Adeus Valentino

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Valentino Moretti - Itália - 20 anos.

Meu ombro esquerdo ardia pelo tiro de raspão que os malditos ingleses conseguiram me atingir, praguejo baixo quando noto que na minha arma não existia mais balas.

Olho de um lado para o outro na rua, o suor escorrendo em minha testa, minha respiração pesada, os músculos de minhas pernas queimando pelo tanto que corri para conseguir me salvar do atentado contra mim,

Barulho de pneus derrapando ativaram meus sentidos, a adrenalina correndo em minhas veias rápido e sem controle. Olho em direção ao carro preto que vinha em toda velocidade em minha direção, um homem ruivo e barbudo colocou o corpo para fora e começou a atirar em minha direção, as pessoas que estavam caminhando ao redor, começaram a correr e a gritar tentando se proteger,

Corro em direção a uma academia de Box, o único lugar que achei próximo e com as portas abertas, corri ganhando tempo, tentando pensar em algo, em uma maldita saída, haviam quatro deles, armados, enquanto eu estava sem uma maldita arma e sozinho.

Porra Rocco, mil vezes porra!

Afundei as lembranças de meu amigo desacordado e sangrando no banco do meu carro, eu não podia pensar nisso agora. Meus pés faziam barulho no piso da academia conforme eu corria para dentro, ouvir passos atrás de mim e soube que eles ainda estavam me seguindo e que não demoraria a me achar,

Levo as mãos até a cabeça quando escuto o barulho do tiro, levanto a cabeça e vejo que a parede recebeu o tiro em meu lugar, sorrio e levanto o dedo do meio para o imbecil, ainda sem conseguir parar de mover minhas pernas.

Entro em uma área onde o piso é revestido por uma grande lona preta, não há saídas,

Pensa Valentino rápido, rápido.

Giro de um lado para o outro, tentado encontrar alguma coisa, uma maldita luz, e é aí que uma porta na lateral é aberta, em um salto olho na direção em que ouvir o barulho, meu coração batendo rápido de mais em meu peito.

Olhos coloridos estão fixados em minha direção, por um segundo. Um milésimo segundo esqueço que estou a um passo de ser assassinado, meus olhos travam nos dela, e eu não consigo quebrar o olhar, ela está usando uma calça legging preta e um top preto,

Um sentimento estranho aquece meu peito, dou um passo para frente desejando, desejando o quê? Eu não sei.

Mas, o novo disparo faz eu piscar, ela arregala os olhos para algo atrás de mim, suas mãos vão para cima de sua cabeça e posso ver que ela está tremendo, sinto uma vontade absurda de defende-la, não perco tempo tentando entender esse sentimento novo de proteção, mas quando ela cambaleia em minha direção, seus lindos lábios estão trêmulos, giro meu corpo na direção dos quatro homens, dou um passo para o lado na intenção de colocá-la atrás de mim, encaro os quatro homens,

Você vai ter que mata-los no punho, Valentino.

Bufo já cansado pela luta, sinto mãos segurar o tecido de minha camisa e puxar, inclino a cabeça para o lado para ouvir o que ela quer, mas meus olhos ainda fixos nos homens.

- Eu mato os da direita, você os da esquerda!

Olho imediatamente para ela a tempo de ver ela sorrindo diabólicamente, nem de longe parecendo estar com medo, nem de longe parecendo a garota assustada de segundos atrás, abro a boca para perguntar se ela está maluca, mas me calo quando a desconhecida pequena e aparentemente frágil, com uma agilidade que nem os meus melhores homens tem, parte para cima dos dois homens da direita, sorrindo com cena faço como ela mandou e parto para cima dos da esquerda.

Bato no braço do primeiro, que estava com o dedo pronto para puxar o gatilho, a arma cai no chão, chuto a perna dele e dou uma cotovelada no que está vindo me atacar por trás, corro aproveitando a guarda baixa deles, me agacho pegando a arma que caiu e atiro nos dois, com o joelho apoiado no chão giro na direção da garota para matar os dois dela, porém. Meu queixo caí quando vejo ela quebrando o pescoço de um e outro já sangrando no chão. Ela não olha na direção dos corpos quando caminha em minha direção, os olhos mais lindos que já vi na vida, um verde que brilha esperança, enquanto o outro brilha mais que o sol, parece que ouro foi derretido e colocado lá dentro,

Sinto meu coração galopando no peito e minhas mãos soarem, tenho certeza que o suor delas não tem nada haver com a luta,

Ela estende a mão em minha direção, as unhas pintadas em um azul forte, quase preto.

- Vamos antes que mais dos seus amigos apareçam.

Olho para ela cerrando meus olhos, buscando qualquer resquício de medo, arrependimento. Mas ela parece tranquila, calma, serena.

Toco na mão dela, e o contato faz uma corrente de energia percorrer meu corpo,

- Sou Valentino.

Informo enquanto atravessamos a porta em que vi ela passar antes nos levando direto para vários corredores parecendo um labirinto, mas ela parece familiarizada, caminha cofiante e pela expressão no rosto dela posso jurar que mesmo de olhos fechados ela conseguiria andar e chegar aonde ela quer chegar.

- Bom Valentino, eu sou Raika!

Nossos olhares se encontram novamente, o rosto dela sério e indecifrável.

- É um prazer Raika, obrigado pela ajuda!

Penso em dizer que a máfia Italiana está em dívida com ela, porém, desisto. As pessoas normalmente correm quando sabem quem sou e por alguma razão eu não quero me afastar dela, pelo menos não agora.

- Não fiz por você, estava entediada!

Uma risada explode de mim, uma risada de verdade, como a anos não tinha. Ela olha para mim como se eu fosse maluco mas noto o canto de seus lábios tremerem em um sinal claro que ela também quer rir, mas não faz,

Ela abre uma porta, a claridade do dia entra, puxo ela para trás quando noto que ela irá colocar a cabeça para fora, o movimento faz ela vim com força contra meu corpo, os cabelos dela batem em meu rosto, um cheiro gostoso de rosas brancas vem até mim, o corpo dela está colado ao meu e parece que estou prestes a explodir.

- Fique aqui, irei ver se é seguro.

Engulo em seco e solto o ar com força, abro a porta novamente e verifico ser seguro, viro para avisá-la, mas ela já está do meu lado. Cruzo os braços e olho seriamente para ela,

- Que foi?

Ela revira os olhos e começa andar na direção a um beco vazio, sigo ela com as mãos no bolso

- Você quer ligar para alguém? Ou, meu pai pode vim nos buscar!

Ela fala quando entramos novamente na rua, nos escondendo no mar de pessoas. Abro a boca para dizer que não precisa quando avisto meus seguranças correndo em minha direção,

- Minha carona chegou.

Digo olhando para os homens de ternos que correm em minha direção, a cena é hilária. Olho para Raika e ela já está se afastando, dando passos para trás olhando para mim, com dois dedos ela bate em sua testa como se estivesse batendo continência.

- Adeus Valentino !

E então ela vira e começa a correr, fico parado olhando para ela se afastando

Adeus Valentino!

Mas aquele não foi um adeus e em alguns dias nos encontramos novamente.

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