Cecília acordou num sobressalto, estava na cama. A respiração faltou quando santiu dor.
Seu rosto, seus braços, pernas e costas. Tudo doía!
— Medusa... — murmurou, com medo de que, se chamasse, ela não viria. Não lembrava-se de nada após empurrar o homem, quiçá sabe para onde o empurrou, então culpou-se por possivelmente ter deixado sua amiga à mercê dele. Com dor mesmo, sentou-se e murmurando, começou a tirar o lençol de cima de si. Tinha que achá-la. — Medusa...
— O que está fazendo? — parou de se mexer quando seu pé tocou algo à sua esquerda — Onde vai?
Medusa estava ali!
Cecília esticou as mãos e procurou por ela na cama. Quando a achou, a abraçou com força, fazendo com que ambas soltassem exclamações de dor.
— Achei que tivesse acontecido algo com você!
— É claro, e minha alma penada te colocou na cama! — Medusa ironizou e Cecília riu, ainda com o rosto afundado no pescoço dela — Sinceramente, estou cansada de ficar dando banho em você desacordada e te carregando você para lá e para cá.
— O que posso fazer se minha astúcia exige muito de meu corpinho? — brincou, passando a mão por sua própria.
— Você perde a consciência com uma facilidade impressionante.
— Bom, então, ainda bem que tenho você para tomar conta de mim. — usou o dedo indicador para dar um toque na testa de Medusa — De quebra você lá relembra a infância, brincar de boneca e tudo mais...
— Obrigada.
— Ahn? Pelo quê?
— Praticamente salvou minha vida hoje. Muito obrigada, não sei se estaria viva se você não estivesse aqui.
— Provavelmente não. — Cecília disse, séria e depois, sorriu — Não foi nada demais. Nada que você não desse conta sozinha, com seu superpoder. — Medusa soltou uma risada curta e nasalada.
— Como soube que estavam com espelhos.
— Aqueles caras são uns otários! Chegaram na entrada se vangloriando. Eram três velhotes egocêntricos!
— Esta foi uma coisa que me intrigou.
— Eles serem velhos?
— Não! — franziu o cenho — Quer dizer, também. Não pareceu uma ideia muito elaborada?
— Realmente. Como aquelas mulas pensaram em algo assim?
— Acredito que não foi ideia deles. Pense bem. — Medusa se endireitou na cama — Eles pareciam... descartáveis.
— Como é?
— Homens velhos, aparentemente pobres e com sonho de heroísmo. Quem os enviou sabia que não sobreviveriam, mas seriam um bom teste para essa coisa do espelho. Eu consigo apostar que virão mais deles para checar se o plano deu certo.
— Que coisa insuportável! — Cecília deixou as costas escorregarem pela cabeceiras da cama, até que estava deitada. Virou para o lado e seu nariz encostou na coxa de Medusa.
— Agora entende por que não queria que ficasse aqui comigo? Já viu como foi hoje, com três velhos amadores. Imagine como será quando vierem os homens treinados, em grupos grandes e armados até os dentes...
— Quer parar?! Já falamos sobre isso e você prometeu que não ia tocar neste assunto, sobre eu morar aqui!
— Essa conversa nunca aconteceu e eu não prometi nada!
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Petrificar / [versão não revisada]
RomanceQuantos sentidos são necessários para poder amar alguém que não pode ser cobiçado? A besta profana do oeste grego encontrou sob a luz do luar aquela que não pode ser afetada por sua maldição. Tal criatura era a única que Medusa não poderia petrifica...