Princesa e ralé

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Você vai cometer erros. Vai tomar decisões e, às vezes, vai se arrepender dessas escolhas. As vezes não haverá uma escolha certa, apenas a melhor de muitas opções ruins.

- Rowan

Sinto os olhos de Will encima de mim, como também sinto o nervosismo corroer meu estômago, por dentro estou uma confusão. Porém, por fora estou com a máscara ilegível, fria, a máscara ausente de sentimento.

- Para que lugar estamos indo?

Ele questiona enquanto acende calmamente um cigarro e leva o objeto aos seus lábios, eu não o respondo, continuo com o olhar fixo na estrada, passo a marcha e piso no acelerador.

Faço uma curva fechada sem diminuir a velocidade e escuto o riso abafado dele e isso faz eu me sentir ainda mais nervosa, Will é a porra da minha alma gêmea, meu parabatai.

Ele não pode ser um rato.

Entro em uma estrada de terra e dirijo por alguns minutos até parar em um campo vasto, existia apenas uma enorme árvore e logo a pouco menos de 20 metros um precipício.

- O que viemos fazer aqui?

O olhar de Will queimava a lateral do meu rosto, enquanto eu abrir o porta-luvas e tirei de dentro o arquivo que Gian havia me entregado, ainda sem olhar para ele empurro os papéis contra seu peito e ele segura.

10 longos segundos...

- Você prescisa me ouvir, Raika!

Maldita resposta errada.

Solto um riso de escárnio, pego minha carteira de cigarros, esqueiro e saio do carro, levo um cigarro até meus lábios e acendo. Observo a vista e solto a fumaça pelo nariz, toda cidade de Berlim em nossos pés, as luzes da cidade se perdendo no horizonte e se conectando com as luzes das estrelas. Escuto a porta do carro bater e os paços dele em minha direção.

- Isso... Você precisa me ouvir, ok?

Perdi alguns segundos fumando e admirando aquela vista do caralho antes de responder:

- É o que eu mais quero, porra. Te ouvir, acreditar em cada maldita palavra que saia da sua boca, porque Will, o mundo irá queimar com nós dois juntos, se você não me convencer que essa merda é mentira.

Encosto o quadril no capô do carro e ele faz o mesmo mas continua lendo os papéis

- Me explique Will, o motivo de você ter aceitado o trabalho de matar sua companheira de equipe? A garota que você jurou cuidar e proteger?

Questiono olhando para ele, a fumaça do cigarro evaporando e indo embora no vento.

- Isso foi antes, antes de nos tornamos uma família. Raika, eu nem te conhecia!

Dou uma risada debochada com sua frase, puxo as folhas de suas mãos e procuro a parte que diz a data em que ele aceitou o trabalho, não me importando em pegar os papéis que caíram no chão no processo.

- Essa maldita data diz o contrário, você aceitou dez milhões para me trair? QUAL O CARALHO DO MOTIVO, INFERNO!?

Os olhos de Will se transformam em algo sombrio quando ele puxa o ar com força

- EU QUERIA MATAR VOCÊ, NESSE DIA. QUERIA CORTAR SUA GARGANTA!

Ele gritou e se eu não estivesse com o corpo apoiado no carro eu teria desabado.

Cortar sua garganta...

- Você tinha atirado em mim, porra. Tinha assumido o caralho daquela missão sozinha e eu só conseguia pensar no quanto você foi egoísta, no quanto eu te detestava.

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