il quartetto dei diavoli

3.5K 294 38
                                    

Eu aprendi a atirar quando tive forças suficiente nos braços para aguentar o peso de uma arma, aprendi a lutar quando comecei a ter a capacidade de controlar os movimentos do meu corpo,

Enquanto as crianças normais aprendiam a andar de bicicleta eu aprendia a torturar, enquanto elas gostavam de brincar de boneca ou de carrinho, eu gostava de brincar atirando facas em tronco de árvores.

Os pais normais castigam seus filhos impedindo que eles saíssem de casa ou tirando deles algo que eles gostavam, o meu pai me castigava fazendo eu sair de situações de perigo tais como ficar presa em uma gaiola de ferro embaixo de uma piscina, entre outras.

Eu passava as férias da escola aprendendo coisas como; pilotar avião, idiomas novos, uma nova forma de desovar um corpo, golpes novos, armas novas, formas de ferir uma pessoa para matar ou apenas para imobilizar.

Sujei minhas mãos de sangue pela primeira vez aos 14 anos, quando um ladrão tentou assaltar uma senhora de 80 anos em minha frente, um golpe certeiro no crânio do cara e a última coisa que ele viu foi meu rosto,

Essa é quem eu sou uma assassina cruel, e ao olhar para minha mãe agora me dou conta que ela me conhece tanto quanto eu conheço ela

Será que ela ainda me olharia do mesmo jeito se soubesse o tanto de vidas que tirei?

Será qual seria a reação dela se soubesse que o ex patrão dela morreu com um bala na testa que foi disparada da minha arma?

Se ela soubesse que a última vez que pisei na Alemanha foi a um ano atrás e que nem tive tempo de vim visitá-la pois minha agenda de almas para mandar ao inferno estava cheia?

Fecho a porta da passagem secreta e o espelho volta ao normal, olho para minha mãe com toda calma fria que fui treinada para ter

- Mãe, eu adorei o quarto. Obrigada! Mas eu preciso realmente de um banho.

Ela tem 35 anos mas é da mesma altura que eu e parece ter uns 10 anos a menos

- Claro minha filha, você descerá para o jantar? Mandei fazer lasanha, ainda é seu prato preferido?

Não, não é.

Lasanha deixou de ser meu prato preferido desde que matei um chefe de cozinha com um pedaço gigantesco de lasanha.

- Sim mãe, ainda é!

Minto, isso cortará as perguntas , ela sorrir contente por achar que acertou

- Ok, te espero na mesa de jantar às 20:00.

Dou um sorriso sem mostrar os dentes e confirmo com a cabeça, saio do closet com ela do meu lado sorridente quase dando pulinhos

Eu deveria ter vindo mais vezes antes.

Talvez agora eu estaria mais confortável mas arrependimentos não mudará nada agora por isso espanto a nuvem da minha cabeça, minha mãe acena com a mão, sai do quarto e fecha a porta me deixando novamente sozinha

- Se você soubesse que seu anjinho não existe mais e que deu lugar a gölge, provavelmente não estaria tão feliz de me ter de volta, mamãe.

Tiro a jaqueta jogo ela na cama e caminho até o banheiro, apoio os braços na pia e olho meu reflexo no espelho, o ditado;

Não julgue um livro pela capa.

Faz um puta sentindo pois eu tenho uma aparência tão angelical e indefesa que ninguém desconfiaria que eu sou uma das assassinas mais temidas da liga J.C.E

J.C.E - Julgadores, caçadores e executores.

Tiro a blusa e a calça depois minha langerie e caminho até o box, o chuveiro tem sensor de movimento então quando entro a água imediatamente jorra em meu corpo, fecho os olhos e encosto a testa no azulejo da parede

Flashback on

O suor desce em minhas costas. Minha roupa encharcada de sangue e lama, agachada começo a andar dentro do túnel subterrâneo com uma arma e uma faca em mãos

- Há dois metros.

Gian me informa através da escuta e Giovanni caminha do meu lado, faço um movimento com a mão mandando ele parar e ele me obedece corro e atiro nos dois seguranças que estavam enfrente a porta protegendo o lugar

Paro e verifico se está tudo limpo e quando confirmo dou um passo para o lado

- Abra a porta.

Sussurro para Giovanni que pega impulso e chuta a porta, o barulho da porta indo ao chão deve ter chamado a atenção dos seguranças que estão nos andares acima mas isso não importa agora, estaremos longe quando eles conseguirem chegar até aqui

Com a arma e a ponta da faca me indicando o caminho eu entro na sala que cheira a fezes, urina e a sangue. O cheiro é nojento de mais

Mas já sentir cheiros piores.

- Sentiu saudades?

Cantarolo para Will e ele revira os olhos

- Eu odeio vocês por terem me acordado.

Dou risada da audácia do desgraçado que está todo fodido mas não baixa a crista

- Vamos irmão, estou com fome.

Dou a faca a ele e estendo a mão para que ele pegue e consiga se levantar, ele dá um sorriso de lado e segura minha mão com força

- Vocês tem cinco minutos para sair daí, meu dedo tem vida própria. Logo aperto o botão e essa merda de lugar vai para os ares.

Dou risada e apoio o braço de Will em meu ombro enquanto saímos, Giovanni protegendo nosso caminho, pronto para matar qualquer um que ousar entrar em nossa frente.

Flashback off

Se eu soubesse que aquela seria a nossa última missão na liga juntos e que quando eu voltasse eu receberia a notícia que meu pai estava morto, se eu soubesse que por ser menor de idade eu seria obrigada a sair da Itália e vim morar com minha mãe na Alemanha eu com toda a certeza do mundo teria feito um estrago três vezes pior do que fiz, teria fodido ainda mais com a vida de quem ousou prender um dos meus melhores amigos e irmão.

Eu, Gian, Giovanni e Will somos conhecidos pelo mundo todo como;

il quartetto dei diavoli ( o quarteto de demônios)

Somos os demônios na terra, os adolescentes enviados pelo diabo para procurar as almas que deveriam estar no inferno.

Gölge Onde histórias criam vida. Descubra agora