A paciência era uma das virtudes que o universo esqueceu de presentear Medusa.
Após o episódio com o rapaz que tentava fugir com Cecília, a mulher a levou, com muito custo de volta para dentro.
Cecília fazia mil e uma perguntas ao mesmo tempo, enquanto era conduzida da forma mais delicada que a outra conseguia, sem machucá-la.
— Senta.
Colocou-a sentada na ponta de sua cama.
— O que vai fazer?! — ela, ainda com medo, não calava a boca. — ficou em pé, atraindo a atenção de Medusa, que voltou e a colocou sentada.
— Vou fazer um curativo em você, não quero ninguém reclamando de dor.
— Mas... — levantou-se pela segunda vez e Medusa se aproximou com seus remédios caseiros e bandagens.
— Se eu te responder suas perguntas, você acha que consegue ficar quieta? — sentou ao seu lado. Cecília fez que sim com a cabeça, então Medusa suspirou — Pois bem.
— O que aconteceu com os homens que estavam aqui?
— Estão mortos. — Medusa segurou o braço arroxeado e inchado de Cecília, passando uma pasta esverdeada nos vergões.
— Como você... — Medusa parou as mãos por um instante.
— Eu fui amaldiçoada. Todas as pessoas que vem até aqui, acabam do mesmo jeit...
— Por que não me matou? — Cecília se virou de frente para Medusa, enquanto está segurava-seu pé mais machucado.
— As pessoas morrem quando me encaram nos olhos. — a voz da mulher era grave e contida, mas possuía um quê de mágoa inevitável — Se transformam em estátuas de pedra.
Houve um silêncio para que Cecília processasse a informação.
— Eu não entendo.
— O que é que você não entende?
— Por que as pessoas vem atrás de você, sabendo que você vai matá-las?
— A questão é que eu não tenho controle. Basta me olhar nos olhos e, fim. Mas não são muitos aqueles que conseguem voltar para contar histórias sobre minha maldição e suas condições, então, no final das contas, eu sou apenas um monstro que mata por diversão.
— E o quê, de fato, aconteceu? Você... nasceu assim? Uma maldição de berço? — o tom de Cecília era de compreensão, mas por dentro, um pagos indiscritível tomava suas funções.
— Eu fui uma mulher comum.
— Quem fez isto com você? E por quê?
Medusa respirou fundo e encarou a sujeira que saía das pernas de Cecília.
— Podemos continuar com isto depois de você tomar um banho?
— Não! Não pode parar agora!
— Você está imunda. Vamos. — se levantou.
— Nem se eu quisesse, meus pés... Ei! — não conseguiu completar a frase, os braços gélidos de Medusa a tiraram do colchão, e foi andando até onde Cecília estava escondida outrora — Este som... Foi daqui que aquele homem veio. — a mulher estremeceu.
— Não se preocupe, não há ninguém aqui.
— Você o transformou em pedra também?
— Você pode... tomar banho primeiro.
— Podemos conversar durante o banho!
— Acho melhor não, esperarei você terminar.
— Mas e se eu cair? Há muitas pedras aqui, talvez eu me afogue e morra.
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Petrificar / [versão não revisada]
RomanceQuantos sentidos são necessários para poder amar alguém que não pode ser cobiçado? A besta profana do oeste grego encontrou sob a luz do luar aquela que não pode ser afetada por sua maldição. Tal criatura era a única que Medusa não poderia petrifica...