Apenas duas semanas após o fatídico dia em que Medusa havia matado o semi-deus Perseu, ela e Cecília tiveram uma surpresa.
Cecília estava penteando os cabelos, quando ouviu uma sequência padronizada de um barulho alto e metálico do lado de fora da caverna. Medusa, que estava vendo alguns esboços de Cecília, se levantou.
— Fique aqui. — foi o que disse, quando foi até a entrada da caverna.
Lá de baixo, um homem com o rosto coberto com um tecido escuro carregava algo. Usava duas chapas de metal, batendo uma contra a outra para chamar Medusa.
— Eu trouxe um comunicado! Venho de Partenon! — o homem gritou de cerca de trinta metros de distância.
"O que Atena queria?!"
— Vou deixar em cima desta pedra! — colocou o que carregava sob uma grande rocha, fez uma reverência e se foi.
Medusa mantinha o cenho franzido e acompanhou o homem com os olhos, até que desaparecesse na mata. Permaneceu à espreita, procurando sinal de mais alguém, mas ninguém apareceu, então, desceu até a pedra e pegou o pergaminho deixado ali.
Voltou para a caverna e viu Cecília com uma espada de metal retorcido na mão. Relaxou a postura, quando reconheceu os passos de Medusa.
— O que houve?
— Atena mandou um recado.
— Ahn? — Cecília ficou confusa.
As mulheres entraram e Medusa se sentou em seu sofá, com a carta em mãos. Cecília se espremeu aqui e ali, de forma que acabasse no colo de Medusa, uma mania que havia adquirido recentemente.
Medusa lia em voz alta e com muita atenção às palavras colocadas no papel. De forma que foram tecendo reações parecidas de confusão.
Das poucas frases ali escritas, a que mais lhes chamou a atenção foi a seguinte:
"..., e seria de grande álacre que você e sua companheira fossem introduzidas ao convívio social, novamente."
— Estou genuinamente confusa, o que ela quis dizer?
— Aqui diz que, se quisermos, podemos deixar de viver aqui, para morar numa casa comum na vila. — segurou uma folha pequena que estava anexada ao pergaminho — Tem um mapa mostrando a localização da casa.
— Entendo. — encostou a cabeça no peito de Medusa, ouvindo as batidas compassadas de seu coração — O que você acha?
— Acho esquisito. — acariciou as costas de Cecília — Atena tentou me matar há menos de vinte dias, e agora, isto.
— Não a conheço como você, mas, não acha que não parece coisa dela?
— O que quer dizer?
— Será que alguém não a convenceu disto?
Medusa passou a considerar a possibilidade e começou a se perguntar: quem, neste mundo, a defenderia daquela que a amaldiçoou?
— Você quer ir até lá?
— Ahn?
— Até a casa. Nós podíamos ir dar uma... olhadinha. — Cecília riu.
— Se é o que você quer, nós podemos ir.
E assim, com muita relutância, Medusa e Cecília aguardaram a madrugada para deixarem seu lado da ilha. Caminharam de mãos dadas e túnicas escuras, noitebà dentro.
Chegaram ao povoado, cerca de vinte minutos depois. Não havia ninguém na rua, então Medusa passou a procurar a tal casa.
Localizou o casebre de paredes brancas ao final do povoado, não tão afastado, mas nem de longe tão próximo das outras casas.
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Petrificar / [versão não revisada]
Roman d'amourQuantos sentidos são necessários para poder amar alguém que não pode ser cobiçado? A besta profana do oeste grego encontrou sob a luz do luar aquela que não pode ser afetada por sua maldição. Tal criatura era a única que Medusa não poderia petrifica...