Capítulo 5

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A paciência era uma das virtudes que o universo esqueceu de presentear Medusa.

Após o episódio com o rapaz que tentava fugir com Cecília, a mulher a levou, com muito custo de volta para dentro.

Cecília fazia mil e uma perguntas ao mesmo tempo, enquanto era conduzida da forma mais delicada que a outra conseguia, sem machucá-la.

— Senta.

Colocou-a sentada na ponta de sua cama.

— O que vai fazer?! — ela, ainda com medo, não calava a boca. — ficou em pé, atraindo a atenção de Medusa, que voltou e a colocou sentada.

— Vou fazer um curativo em você, não quero ninguém reclamando de dor.

— Mas... — levantou-se pela segunda vez e Medusa se aproximou com seus remédios caseiros e bandagens.

— Se eu te responder suas perguntas, você acha que consegue ficar quieta? — sentou ao seu lado. Cecília fez que sim com a cabeça, então Medusa suspirou — Pois bem.

— O que aconteceu com os homens que estavam aqui?

— Estão mortos. — Medusa segurou o braço arroxeado e inchado de Cecília, passando uma pasta esverdeada nos vergões.

—  Como você... — Medusa parou as mãos por um instante.

— Eu fui amaldiçoada. Todas as pessoas que vem até aqui, acabam do mesmo jeit...

— Por que não me matou? — Cecília se virou de frente para Medusa, enquanto está segurava-seu pé mais machucado.

— As pessoas morrem quando me encaram nos olhos. — a voz da mulher era grave e contida, mas possuía um quê de mágoa inevitável — Se transformam em estátuas de pedra.

Houve um silêncio para que Cecília processasse a informação.

— Eu não entendo.

— O que é que você não entende?

— Por que as pessoas vem atrás de você, sabendo que você vai matá-las?

— A questão é que eu não tenho controle. Basta me olhar nos olhos e, fim. Mas não são muitos aqueles que conseguem voltar para contar histórias sobre minha maldição e suas condições, então, no final das contas, eu sou apenas um monstro que mata por diversão.

— E o quê, de fato, aconteceu? Você... nasceu assim? Uma maldição de berço?  — o tom de Cecília era de compreensão, mas por dentro, um pagos indiscritível tomava suas funções.

— Eu fui uma mulher comum.

— Quem fez isto com você? E por quê?

Medusa respirou fundo e encarou a sujeira que saía das pernas de Cecília.

— Podemos continuar com isto depois de você tomar um banho?

— Não! Não pode parar agora!

— Você está imunda. Vamos. — se levantou.

— Nem se eu quisesse, meus pés... Ei! — não conseguiu completar a frase, os braços gélidos de Medusa a tiraram do colchão, e foi andando até onde Cecília estava escondida outrora — Este som... Foi daqui que aquele homem veio. — a mulher estremeceu.

— Não se preocupe, não há ninguém aqui.

— Você o transformou em pedra também?

— Você pode... tomar banho primeiro.

— Podemos conversar durante o banho!

— Acho melhor não, esperarei você terminar.

— Mas e se eu cair? Há muitas pedras aqui, talvez eu me afogue e morra.

Petrificar / [versão não revisada]Onde histórias criam vida. Descubra agora