Capítulo 15

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Capítulo revisado em: 01/02/2023

***

Katsuki estava lívido. Todas as palavras lhe fugiram à mente enquanto encarado por aquela moça bonita, que, por não ter tido sua pergunta respondida, agitou-se.

— Mas o que está acontecendo aqui? Onde está o Izuku?

Katsuki sentiu um mau presságio, daqueles que se sente quando tudo vai bem e, segundos depois, cai por terra. Exatamente quando algo que não deveria acontecer, acontece.

De mente irreflexiva, ele estava prestes a inventar alguma explicação cujo enredo ele já sabia que seria sem pé nem cabeça quando uma voz o impediu:

— T-Toga-san!

Deku estava ali. Seu rosto exibia o assombro mais cru que Katsuki já vira.

— Mas, o-o que... quando...

— Izuku! — exclamou a moça, aliviada. Ela adentrou o apartamento sem nem pedir licença e aproximou-se dele. — O que está acontecendo, Izuku? Não estou entendendo nada. O que o Bakugou Katsuki está fazendo aqui?

Deku era só tensão e agonia. Katsuki engoliu em seco. Ainda havia tempo de bolar alguma coisa, dar a desculpa que fosse, mas nada lhe vinha. Para sua sorte, entretanto, Deku parecia ter botado o cérebro para trabalhar, pois ele logo interrompeu a moça; voz trêmula, mas, ao mesmo tempo, firme.

— Toga-san, você veio de carro? — Ela hesitou com a pergunta, mas assentiu. Os ombros dele relaxaram um tantinho com a informação. — Olhe, vá indo para o estacionamento que eu já te alcanço. Vou trocar essa roupa e... podemos tomar café em algum lugar, que tal? Eu prometo que vou explicar tudo para você, ok?

O medo de Deku era palpável enquanto aguardava a resposta dela. Ele sabia que era arriscado deixá-la ir, todavia, não dava para sair de casa de pijama. Felizmente, a tal Toga acabou concordando com o café e, enquanto era acompanhada até a porta, lançou um rápido olhar na direção de Katsuki, mas não disse nada.

Com a saída dela, Deku não perdeu tempo: disparou para o quarto. Katsuki, cujos pensamentos túrbidos o retiveram no local por um minuto inteiro, finalmente despertou e se dirigiu ao corredor. Foi até o quarto de Deku, cuja porta aberta exibia a agitação que ocorria lá dentro; o estilista acabara de substituir a calça do pijama por um jeans e agora colocava um moletom azul por cima da blusa de flanela. Vê-lo daquela forma despertou, em Katsuki, lembranças de sua primeira semana ali.

— Ela é da Torino, né? — fez a pergunta que, àquela altura, já sabia a resposta.

Katsuki havia juntado todas as peças daquele quebra-cabeça. A impressão de familiaridade em relação à loirinha não foi à toa; lembrava-se agora de já tê-la visto algumas vezes na Torino. A área que ela atuava não lhe era relevante, mas, diante da inquietação de Deku, sabia que a colheita que aquele segredo semeou parecia, enfim, ter dado frutos desastrosos.

Ela era alguém da Torino. E pessoas da Torino eram as últimas que deveriam saber a verdade.

Deku não lhe respondeu — talvez nem tivesse escutado. Atribulado, ele passou por Katsuki e voltou à sala. Katsuki o seguiu e o observou apanhar o casaco de inverno do mancebo e começar a vesti-lo desajeitadamente.

— Eu vou tentar resolver isso — disse ele, voz ansiosa, mas, de certa forma, positiva. Determinada. Os olhos verdes fitaram Katsuki uma última vez enquanto ele colocava um gorro preto sobre os cachos amassados. — Volto logo.

E bateu a porta. Katsuki, sozinho naquele apartamento escuro em decorrência das luzes apagadas, notou que o ar parecia mais frio do que antes. Voltou à cozinha enquanto, impotente, massageava a nuca. Serviu-se do café da manhã sozinho, mas não ligou para isso e nem para o fato de ele, àquela altura, já estar frio. Comeu a parte de Deku também, visto que ele provavelmente iria a alguma cafeteria com a loirinha. Embora a quantidade de alimentos que costumava ingerir fosse regrada, Katsuki resolveu relevar dessa vez, usando a desculpa de que não devia desperdiçar comida.

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