Capítulo 9

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Capítulo revisado em: 20/12/2022

***

O ateliê da casa de Midoriya estava, sem palavra melhor, um caos.

Na correria em executar os processos da confecção do traje que ele apresentara à equipe dois dias antes, o som das máquinas de costura sobrepunha-se aos "clic" dos grampos e aos cortes em tecidos de coloração dourada e pastel. Também, a concentração de vozes atulhava cada canto do recinto, equiparando-o a uma verdadeira barafunda.

— Midoriya-chan. Pega a tesoura de ponta que está atrás de você, por favor? — Asui, ocupada com a costura tanto maquinal quanto manual, sequer olhava o amigo quando fez o pedido.

— Merda, isso não vai dar certo. — Num suspiro desistente, Sero afastou-se de uma mesa que dispunha várias texturas e teias e, com o antebraço, secou o suor da testa. — Cadê o Mineta com os tecidos, hein?

— Ele acabou de mandar uma mensagem — comunicou Aoyama com voz doce. Plenos, seus olhos índigos estavam fixos em uma cópia do esboço do traje, queixo sustentado pelas duas mãos. — Parece que ele já tá chegando... Ah, não vejo a hora de idealizar o penteado perfeito que deixará essa roupa bien plus cin-ti-lan-te!

Sero resmungou algo e puxou uma prancheta que possuía um gráfico com vários dados.

— Epa. Vamos ter que medir isso daqui de novo — informou ele e olhou ao redor. — Bakugou, chega aqui. Precisamos tirar as medidas do seu quadril outra vez. Midoriya, cuida disso pra mim, beleza? — Ele voltou a verificar o gráfico.

Midoriya, que auxiliava Asui na costura, respondeu que o faria e levantou-se, mas foi brevemente interceptado por Hatsume, que enfiou as mãos cheias de echarpes na cara dele.

— Qual dessas você acha melhor, hum? Vamos, diga! — perguntou ela, excitada.

Ele analisou-as e, após uma pequena sucessão de murmúrios ininteligíveis de sua parte, indicou uma de tonalidade pastel, escolha prontamente acordada pela moça. Midoriya parecia divagar com seriedade quando metido em situações em que precisava encontrar a melhor solução para algo; Katsuki, nas poucas vezes em que desviou a atenção do celular para espiá-lo em sua labuta, notara isso.

Bufou. Não que seu descontentamento adviesse de algo relacionado a Midoriya; só acontecia de Katsuki já não aguentar mais ser chamado para tirar aquelas porcarias de medidas.

Ergueu-se da mesa onde estava largado e se dirigiu ao centro do ateliê. O cenho, automaticamente franzido, não escondia sua perplexidade ante a situação do lugar. Não que lhe fosse alguma novidade, afinal, em seu início de carreira na indústria teen, Katsuki tivera de compartilhar muitos ateliês e camarins com outros modelos, e, na boa, era sempre uma bagunça desgraçada lá. Entretanto, ali e agora, não havia como ter outro cenário para a confecção daquele traje senão a bagunça que tinha diante de seus olhos. A situação da equipe não era nenhum mar de rosas, visto que estavam bastante atrasados.

Desde que Midoriya formulara a ideia do traje e a passara rapidamente ao papel e, então, ao meio digital, se alguém duvidara alguma vez do comprometimento da equipe, teve de repensar tal julgamento. Encarnando os profissionais que eram, cada um mergulhou de cabeça em seu devido setor e trabalhava a todo vapor para compensar o tempo perdido. Eles garantiram-lhe que sim, daria tempo de o traje ficar pronto, mas para isso precisariam trabalhar "feito condenados". Faltavam quatro dias para a primeira etapa do concurso abalar a indústria da moda japonesa, e ninguém se dava ao luxo de descansar. Todos os dias os membros da equipe chegavam cedinho e só iam embora bem tarde. Em compensação, o trabalho caminhava para frente.

De volta à algazarra no ateliê, Katsuki despertou ao chamado por seu nome. Girou a cabeça e deparou-se com olhos esmeraldas o encarando de volta. Expressavam um perfeito nivelamento de pressa e paciência. Nas mãos, Midoriya carregava um rolo de trena e um canetão preto.

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