Armadura e luta

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Poderosa, forte, firme, amada, adorada, linda.

É o que meu nome significa, uma vez perguntei a meu pai o motivo de em milhares de nomes ele tivesse optado por aquele, ele disse que no momento em que me pegou no colo, sentiu como se tivesse segurando uma deusa da guerra, que meus olhos refletiam força, destruição. Que eu iria ser implacável!

E quando você é alguém como eu, quando você cresce no meio do sangue, de sofrimento e dor, quando você é acostumada a andar pelo inferno, quando você já viu tudo de ruim no mundo. Você acaba criando uma casca, uma espécie de armadura ao redor de você mesmo,

Eu nunca fui uma pessoa sociável, nunca deixava que outras pessoas se aproximassem, achava eu que era pelo fato de que: Eu amava os treinos, odiava ir para escola mas adorava aprender o que meu pai tinha a me ensinar. Só que agora eu sei que o que eu fazia era me proteger, pois, quem conseguisse entrar no buraco negro que chamo de coração teria o poder de me destruir, de me destroçar.

É exatamente por isso que agora, olhando para Valentino eu me dou conta que tudo o que eu estou sentindo, a vontade agonizante de fazê-lo sangrar não é apenas por raiva, é também mágoa, decepção e saudades.

Esse era o problema, eu sou uma pessoa vingativa, não lembro de um tempo em que não estava a procura de vingança. Não falo apenas sobre a vingança pela morte de meu pai, falo das outras. As pessoas que eu infligia dor, que eu matava, já havia feito mal a alguém antes, e era esse alguém que eu vingança, fazia a pessoa se sentir duas vezes pior, e agora eu estava salivando para fazer Valentino pagar, fazer ele sentir o mesmo que eu sentir, para cobrar a dor que sentir quando acordei naquela manhã e ele simplesmente havia desaparecido depois de tirar minha virgindade, a dor que sentir ao procurá-lo e descobrir que todo o maldito tempo que ele passou comigo ele estava noivo, prestes a casar

Eu não o amava, pelo menos ainda não.

Eu sentia paixão, carinho. Era bom está ao lado dele, ele fazia eu me sentir livre, em casa. Meus demônios ficavam calmos, alegres.

Eu sabia que se ele tivesse ficado, que se ele não tivesse desaparecido sem ao menos me dá um tchau, ele teria hoje meu coração nas mãos, eu deveria agradecê-lo? Ou deveria odia-lo?

- Precisamos conversar...

Foi o que saiu da boca dele, eu mantive minha expressão serena, preguiçosa. Ele veria o que eu queria que ele visse e agora eu me recusava deixar ele saber que meu corpo ardia por ele, que essa atração louca ainda esta aqui, forte. Como da primeira vez que nos vimos, como da maldita vez que sentir o corpo dele no meu.

Não, ele não saberia. Pelo menos não agora!

Movimentei meus ombros, dando a entender que não dava a mínima para o que ele queria, ele me avaliava tentando me ler, mas se nem os melhores profissionais conseguiam, não seria ele que teria tamanha proeza,

- Não sei exatamente o que temos para conversar Valentino, tudo já foi dito!

Dei as costas para ele e caminhei de volta para mesa em busca do meu maço de cigarros, eu sempre deixava um nas gavetas, na verdade eu tenho certeza que em cada cômoda desse apartamento tem pelo menos uma caixa deles.

- Eu passei um maldito inferno nessas semanas Raika, você simplesmente desapareceu sem dá um maldito sinal de vida, eu vi você deitada no caralho de uma cama de hospital e então você sumiu.

Ele passou as mãos no rosto como se estivesse agoniado ao ponto de quase enlouquecer, e o maldito anel brilhou como um farol em meus olhos, peguei o copo com o resto de Whisky que estava na mesa e bebe todo o líquido forçando a sensação incômoda descer guela abaixo junto ao líquido ardente.

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