Jessica saiu do cômodo ao ver-se farta daquela cena. Não era como se fosse sua obrigação ver Stephanie delirar naquelas condições tão terríveis, afinal, era apenas uma subjugada. Não podia fazer nada para ajudá-la naquele momento, e estar presente vendo outras criaturas serem muito mais prestativas do que costumava ser, foi o seu fim.
Sabia que não era tão difícil ser facilmente substituída naquelas situações, por não ser - ou ter propriedade - especial como as outras criaturas que a cercavam, mas mesmo assim, o sentimento de incompetência crescia como uma fera dentro de seu peito. O que pensaste? Que milagrosamente teu sangue moribundo a salvaria? Tu és mais burra do que pensaste, Jessica.
Não podia descrever os sentimentos que passavam como um redemoinho violento por seu peito, pois foram tantas coisas em tão pouco tempo, que confessava para si mesma que ainda estava tentando assimilar cada acontecimento.
Primeiro, Stephanie voltou para casa após ter salvado sua vida mais uma vez, e logo em seguida, a vampira alimentou-se de si como nunca havia feito antes. Algo havia mudado ali, e a ruiva sentiu isso. O aperto das mãos de Stephanie contra sua pele, a fome voraz que a consumia, a rapidez com que seu sangue fluiu ao que as presas da mesma fincaram-se em seu pescoço... tudo estava muito diferente do habitual. Amaram-se, como nunca antes.
Segundo, mais cedo do que a ruiva pudesse esperar, Stephanie partira. Sentira o peso da mesma desvincular-se da cama em seu sono, sabia que a mesma tinha outros compromissos, mas não imaginou que sairia tão rápido assim. E quando retornou... bem, tudo aconteceu. Havia retornado, ferida, acabada. Parecia que a eternidade não lhe cabia mais.
E como um lembrete constante em sua memória, MinJeong, a vampira noviça.
Apreciava a boa vontade de Stephanie de querer construir um novo clã, de constituir novas leis e dogmas para aquelas criaturas sanguinárias, era realmente muito nobre de sua parte. Era como colocar um significado importante em sua vida imortal, mas... não era como se Jessica tivesse a obrigação de entender esses princípios maiores. Não fazia parte daquele mundo, então, por que a envolver tanto nele se isso apenas a machucava?
Quando humildemente pediu a Stephanie para transformá-la, a resposta veio como um balde de água fria no topo de sua cabeça. Por que não a transformá-la? Por que não a ter pelo resto da imortalidade? Stephanie disse uma vez que não desejaria a ninguém levar uma vida eterna, assim como também dissera que o que tinham por agora era suficiente. Que ser sua subjugada era um elo ainda mais forte que o laço da eternidade.
Mentiras! Seu subconsciente gritou. Seus ombros automaticamente murcharam, mentiras sujas e bobas! E seu interior estava certo. Que elo era maior do que viver eternamente nas mãos de quem ama? De quem chorou de joelhos, implorando por mais uma mísera chance? Não tinha serventia alguma para a Young, era apenas uma humana, era apenas alimento e - por suas palavras - um belo rosto. Que mais teria a oferecê-la além de sangue?
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Cold Blooded
FanficStephanie Young, ano de 1550, séc XVI. Condenada a ser uma criatura sanguinária imortal de sangue frio. Tudo que tinha era uma sede incontrolável de mudar o destino de sua eternidade, antes que sua mente pudesse envelhecer mais rápido que sua carne...