Metamorfose

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Desculpe pela demora, eu realmente estou perdida nos dias, como forma de desculpas irei postar dois capítulos hoje! Aproveitem

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A primeira vez que Jeongguk pensou em se matar foi quando tinha apenas onze anos.

Foi quando ele percebeu que viver adoravelmente e despreocupadamente será para sempre um sonho inalcançável. Ele entendia que as dificuldades não iriam acabar para ele tão cedo, mesmo antes dessa época, ele sempre soube disso, mas ainda ficou esperando que um milagre, que acabasse com seu sofrimento, aconteceu aos onze anos.

Quando a vida lhe disse que milagres não eram destinados a pessoas como ele, foi a desesperança que o fez querer morrer.

Não foi depois de outra briga com seu pai ou de um evento particularmente desagradável que ele pensou pela primeira vez em cometer suicídio. Na verdade, ele se lembra claramente de ter sentado na aula um dia, mal tendo forças para se socializar por causa de tanta sensação que começou a parecer entorpecimento, quando de repente esses pequenos pensamentos silenciosamente entraram em sua mente sem pedir permissão para entrar:

***

"Eu quero morrer."

"Eu queria estar morto."

"A dor acabaria se eu me matasse."

"Eu faria um favor a todos e eles não teriam que lidar mais comigo."

***

Muito jovem, você diria. Muito jovem para pensar nessas coisas, muito jovem para entender a real ameaça de tais desejos, muito jovem para estar tão desesperado.

Jeongguk ouviu todas essas frases sobre ser apenas uma fase que ele vai superar, então ele começou a pensar que, talvez, essas palavras fossem verdadeiras. Ele decidiu esperar que a dor em seu peito passasse com o tempo e que esses pensamentos deixassem sua cabeça perturbada.

No entanto, esperar foi uma má decisão.

Pensamentos suicidas infiltraram-se nele como a fumaça penetra em seu carro: é quase impossível se livrar desse cheiro. Jeongguk não sentia que poderia arrancar o desejo de se matar mais enquanto parava de lembrar como era viver sem ter isso em algum lugar sob sua pele.

Então, aqui estava ele agora, seis anos depois, ainda pensando as mesmas coisas, enquanto sua mãe estava ocupada tratando os hematomas, amorosamente deixados por seu pai.

Jeongguk não estava mais esperando por um milagre, ele não estava mais esperando por nada, na verdade.

Ele continuou olhando para a parede de seu quarto silenciosamente, se perguntando como sobreviver a mais um minuto de sua vida.

Os olhos de sua mãe ainda estavam inchados e vermelhos de tanto chorar, mas ela havia se recuperado para ajudar Jeongguk. Era assim que ela era: obviamente podia estar uivando de dor terrível por dentro, mas sempre se manteve forte por seus filhos, sabendo que não podia se permitir desistir quando eles precisavam tanto dela.

— Estou quase terminando. — Ela disse, procurando por algo no kit de primeiros socorros que estava na mesa de trabalho de Jeongguk. — Ligarei para o doutor Choi secretamente do seu pai amanhã para que ele possa vir e examinar você.

Ela tentou insistir em levar Jeongguk ao médico hoje, mas seu pai não a deixou fazer isso porque temia que ela falasse sobre ele abusar de seu filho e isso causaria um escândalo que prejudicaria a reputação dele.

— Não precisa — Jeongguk murmurou baixinho e quase sem coerência.

Ainda era doloroso falar com o lábio inferior machucado e todo o lado esquerdo do rosto ardendo terrivelmente.

Boys Don't CryOnde histórias criam vida. Descubra agora