto de correr. Fiz minha yoga em casa mesmo, tomei meu banho e agora estou indo encontrar Kage para tomarmos nosso café reforçado.

Vesti minha roupa mais confortável, um jeans e jaqueta quentinha para bloquear o vento que castiga lá fora, um tênis velho, e touca. Não estou nada elegante, mas muito confortável.

"Estou ficando enrugado de tanto esperar"

Bufo para o celular, Kage não é nada pontual e em contra partida não tem um pingo de paciência quando precisa esperar. O celular apita enquanto espero o elevador.

"Isso é por conta do vapor da sauna de meninos"

"Vc me desafia em tantos níveis, querida"

"Cala a boca e peça meu bagel e não esquece que preciso de um doce maravilhoso"

"Guardei um pirulito pra vc"

As portas do elevador abrem com um baque forte e interrompe a mensagem que estou escrevendo em resposta, aquela que Kage sabe que vai receber depois dessa piadinha podre. Estou com pressa demais e só pulo para dentro da caixa metálica, aperto o botão do térreo e cumprimento a pessoa que já está lá dentro, minha voz morre ao ver quem é, meu corpo fica gelado e meu coração martela tão rápido que meu estômago começa a doer.

Tento virar para sair, mas as portas já fecharam e o elevador começa sua descida. Olho para a cara machucada do homem, para a câmera no canto esquerdo e de volta para o cara. É uma descida de muitos andares.

- Olá, Camila - sua voz me dá arrepios.

Ignoro sua saudação, e embora eu não deva sentir medo de Charles porque é claro que ele não vai simplesmente me atacar dentro de um elevador, ou fora dele, não, ele vai continuar tentando me machucar de forma não aparente, fria. Mesmo assim e ainda assim meu corpo reage da forma certa. Encosto na lateral de metal olhando para ele todo o tempo, mantendo distância entre nós dois.

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