Questões

868 54 3
                                    

No caminho para o refeitório, decido enviar mensagem ao Riven.

Olá, Riven. Podemos nos encontrar? Clico em enviar na esperança de que me responda.

Durante o pequeno-almoço não o vi, nem me respondeu à mensagem. O Sam também não tocou no assunto de ontem, o que me sentia agradecida. Não sabia bem o que lhe dizer se me perguntasse algo, já que nem eu sei. Porque tenho esta conexão com ele? Só tinha conexão com alguém que devidamente me tivesse intrigado e me tive-se chamado atenção, me mantinha curiosa. Era algo que não tinha controlo sobre. Acontecia e assim permanecia. O mesmo aconteceu com o Sam. Levo as minhas mãos à cabeça, e decido fazer uma pausa dos estudos.

Não só o assunto de ontem me preocupava como o Riven também. E se acontece de novo e o Riven notasse? Não acho que reagiria bem. Mas por outro lado também o queria ver e saber como ele tem estado.

Levanto-me e vou à sala para pegar uma garrafa de água, mas desde da sala ouço uma notificação a cair no meu telemóvel. Literalmente corro para ver de quem se trata.

O meu coração acelera quando vejo que era do Riven.

"Barracão velho, depois do almoço. Estarei lá."

Porquê lá? Não estou a perceber nada.

"Ok, vemo-nos lá." Envio, soltando a minha respiração que nem sabia que estava a prender.

Continuo os meus estudos que para minha felicidade estão bem adiantados graças à minha ponderação e afinco. Com os apontamentos da Terra, estaria pronta para os exames.

Durante o almoço continuo tensa e anciosa para encontrar o Riven já que não tinha dito nada a ninguém. Achei melhor não o fazer, primeiro iria conversar com ele e verificar o que se andava a passar.

As palavras do meu pai vinham-me à memória. A promessa que prometera, que estaria sempre lá para ele como ele esteve sempre para mim.

Dizendo que iria passar a tarde a estudar, depois do almoço sem ninguém notar, dirigi-me ao barracão velho.

Questiono-me o porquê dele estar lá. Nunca ninguém ia lá, a não ser as festas que lá às vezes se realizavam.

Mas ao chegar lá paro imediatamente no caminho ao sentir uns sentimentos que chegavam na minha direção. Tal como ontem, estes pertenciam a Riven apenas que desta vez o que sentia era uma mente determinada mas não deixava de sentir um pouco de angústia pelo meio.

Suspiro quando percebo que afinal isto era mesmo sério e estava realmente conectada a ele. Ainda nem tinha entrado lá dentro e já o conseguia sentir do lado de fora. Observo-o desde a entrada e nada mais vejo do que ele a lutar contra um saco de box. Suspiro outra vez. Então era isto que tem andado a fazer? A treinar?

Continuava focado no que estava a fazer até que rapidamente essa concentração é quebrada e trocada por desconfiança quando este olha para trás, para mim.

Shit digo para mim quando me apercebo que este se apercebe que estou a usar o meu poder nele, quando estreita os seus olhos irradiando irritação, o que me faz lembrar que ainda estou a usar o meu poder, o que o tento parar rapidamente. As suas sobrancelhas arqueadas e a sua cara de frustação estão bem marcadas na sua cara. Não era preciso poderes para perceber que não estava contente com o que acabou de ver.

Entro para dentro mas quando me tento explicar ele atropela-me.

"Qual é a tua cena? Não te percebo." Diz ao tirar as luvas de box, atirando-as para o chão.

"Juro que não fiz por querer, já sabes que não consigo controlar o meu poder."

Ele risse ironicamente. "Estavas literalmente-" ele aponta para a entrada, aonde primeiramente me tinha visto. "Não interessa... O que é que querias de mim?" Ele olha para mim com um olhar permanente e sério.

"Estou a falar a sério, eu sei o quanto não gostas disso, desculpa..."

Ele apenas desvia o olhar, abandando a cabeça negativamente.

Reviro os meus olhos ajeitando o meu cabelo para mim, numa forma de dispersar o que sinto. Nunca acreditava em mim quando tem haver com o meu poder.

"Queria saber como estavas... Não te tenho visto, nem eu nem o Sky..."

"Como podes ver estou perfeitamente bem... Até férias tenho." Responde e noto um pouco de ironia na última fala.

"Não pareces que as queiras..." Aponto com a minha cabeça, para o saco de box.

Ele risse. "Férias quando os queimados continuam lá fora parece-me uma boa ideia, não achas?" Diz ao tirar a sua espada de dentro da sua bainha.

"Não achas que também mereces descanso? É bem merecido." Digo a obversá-lo com os meus braços cruzados.

"Outro que pensa igual... mas não interessa..." Dá de ombros. "Daqui a uns dias já estarei no terreno outra vez."

Mas ele não estava no seu melhor. Os círculos pretos debaixo dos seus olhos contavam outra história.

"Riven... acho que devias de prestar mais atenção em ti."

Ele não me responde apenas começa a treinar com a sua espada como se estivesse a treinar com um inimigo imaginável.

"Riven?" Chamo.

"Podes ir, não tenho mais nada a dizer."

"Mas tenho eu." Digo ao me por em frente a ele que quase me acerta sem querer. Respiro de alívio.

"Estás maluca?" Olha-me com choque estampado na cara.

"E tu queres me ouvir? Pára um segundo se faz favor."

Ele revira os olhos. "Se o teu plano é tirar-me fora do sério, está a resultar." Vira-me as costas.

"Resulta porque não estás em ti. Esses teus olhos dizem tudo, não tens dormido o suficiente." Evidêncio.

"Vais fazer de minha mãe agora?" Vira-se para mim. Olhar arrogante. "Obrigado, mas sei tomar bem conta de mim. Agora se faz favor, vai-te embora." Mas rapidamente aquele olhar tornou-se uma mistura de arrogância e angústia. Claramente que ainda continuava zangado, mas não era por causa de mim, era por outra razão. Talvez fosse mesmo pelas missões, mas não conseguia deixar de pensar naquela outra questão.

"Nem antes andavas assim, porquê agora?" Pergunto, tentando obter algo mais.

"Musa, esquece, vai." Ele diz saindo da minha beira.

Dou voltas à cabeça sobre o que o poderia o estar a afetar. Uma questão permanecia em primeiro e só queria saber a verdade, a verdade de que não fosse verdade.

"Tem alguma coisa haver com a Beatrix?"

FragmentoOnde histórias criam vida. Descubra agora