O Desagrado.

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	Ano de mil quinhentos e cinquenta

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Ano de mil quinhentos e cinquenta.

Mais uma manhã de tantos e tantos anos. Para a Young, de nada valia ter para si a eternidade se estava fadada a existir em uma rotina. Uma rotina extensa, enfadonha, desinteressante, maçante, tediosa e todos os demais sinônimos que poderiam definir os dias da mulher como insípidos e sem qualquer divertimento. Era uma mulher de cento e cinquenta e nove anos que exercia as mesmas coisas desde que havia adentrado para aquela tal Ordem dos Originais.

Era um período longo demais para ser sempre designada para os mesmos deveres. Estava cansada de seguir regras que não a agradavam, queria dar um movimento maior para sua vida sem fim. Havia sido transformada aos seus vinte e cinco anos, entrado para aquele clã aos vinte e sete, resultando assim em longuíssimos cento e trinta e dois anos integrando aquela sociedade extremamente hierárquica.

Era considerada pelos demais membros do clã como uma Paladina, classe esta que estava no topo das categorias inferiores, sendo também chamada de inferior-superior. Em outras palavras, ser uma Paladina significava que era uma transformada pela classe superior e que possuía uma vantagem, além das habilidades gerais de um vampiro qualquer. E ainda que, dentro de seu clã, fosse a segunda classe na hierarquia, ali estava ela, andando pelas ruas do vilarejo central do reino mais próximo.

O agastamento fazia isso consigo,mesmo sabendo que não era muito recomendado andar por aquele lugar, ela o fazia de qualquer forma. O preço da eternidade tediosa era este, afinal. E em épocas tão sombrias como aquela em que vivia, tudo parecia ainda mais desprazeroso. A igreja estavam em ascensão, com toda sua força, como carniceiros em busca de uma presa suculenta. E em sua maioria, mulheres devassas e desvirtuadas.

Que, também, em sua maioria, eram apenas mulheres comuns.

– Muitíssimo bom dia, graciosa donzela! – Um rapazote abordou a mulher mais velha, retirando minimamente a boina que usava em sua cabeça, cortez.

Elegantemente, a Stephanie sorriu delicadamente, pondo uma de suas mãos sobre o peito e a outra, graciosamente, segurou a lateral de seu vestido branco, erguendo-a minimamente e curvando-se de modo sutil, em um cumprimento delicado. Vendo o frangote afastar-se, se permitiu rolar os olhos. Era apenas mais um garotinho que mal havia saído do berço. Os séculos se passavam e os homens permaneciam os mesmos.

Estava ali para rondar a cidade, informar-se sobre os últimos feitos do Clero junto à nobreza, saber se o vilarejo estava a salvo de outros clãs e coisas do tipo. Aquele era o único movimento que sua vida exercia e o lugar onde as informações circulavam livremente era justamente o que estava por se aproximar naquele exato momento, que mesmo de longe, já podia ouvir a balbúrdia de vozes e mais vozes embaralhando-se em sua mente. Isto é, o mercadejo do lugarejo.

Aproximando-se mais das pequenas bancas que exibiam legumes, verduras, frutas e pães frescos por todos os lados, alcançou uma em específico que exibia lindas maçãs, uvas e demais frutas. Sorriu fechado para o homem do outro lado do balcão de madeira de sua tenda, que, tal qual o frangote de minutos atrás, ergueu sua boina desgastada pelo uso. O homem era sempre muito simpático, desfrutava de um bom humor pelas manhãs que Stephanie simplesmente não conseguia entender.

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