Capítulo 6

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Medusa esperava tudo, menos aquela reação.

Tocá-la? Por que Cecília queria tocá-la?!

Quando voltou a si, a mão úmida estava esticada e Cecília aguardava que Medusa aproximasse sua face, para que pudesse apalpá-la.

— Se você já terminou de se banhar, podemos sair. — segurou o pulso e Cecília acenou com a cabeça.

— Eu já acabei.

— Ótimo.

Dali em diante, as mulheres fizeram tudo em absoluto silêncio. Medusa voltou a fazer os cuidados nos membros machucados de Cecília.

Assim que terminou, deixou-a sentada e foi até sua fogueira, acendendo-a.

— Não está machucada? — a voz de Cecília saiu tímida.

— Nada demais.

— Talvez deva dar uma olhada, pode ter se ferido.

— Cecília, por que está aqui?

— O quê? — assustou-se com o tom de Medusa. — Eu já lhe disse, eu...

— Por que é que você ainda está aqui? — se aproximou, observando a mulher. Por que não fugiu ainda?

— Você foi boa comigo, por que eu fugiria?

— Você já sabe da minha história. — parou à frente dela — Você já sabe o que eu sou, o que eu fiz. Sabe das pessoas que qmatei. Não te assusta?

— É claro que assusta! — falou um pouco mais alto — Saber que você teve de fazer essas coisas para se defender! E que si homens saem da cidade para virem até aqui, só para tentar matá-la! Você é inocente, Medusa. Você não me dá medo.

— Eu não sou inocente. Matei mais do que você imagina, não só para me defender.

— Aquele homem que matou antes. Por quê? Ele estava indo embora, por que o matou?

— Não queria deixar testemunhas.

— E no entanto eu estou aqui, não é? — não podia ver, mas sabia que estava desconcertando Medusa — Você me salvou dele, mesmo que ele não estivesse te atacando mais.

— Isso não vem ao caso e também não responde à pergunta que te fiz. Teve chance de ir embora, mais de uma vez, e ainda continua aqui.

— Em breve eu conseguirei andar normalmente, então posso...

— Você está fugindo, não é?

Cecília ficou em silêncio.

— Não está? — Medusa continuou — Não vejo outra razão para ter ido para tão longe de tudo.

— Não é assim...

— Eu sei que sim. Foi o que eu fiz. Fugi para o lugar mais longe de tudo e todos. — suspirou quando Cecília abaixou a cabeça — Não esperava que algo como eu estivesse aqui.

— Posso ficar aqui?

— Você pode achar outro lugar? — falaram ao mesmo tempo, mas medusa se espantou — Não! Eu fico sozinha.

— Eu também, mas a gente pode ficar sozinhas no mesmo lugar! — se Medusa não estivesse surpresa, teria rido do argumento — Eu posso ser útil!

— Como? — deu corda.

— Para qualquer coisa!

— Você não enxerga, com o que poderia me ajudar?

A mulher permaneceu em silêncio. Medusa não sabia se estava ofendida ou não.

— Escute, apenas vá embora. É melhor para nós duas. Mais seguro para você.

— Seguro? — Cecília riu — Querida, eu sou imune ao seu super poder!

— Meu super poder?

— E eu posso ser uma boa amiga, sei fazer comidas gostosas e não vou virar uma estátua de pedra para atrapalhar você!

Um grande sorriso preenchia o rosto de Cecília e Medusa suspirou.

— Eu não acho uma boa ideia.

— Ah, por favor! — se levantou e esbarrou o joelho na mesa de cabeceira — De novo!

— Está vendo? Você é um desastre! Em uma semana terá destruído minha casa e a si mesma!

— Eu só precisa só de algo para me guiar, como uma bengala!

— Você tem um jeito para qualquer coisa, então?

— Quando você perde um dos sentidos, tem que aprender a se virar!

— Você não nasceu assim?

— O que?

— Seus olhos. Não nasceu sem a visão?

— Eu... — o estômago dela roncou — Estou com fome.

— Ah... É como ter um filho. — bufou — Vamos fazer um acordo. — escorou o quadril no pilar da cama que sustentava o docel — Se ser completamente sincera comigo e me obedecer, eu deixo você ficar por um tempo.

— Ah...

— Você teve seu tempo para me fazer perguntas, agora é a minha vez. Temos um acordo? — estendeu a mão e, dando um pequeno sorriso, voltou a falar — Minha mão está estendida à sua frente.

— Oh, sim, é claro. — alcançou a mão de Medusa e a apertou.

— Então vamos comer.

Cecília, que havia se sentado novamente, se levantou devagar, com os braços esticados, como sempre, procurando o caminho até Medusa. Encontrou o corpo dela, que enrigeceu-se quando sentiu o toque em seu quadril.

— Podemos ir? — Cecília estava perto, invadindo o espaço pessoal de Medusa, deixando-a desconfortável.

A mulher bufou mais uma vez. Haja paciência.

•••

N/A: Olá, família! Muito obrigada pelos parabéns e por entender a falta de capítulos ontem! Hoje temos logo dois, e o primeiro está em mãos. A gente se vê mais tarde, beleza? Até loguinho 🖤

 A gente se vê mais tarde, beleza? Até loguinho 🖤

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Petrificar / [versão não revisada]Onde histórias criam vida. Descubra agora