Almas para enviar

1.7K 203 44
                                    

48 horas,

Já haviam se passado dois dias que estou presa nesse lugar esperando o momento certo para fugir, meu corpo todo doía e queimava,

Já cortaram, perfuraram e queimaram meu corpo. Durante tudo não gritei ou chorei, fui treinada para suportar todos os níveis de dores, mas ser forte para aguentar não significava que eu não estava sentindo,

O efeito do gás anestésico junto com a quantidade de sangue que perdi está me deixando fraca e nauseada. Uma coisa que percebi é que eles estão se inspirando no que fiz com Trevor, vão fazer comigo o que fiz com ele e isso me dará tempo para me soltar, matar todos e conseguir ir embora daqui,

Da última vez que meu corpo cedeu e eu apaguei, acordei com um furinho em minha veia o que me fez perceber que eles me medicaram ou, aplicaram alguma coisa para me deixar ainda mais fraca do que já estava.

O barulho da porta abrindo faz meus neurônios doerem e implorar por silêncio, ergo a cabeça piscando lentamente e os olhos verdes de Aaron me encaram com carinho,

Vamos matar e nos banhar com o sangue dele.

Meus demônios gritam alegres e eu sorrio, noto que ele segura em suas mãos um sanduíche e uma garrafa de água mineral

- Veio tornar as coisas menos tediosas?

Questiono com a voz por um fio

- Imaginei que você está com fome e sede.

Ele abre a garrafa e aproxima da minha boca, mesmo que cada célula do meu corpo implore por um pouco de H2O, eu não posso confiar, por isso viro o rosto e a água cai em meu corpo

- Acho que mereço algo como um whisky!

Cantarolo tentando manter a respiração controlada, dois homens se aproximam e olham de mim para Aaron antes de sair, noto que os homens são diferentes dos últimos,

Odiava eles e iria matar os dois, porém, devo admitir que eles eram bons para caralho

- Os outros cansaram e foram dormir?

Debocho mas a expressão de Aaron se torna furiosa e escura como a noite

- Eu matei um deles e o outro está comendo a sua mãe em algum lugar por aí.

Como se o universo estivesse disposto a provar que o que ele dizia era verdade, os gemidos de minha mãe chega até mim, altos e claros.

- Matou? Por quê?

Questiono para ganhar tempo enquanto analiso a posição dos capangas

- Ele era um doente masoquista!

Franzo o cenho e o encaro sem entender, a maioria dos torturadores são masoquistas, ele já devia estar ciente disso e ele ser um doente que sente prazer em infligir dor não é motivo suficiente para que Aaron o matasse

- Ele gozou enquanto te torturava, porra!

Uma risada fraca me escapa e não controlo

- E qual o problema, nisso?

Os gemidos de Kayla começam a vim acompanhados de palavrões e sons de tapas.

- Não deixarei homem nenhum gozar pensando no que é meu, raposinha.

Sei que minha expressão está totalmente incrédula e não me preocupo em esconder isso, esse homem a minha só pode está louco se acha por algum segundo que sou dele.

Um rádio que estava preso em sua cintura começa a fazer um barulho irritante, Aaron dá um pulo como se não lembra-se do objeto e antes que eu conseguisse perceber ele sai correndo em direção a uma escada próxima a mim, um barulho de helicóptero chega até mim e uma alarme em minha cabeça:

Agora é a hora.

Uma das vozes em minha cabeça alerta, observei que os capangas estavam destraidos.  Respirei fundo e virei meu pulso. Pressionei meu dedão contra a corrente e o estralo foi o suficiente para eu saber que o osso quebrou, a dor foi quase insuportável, meus pulsos sangrando fez com que meus pulsos deliza-se nas correntes, o dedo quebrado ajudou. Fiz o mesmo com a outra, cai como uma gata no chão, com a adrenalina a mil, aproveitei a chance e corri para cima deles, meu pé foi para o pescoço do barbudo, que caiu, fui para cima do outro, que tentou agarrar meu braço, mas dei um chute muito forte em seu saco, fazendo com que ficasse sem ar e caísse no chão, lutando por ar. Peguei rapidamente as armas deles no chão e apontei para sua cabeça. Atirei, mirei no outro, ele olhou espantado para mim. Sorrindo para ele, sádica, puxei o gatilho.

Puxei uma grande quantidade de ar pela boca quando sentir minha visão escurecer deixando mais claro ainda o quão fraca eu estava,

Balanço a cabeça para conseguir foco, caminhei até onde meus cachorros estavam amarrados, antes que eles latissem eu fiz um sinal com a mão para que eles ficassem quietos, soltei eles das cordas, fui até a mesa em que estava os instrumentos de torturas e peguei uma faca, coloquei a arma que eu tinha pegado do capanga no cós da calcinha, com passos silenciosos e no meio de meus dois dubermans eu subir as escadas.

Escutei passos vindo em minha direção e me preparei para atacar, um capanga apareceu e me viu,  antes que ele fizesse barulho para que os outros me vissem eu joguei a faca no meio do crânio dele, corri e segurei seu corpo antes que caísse, deitei com cuidado no chão para que não fizesse barulho, puxei a faca, ignorei o sangue que manchava meus pés e voltei a andar, matando todos que apareciam em minha frente da forma mais silenciosa que eu consegui mata-los, meus cachorros me orgulharam e me ajudaram na missão.

Apoiei a mão na parede tentando controlar o enjôo que tentava me fazer parar, mas o desejo de vingança e sangue me mantinha firme, enfrente a porta em que os gemidos de minha mãe estão claros eu abrir a porta com cuidado, vir um homem penetrando ela por trás, puxei a arma e atirei. Ela gritou!

O corpo inerte e sem vida caiu encima dela, Kayla empurrou o corpo dele no chão e me olhou assustada, sorrir divertida para ela.

- Ui, que susto. Mamãe!

Ela caiu de joelhos em meus pés, olhei para ela por cima me deliciando da sensação prazerosa

Implore

- Me perdoe, me perdoe.

Ela une as duas mãos como se estivesse rezando, mas Deus nenhum podia salvar ela agora, nem Deus livrará ela de meus demônios.

- Não me mate, filha. Não me mate!

Meus cachorros latiram e eu olhei para eles, dois dias hoje que eles estão com fome, sorrir.

- Eu não vou matar você!

Me afastei e ela me olhou sorrindo embora seus olhos ainda derramasse lágrimas. Fiz um carinho na cabeça de meus cachorros e com a voz calma, serena e divertida eu comandei:

- Comam!

Os cachorros voaram encima de minha mãe, cada um de lado, com presas e garras. Ela gritou e tentou se afastar mas os dentes das feras estavam cravadas no corpo dela com fúria, sangue quente veio até meus pés, sem conseguir me conter comecei a cantar uma música e dancei com animação. 

Os rosnados e gritos dela se misturaram com minha voz, a combinação ficou melhor que qualquer apresentação de músicos famosos.

Mostri puxou, puxou e arrancou um braço, enquanto Notte cravou os dentes no pescoço de Kayla, com a boca aberta e os olhos também

Ela morreu olhando para mim.

Parei e escorreguei no sangue até um balde que tinha Champanhe, abrir a garrafa e direto do gargalo eu tomei um grande gole.

Mas ainda tinha duas almas para enviar!





Gölge Onde histórias criam vida. Descubra agora