A vida no palácio real do vilarejo era, definitivamente, pacata demais.
JooHyun não gostava muito da realeza, muito menos da realidade de ser uma princesa. Tinha muitos compromissos, desde muito nova. Aulas de etiqueta, roupas finas e corset que eram, em sua maioria, obrigatórios para si. Loções caras que mais fediam do que perfumavam, fora todas aquelas jóias sem fim.
Sabia perfeitamente que não podia ser daquela forma, afinal, haviam pessoas - dezenas, centenas delas - que morriam pelas condições precárias do vilarejo. Recusar um privilégio tão grande como aquele era um ultraje, mesmo que seu posto como princesa fosse uma grande e extensa lista de afazeres desinteressantes. Ainda sim, agradecia por não estar morando nas ruas.
Considerava-se uma pessoa bondosa, generosa e tinha a plena noção de que havia muita compaixão guardado consigo em seu coração. Seu arsênico diário era os mandatos do rei, que em outros termos, era seu próprio pai. Um homem completamente contrário de si, pois era a pessoa mais fria, egocêntrica e hipócrita de todo o reino. Ou mais do que isso, bem mais do que isso.
O homem era um verdadeiro carrasco. JooHyun havia perdido as contas de quantas - milhões - de vezes havia ouvido as sentenças sem sentimentos algum de seu próprio pai. Caçar mulheres indefesas, matar homens comerciantes apenas por exercer sua função de uma forma limpa e justa, negligenciar medicamentos para criancinhas adoecidas. Tudo isso vinha de seu pai, e claro, da supremacia da igreja.
A princesa não se considerava uma pessoa religiosa, mas era obrigada a manter um terço nas mãos e um crucifixo de ouro no peito. Caso contrário, não tinha dúvidas de que seu pai mesmo a colocaria na forca. Sabia como o homem era, e sabia o quanto sua amargura era cruel. A igreja apenas piorava seu lado maligno, mesmo que não assumissem aquilo. Esta era a função do Clero, afinal de contas.
Se o rei era um homem tão desprezível, a rainha era, assim como a princesa, seu oposto. Dona de uma bondade infinita, de uma paciência na qual JooHyun sequer conseguia medir, assim como a inteligência e a coerência que tinha, que a fazia ser uma grande conselheira. Infelizmente, não tinha poder algum pelo reino, nem mesmo pelo rei.
Casaram-se muito novos, na verdade, tinham uma grande diferença de idade. Sua mãe casou-se com dezesseis anos, e seu pai já tinha os seus vinte e sete anos. Era gritante e revoltante, tendo em vista que uma garota de dezesseis anos ter que se casar por obrigação com um homem já adulto, era tão nojento quanto imaginar a relação íntima de ambos. E sobre essa questão, JooHyun nunca perguntava.
Com relação a casamentos, a princesa estava em uma grande enrascada. Tinha sido prometida a um duque, do reinado de Aumont. Não conhecia o homem, mas sabia que ele tinha seus trinta e três anos, e também sabia que essa diferença de idade só era existente por conta do dinheiro e das forças armadas que o príncipe tinha e herdaria, quando se tornasse o rei. Seu pai, o rei de Aumont, já estava velho demais para governar, e queria que seu filho primogênito recebesse logo sua coroa, logo após a cerimônia de casamento.
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Cold Blooded
FanfictionStephanie Young, ano de 1550, séc XVI. Condenada a ser uma criatura sanguinária imortal de sangue frio. Tudo que tinha era uma sede incontrolável de mudar o destino de sua eternidade, antes que sua mente pudesse envelhecer mais rápido que sua carne...