A fase mais difícil

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Me tornei uma pessoa que se adapta fácil as várias fases da vida.

Mas agora eu tinha que me adaptar para a fase mais difícil de todas, a fase que eu não tenho meu pai do meu lado, ao meu futuro sem ele.

Arrumo as alças da mochila em meus ombros enquanto caminho pelo curto corredor do avião indo em direção a porta de saída, a mochila parecia pesar uma tonelada. Peso totalmente desproporcional a pouca quantidade de roupa que tem dentro dela, porém. Eu sabia que não era o peso da bagagem que pesava tanto e sim as lembranças que eu trazia comigo,

Coloco os óculos escuros no exato momento em que piso no primeiro degrau da pequena escada que me levará para a terra firme, olho para a pequena multidão que está enfrente. Com cartazes que tem nomes de parentes, conhecidos ou seja lá o que for.

Ao ver aquelas pessoas, a vontade que tenho é de rir, pois, eu nem lembro o rosto da minha mãe, mas também quem pode me julgar?

Eu vi ela a última vez eu tinha 7 anos, já se passaram 10 anos desde então.

Desço os degraus e escaneio os cartazes para ver se encontro meu nome, mas quase caio quando alguém joga os braços encima de mim fazendo eu dá um paço para trás com o impacto e o caralho do susto

Mas que porra?

Respiro fundo e tento afastar os braços de quem está me abraçando com tanta força, o cheiro é familiar mas eu não consigo lembrar em que lugar foi que eu sentir, ou em quem.

- Raika minha filha!

Minha mãe

Me afasto e olho para a mulher que me deu a vida, meu pai dizia que eu parecia muito com ela fisicamente mas que a personalidade era dele igualmente como a cor dos cabelos

Eu tenho os cabelos negros dele mas o nariz, boca, e as curvas do corpo são dela.

A única coisa que não puxei a eles é a heterocromia que é uma condição rara em que os olhos apresentam cores diferentes, no meu caso eu tenho o olho esquerdo verde e o direito castanho claro em um tom parecido ao mel.

- Oi mãe.

Eu deveria está entusiasmada com o encontro da mesma forma que ela está, porém não estou, na verdade eu queria está em qualquer lugar bem longe daqui.

Minha mãe olha ao redor procurando o restante das minhas coisas mas eu não trouxe nada além de uma mochila preta com algumas mudas de roupas, o esqueiro e o medalhão de meu pai, as duas coisas que ele não desgrudava por nada na vida e que agora eu herdei e também não irei desgrudar!

- Estou tão feliz que você está aqui, você cresceu tanto e está tão linda!

Dou um sorriso sem mostrar os dentes e começo a andar, incentivando ela a me mostrar o caminho que devemos seguir ela segue do meu lado e a sensação de que tudo está errado não me deixa, era para o meu pai está andando no lugar dela

Solto um suspiro tentando afastar essa sensação e deixo que ela continue a falar animada sobre as coisas que ela acha que eu irei gostar de fazer aqui ou os lugares que devo conhecer e que ela me levará

Travo os pés no chão quando vejo uma enorme limosine branca parada na direção em que ela está andando, qual a necessidade?

Porra, eu tenho milhões em minha conta dos trabalhos que fiz nesses dois anos, além dos milhões que herdei de meu pai mas não é por ter dinheiro suficiente para comprar a porra dessa cidade que eu preciso esfregar na cara de todas as pessoas ao meu redor, engulo os comentários que quero fazer e aceno para o motorista que abre a porta para que eu entre

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