A Dor da Verdade.

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 Todas estavam reunidas naquela sala, com o mesmo semblante e aquela mesma aura perigosa pairando no recinto. SooYoung, MinJeong, JooHyun, NingNing e Yuri. A Kwon, em específico, parecia comprimir suas verdadeiras emoções em um único semblante neutro, perigosamente inafetado. Estava sentada na poltrona onde a vampira Elite costumava ler para passar o tempo, e suas unhas compridas estavam afundadas no couro. Nenhum sinal de Jessica naquele lugar.

Stephanie paralisou em seu lugar, de frente para aquele show de horrores. Havia muito o que ser discutido, mas a expressão silenciosa da Suprema parecia devorar suas perguntas. Surpreendentemente, a primeira a dar um passo para frente fora NingNing, mantendo suas feições imparciais como se não tivesse comprado lado algum naquela briga. Como se realmente pouco importasse a ausência de mais uma ali. A Young quase acreditou, mas não podia dar o braço a torcer.

— Edgar quase conseguiu matar-me. — A Paladina se pronunciou, antes que qualquer uma ali a contestasse. — Por isso não pude ajudar. Pensei ser mais... forte.

— É ótimo que estejas viva e a salvo, Stephanie, mas creio que saibas que tua atitude fora imatura e inconsequente. — A jovem bruxa dissera.

A vampira piscou os olhos algumas vezes, logo soltando uma risada incrédula e trocando o peso do corpo para outro pé, sentindo um pouco do mal estar que a verbena que ainda circulava em seu sangue lhe causava. As palavras da jovem bruxa realmente a surpreenderam por serem tão rápidas e diretas. Sequer houve tempo de raciocinar, apenas engolir as palavras e ver que nenhuma ali ousou retrucar. Nem mesmo Taeyeon.

— NingNing, sinto-me orgulhosa de ver-te crescer tão sabiamente, porém, tu não és ninguém para educar-me. Tu ainda és criança aos meus olhos, não conheces nada. — Seu tom era calmo e cuidadoso, mesmo com uma pontada de acidez.

— Não justifique-se com tuas vivências, senhorita. Conheço-te desde que entendo-me por bruxa, e respeito-te muito. — NingNing dizia tão calma quanto a Paladina. — Contudo, deves usar essa tua sabedoria para que não corra perigo de vida pela próxima vez. Tu recebeste exatamente o que lhe era justo, de acordo com tuas ações.

Os olhares pesaram sobre a Young e a vampira teve que trincar o maxilar para não dizer nada mal educado naquele momento. Estava magoada por ser recebida daquela forma, mesmo depois de uma experiência de quase morte pelas mãos daquele maldito vampiro ditador. Se não fosse por Taeyeon, ainda estaria agonizando até a morte naquela floresta, pois MinJeong, JooHyun e Jessica não estavam lá.

Não era justo. Não consigo. Não depois de tantas dores e sacrifícios. As criaturas ali presentes estavam agindo como se ela fosse a culpada por todos aqueles infortúnios e, por mais que estivesse errada por ter ido atrás de Edgar sozinha, fora MinJeong que pedira para que fosse atrás do homem. Não pensou naquilo sozinha, então não podia ser punida sozinha, sequer posta contra parede sob olhares acusadores.

— Ninguém aqui está acusando-te, Stephanie. — A jovem bruxa pendeu a cabeça levemente para o lado. Era de se suspeitar que a mesma estivesse ouvindo seus pensamentos. — Entenda, estivemos preocupadas com tua imortalidade, porém, não podemos defendê-la perante um ato tão impensado. MinJeong confessou que havia pedido para que fostes atrás de Edgar, mas... — Fez uma expressão curiosa e um pouco pesarosa. — Tu és a líder desta revolução. Não MinJeong.

— Por Deus, não estou justificando-me! Só... gostaria de um tempo para descansar. Todas aqui presentes sabem o quão difícil é estar em meu lugar. — A Young tinha uma expressão dolorosa e um pouco decepcionada. — Pensei que estivesse pronta para liderar este clã, mas olhe só para mim. Sou uma piada. — Cuspiu, cansada.

— Stephanie, recomponha-se. — A voz cordial de SooYoung se fez presente, mas a Elite sequer se moveu. — Não estamos nos tempos mais justos deste mundo, minha cara, não exija descanso enquanto criaturas estão sendo mortas. Tu tens de ser madura como dizes que és e encarar teus temores frente a frente. — Seu rosto era imparcial. — Tu sabes que muito admiro-te, mas é justamente por esta admiração que tenho que digo estas palavras a ti. Sou tua amiga e conselheira, minha missão é guiar-te e ajudar-te no que der e vier, mas jamais defenderei-te caso estejas errada.

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