Anônimo e mentira

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Inferno,

Já dormir em uma floresta dentro de um caralho de um saco de dormir que só tinha a alma de uma espuma mas não estou conseguindo dormir em uma cama enorme, confortável e quente.

Só pode ser brincadeira com a minha cara!

Soco o colchão com raiva e levanto, meus pés descalços em contato com o chão frio faz meu corpo arrepiar mas eu não ligo, vou até minha mochila e pego uma carteira de cigarro e o esqueiro, caminho até a varanda do meu quarto e puxo uma forte respiração fazendo com que o ar gélido acaricie meus pulmões,

Pego um cigarro da carteira e coloco entre meus dentes, apoio a mão enfrente a chama do isqueiro e acendo o cigarro. Puxo a nicotina com força e solto a fumaça devagar, dou um passo até a grade de proteção e apoio meus cotovelos no ferro, analiso toda a propriedade da mansão, alguns seguranças de ternos pretos caminham ao redor do gramado do jardim e outros na frente da mansão, levo o cigarro novamente aos lábios e puxo devagar jogando a cabeça para trás e assoprando a fumaça no ar, a cortina de fumaça dança no vento e desaparece pela escuridão da noite. 

Um ronco de motor chama a minha atenção e olho em direção ao portão no momento em que o carro de Charles entra na propriedade, ele estaciona entre os outros cinco carros de luxo que tem ali, descobrir que o marido de minha mãe é dono de uma concessionária, pelo pouco que percebi Paul é daqueles milionários que não tem pena de gastar com o que gosta, já minha mãe gasta por vício.

Charles abre a porta do carro e sai do veículo, a forma que ele começa a andar é estranha e eu franzo o cenho em confusão

Talvez ele esteja bêbado.

Dou de ombros e levanto a cabeça para o céu enquanto termino meu cigarro, quando a ponta vermelha já estava ameaçando queimar meus dedos eu apago e pego outro, mas um barulho na escada chama minha atenção e eu guardo novamente o cigarro na carteira, caminho lentamente até a porta e a abro um pouco, Charles está caminhando se apoiando nas paredes do corredor, uma mão segurando a costela, quando ele se aproxima da porta do meu quarto um cheiro familiar, porém. Que eu achei que não sentiria tão cedo chega até minhas narinas.

Ele está sangrando.

Abro a porta e ele toma um susto quando me ver, tenta concertar a postura mas já é tarde para fazer isso, eu deveria apenas fingir não perceber e deixar ele ir se foder. Mas eu sei o quanto é ruim para caralho cuidar de um ferimento sozinho e também estou sem sono

- Entre antes que mais alguém te note.

Analiso o rosto dele e vejo que há um corte na sobrancelha esquerda que é o motivo da lateral do rosto dele está coberto de sangue, além dos lábios dele estarem inchados, as roupas dele estão sujas e ele segura a costela como se a qualquer momento uma fosse cair

- Não precisa.

Cruzo os braços na altura dos seios e dou espaço para que ele passe, Charles me encara por alguns segundos até que finalmente entra

- Sente na cama.

Fecho a porta e caminho até o banheiro, mais cedo enquanto eu verificava o quarto notei que tinha uma caixa de primeiro-socorro no armário embaixo da pia, pego a caixa, molho uma toalha e volto para o quarto.

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