Oferto-te Este Cálice de Sangue.

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 Edgar sabia o que havia acontecido, havia sentido a presença da ruiva, mas nada fez para impedir suas ações. Queria ver até onde a sede por sangue iria. Não fez nada até que os demais soldados ficassem alarmados com o fogo que se alastrava por toda a Catedral, e não demorou para que os mesmos corressem com baldes e mais baldes d'água, a fim de conter o incêndio. Sabia que a presença da Jung no vilarejo era uma afronta ao controle que tinha sobre todas as outras criaturas, nenhum ser com a menor preocupação com a própria vida se arriscaria tanto.

Mas a ruiva aparentemente não ligava para isso. Nem quando era humana, muito menos depois de transformada. Havia sentido o odor da raiva e o cheiro forte de sangue permeando cada centímetro daquele vilarejo. Como se já não bastasse a enorme perda de seus soldados, de noventa homens, oitenta e cinco foram mortos na ida ao Coven da bruxa Suprema. Cinco retornaram gravemente feridos e estavam internados. Mas estes haviam notificado ao Sumo Sacerdote que havia desaparecido do campo de batalha pouco depois de ter assassinado a jovem ruiva e que esta havia tornado a viver, aniquilando seus companheiros de missão.

Havia sido comunicado que deveria comparecer no dia seguinte à uma reunião entre os Líderes Supremos do Clero e da Corte Real, incluindo o Rei, devido ao seu descuido. Aparentemente Jessica havia piorado a situação para si, uma vez que sentia de longe aquele cheiro de sangue falsamente puro. Não era segredo que Edgar desejava a morte do Sumo Sacerdote, mas... aquele definitivamente não era o momento.

Acompanhou os fiéis e quando o fogo foi contido, um dos soldados gritou horrorizado ao ver a cena hedionda do líder religioso preso à cruz. Edgar que estava um pouco distante, viu a cena e por mais que admirasse a crueldade, não poderia estar mais furioso com aquela garota. Maldita ruiva asquerosa, me certificarei de fazê-la sofrer em sua morte. O homem pensava com os dentes trincados, enquanto ouvia a pele restante que segurava a cabeça do homem ainda presa ao corpo se rasgar lentamente devido ao peso desta.

Não demoraria muito até que a cabeça do homem estivesse caída juntamente das muitas imagens religiosas estilhaçadas ao chão. O sangue escuro que banhava a espada pertencente ao homem morto denunciava que tipo de criatura havia feito aquilo, o pescoço semi-degolado não significava muito, pois até mesmo fadas poderiam arrancar a cabeça de um humano tolo, se assim quisesse.

Mas havia apenas uma criatura com sangue negro como o infinito. E esta era a razão para estar sempre distante de seus súditos quando brincaria com qualquer que fosse sua presa. Se Stephanie tivesse o encontrado e surrado-o na frente de seus soldados, seu disfarce iria por água abaixo. Jamais poderia fugir ou desviar dos ataques de um vampiro se ainda quisesse manter o disfarce, devido a rapidez. E jamais suportaria o ataque de um se fosse humano, devido a força, além de que seu sangue ficaria em evidência.

O clã de Stephanie era rebelde demais para o gosto de Edgar. Enfrentavam muito e zombavam na cara do perigo. Eram nervosas, impulsivas e levadas facilmente pela emoção, e isso as fazia parecer tão meramente humanas. Até mesmo Jessica, que estava com a humanidade desligada. Não passavam de crianças insolentes diante de si, diante de seus planos e diante do futuro que lhes aguardava. Eram estúpidas, e por serem dessa forma, era difícil prever seus próximos ataques.

Sabia que as criaturas poderiam atacar de volta, traçar aquele rumo caótico das situações e, talvez, mexer com a cabeça do rei e da rainha, principalmente tendo JooHyun como a mais nova vampira das terras, por isso, decidiu conciliar com o rei sobre um toque de recolher, sabendo que - especificamente - vampiros não podiam adentrar lugares nos quais não foram convidados. Haviam algumas exceções, como a catedral, onde não havia morador algum, mas Edgar não contou com a sagacidade daquela maldita ruiva.

Cold BloodedOnde histórias criam vida. Descubra agora