Mostrarei o Inferno Abaixo de Ti.

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A ruiva caminhava em passos largos até longe da residência

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A ruiva caminhava em passos largos até longe da residência. Muitas coisas invadiam sua cabeça durante todo aquele dia turbulento que havia passado, e um dos pontos mais importantes, Stephanie e seus feitos. Em uma noite, prometera fins e recomeços, utilizou-se dos toques para amaciar a comida principal; na manhã seguinte, uma criatura. Sangue por toda a roupa, expressões enraivecidas e olhos que gritavam sua ira interna.

Não a reconheceu. Não entendeu o porquê de tudo aquilo.

Jessica era uma menina simples, das ruas. Passou por muita coisa em sua pouca idade, aprendeu a se virar sozinha, mesmo nos dias de miséria. Mesmo que a fome a corroesse, ela se mantinha acordada e viva. Quase viva. Mais uma vez, fora arrancada de um mundo de sonhos, um mundo onde imaginou um futuro. Um mundo que Stephanie arquitetava com suas unhas compridas e seus lábios vermelhos.

Os dias se passaram preguiçosamente quando estava nos domínios da vampira, e era bom ter uma perspectiva de tempo. Era bom imaginar-se como uma pessoa, de fato, e não uma indigente qualquer onde seu corpo morto não valesse sequer uma moeda de bronze. Stephanie costurou uma esperança que correu livre pelos finos caminhos da sua nova vida, mas de repente, rasgou-o como se não passasse de trapos velhos. Como uma tecelã amargurada com seu trabalho.

Acreditou nas palavras da mulher, e mesmo sabendo que algum dia aquele mundo de contos de fadas que a vampira planejou para si se tornasse ruínas, ainda tinha uma fina linha de esperança debaixo dos nós dos dedos. E segurava aquela linha como se sua vida dependesse daquilo para continuar. Queria trazer a Stephanie daquela noite de volta para si, com urgência e medo.

A vampira queria constituir um clã, e Jessica não entendia a importância daquilo, mesmo que a Young deixasse que adentrasse cada vez mais naquele mundo sombrio. Era como uma grande guerra política, e a ruiva não passava de uma mera servente nos braços da rainha. Desejas uma taça de sangue, condessa? Seus serviços não passavam de meros lisonjeios para a criatura, que tinha tantas outras opções além de si.

Para constituir um clã, pessoas tinham que morrer. Tinham que se transformar. Jessica não estava pronta para isso, e ao ver uma menina morta nos ombros da criatura-mulher que lhe dera sentido para a vida, muitas coisas reviraram a cabeça da ruiva. Uma dádiva de sangue, a morte em troca da vida. A Jung não conseguia imaginar o quão ruim aquilo poderia ser. Quantas outras pessoas pagariam aquele preço horrível?

E Jessica estava cansada. Frustrada, na verdade. Em alguns momentos, Stephanie se mostrava mais humana que si mesma, e em outros, um monstro. Pronto. Não gostava de chamar a mulher daquela forma, mas naquele momento estava sendo muito útil chamá-la assim. Só um monstro era capaz de fazer promessas falsas.

É desumano, até mesmo para mim, que me alimento de inocência. As palavras da vampira voltaram para sua caminhada noturna. Sua fuga. Mas o que a ruiva tinha na cabeça em acreditar naquelas palavras? A própria vampira disse que eram tempos diferentes, existiam outras ameaças e outras criaturas. Eles precisavam de força e, na noite de lua cheia, a ruiva notou o quanto aquela luta era desproporcional para o lado dos vampiros. O medo que a consumiu naquela noite fora implacável.

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