Medusa foi a primeira à acordar, e o que a fez de fato, despertar, foi o peso em sua cintura. Olhou para baixo e encontrou a mão branca circundando seu corpo e então, as memórias da noite passada vieram.
Depois do primeiro beijo, que fora um tanto desconexo, ambas pararam para respirar e Medusa encarou Cecília.
— Eu também não sei beijar. — foi o que ela disse, observando bem as reações de Cecília, apenas esperando que a surpresa atingisse seu semblante. Mas não foi o que aconteceu, o que veio foi o sorriso condescendente e travessk de sempre.
— Melhor ainda! A gente vai aprender juntas. — e segurou os dois lados da face de Medusa, voltando a distribuir curtos selinhos por seus lábios.
Sentiu-se à vontade para entreabrir os lábios de Medusa, usando os dentes para puxar o lábio inferior e juntar suas línguas.
O tato de Medusa em Cecília a fazia se arrepiar, tendo em vista que a mulher era fria por completo.
Isto, diga-se de passagem, mudava para Medusa. Se sentia ferver sob os lençóis. As mulheres não prestavam atenção, mas os répteis presentes na cabeça de Medusa sibilavam de forma diferente do habitual, de forma mais languida e baixa.
Cecília virou de barriga para cima e, puxando a coxa de Medusa, a colocou sentada sobre si.
— O que está fazendo?
— Ficar de lado está me incomodando. — Medusa sorriu e analisou a mulher abaixo de si. O vestido estava amarrotado e torto no corpo branco dela, quase mostrando demais pelas lacunas do tecido branco, o rosto estava corado e os cabelos em toda parte nos travesseiros, "era uma visão bem... agradável", pensou Medusa — Está me encarando, não é?
— Sim.
— Queria poder fazer o mesmo. — levou as mãos até as coxas de Medusa e apertou ali, fazendo um carinho que ia até as ancas e voltava.
— É a primeira vez que ouço alguém dizer que gostaria de poder me ver. — soltou uma risada.
— Desde que eu perdi a visão e me acostumei ao escuro, no senti nada além da falta comum de enxergar. Eu sei que cor é o céu, as árvores e a aparência dos animais. Mas você... — deu um sorriso triste — Ah, Medusa... É torturante não poder te ver.
— Achei que tivesse conseguido, com suas mãos. — Medusa respondeu, um tanto tímida, principalmente por estar em cima de uma mulher tão menor que si.
— Oh, sim. Eu estou trabalhando com o que consegui. Estou pintando você.
Medusa segurou um suspiro de surpresa.
— Deve estar se perguntando "como diabos uma mulher cega faz uma pintura?" — fez uma voz mais grave e sensual para imitar Medusa, fazendo-a rir —, tudo começa com o esboço, logo você poderá me ajudar a corrigir traços do seu rosto, mas com a imagem mental que fiz à partir do meu tato e de suas descrições, consigo ter uma breve noção.
— Entendo... Isto é interessante.
— Sim, é. Mas nada se compararia à pode ver você, de fato.
— Sabe que morreria, não é?
— Seria uma honra morrer e ter você como última coisa que eu vi. — deu mais um de seus sorrisos encantadores para a mulher.
— Você... — Medusa riu, nervosa.
— Romântico, gostou, não é?
— Romântico? Como pode?
— Eu soube que mulheres sentem atração mais rápido, quando se trata de outras mulheres. — agora subia os carinhos para a cintura e costelas de Medusa.
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Petrificar / [versão não revisada]
Roman d'amourQuantos sentidos são necessários para poder amar alguém que não pode ser cobiçado? A besta profana do oeste grego encontrou sob a luz do luar aquela que não pode ser afetada por sua maldição. Tal criatura era a única que Medusa não poderia petrifica...