Lúcifer, mande guerra para mim.

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O som da campanhia reverberou por todo apartamento, vibrando pelas paredes,

Joguei a cabeça para traz apoiando-a no estofado do sofá, estou sentada no tapete felpudo na sala, entre meus dois cachorros.

Analisando minhas próximas missões, quais eu vou aceitar ou as que não me interessam, fecho os olhos implorando silenciosamente para seja lá quem estiver na porta vá embora,

Eu detesto visitas, detesto que entrem em meu espaço pessoal, qualquer um que não seja os meus irmãos está sujeito a ser ignorado.

E sei que não é nenhum deles, já que os três estão na Turquia confirmando a morte de Azat, eu iria junto com eles, mas o filho da puta do líder da liga achou que eu precisava de mais alguns dias de licença, achei linda a forma dele achar que por algum segundo podia me dá ordens, porém. Ele ameaçou tirar Gian da área de investigação e julgamento e colocá-lo como executor, qualquer um que conhece Gian sabe que ele prefere a morte a ir para essa aérea,

Eu sou anti-social mas muito menos que Gian.

Com uma faca pressionando a barriga de Cássio eu o avisei que deixaria passar, mas dá próxima vez que ele ousasse usar um dos meus irmãos para me ameaçar, ele era a porra de um homem morto, e ele sabe que não blefo.

A campanhia interrompe o silêncio novamente, fazendo meus filhotes se mexerem mas nenhum dos dois acordaram, sorrio. Pois, é engraçado a idéia de que o mundo pode acabar e eles não acordam agora um simples assovio meu e eles estão em pé rosnando,

Entorno todo o vinho que restava na taça, sem me importar em calçar meus pés, caminho até a porta exageradamente grande, coloco a senha e puxo-a para abri-la,

Valentino, exibindo um belo par de braços fortes e musculosos estava em pé a minha frente. Sua roupa totalmente preta fazia com que seus olhos de um azul tão limpo parecessem luz no meio da escuridão.

O olhar que me lançou percorreu os fios do meu cabelo caindo soltos pelo meu ombro. E ainda que não estivesse, a forma como me encarou, deu-me a sensação de estar nua. Os pelos do meu corpo arrepiaram em resposta.

- La mia anima.

Ele soprou e a voz em um tom grave bateu com tanta força dentro de mim que precisei me apoiar no batente da porta para não cair.

- O que você está fazendo aqui, Valentino?

Eu questionei usando cada maldita gota de força para não gaguejar e soar firme, mas meus olhos desviaram dos dele quando olhos negros apareceram em meu campo de visão

- Senhorita Mancini.

Rocco, o consiglier de Valentino falou e na sua voz existia nada além de calma, e serenidade.

- Precisamos conversar.

Valentino passou a mãos no cabelo, o movimento atraiu meu olhar para o anel com uma pedra vermelha de Rubi em seu indicador

Ele passou meses mentindo para mim.

Eu olhei para ele novamente e ele já me encarava,e se antes ele tinha visto alguma coisa em meus olhos. Agora, ele não veria mais nada pois todos os meus escudos estavam firmes, as paredes de aço estavam levantadas para eles.

Girei meus calcanhares e deixei a porta aberta indicando que eles podiam entrar, a passos calculados demostrando calma, como se a presença dele não me atingisse caminhei até a garrafa de vinho que estava posta no acessório que coloquei no sofá, enchi novamente a taça e dei um longo gole ganhando tempo,

- O que o dom e o consiglier da máfia Italiana quer comigo?

Apoiei a taça na mesa de centro, fechei o notebook e juntei todos os papéis que estavam espalhados pelo tapete, não estava olhando para nenhum dos dois, mas, sabia que enquanto Rocco analisava tudo para ver se existia perigo, Valentino estava com os olhos vidrados em mim, em cada movimento meu.

- Você viveu em Berlim nos últimos meses, se aliou a máfia Alemã, uma das máfias inimigas a máfia Italiana.

Olhei para Rocco me sentindo insultada.

- Um caralho que me aliei, eles quem se aliaram a mim é diferente.

Peguei a taça novamente em minhas mãos

- Então vocês hoje não tem nenhuma ligação? Por menor que seja?

Balancei a cabeça em negativa bebendo em descaso, totalmente tranquila.

- Recebemos informações que você e o filho dele, Aaron. Estavam tendo algo!

Apertei a mão ao redor da taça com tanta força que por pouco ela não espatifou

- Foi tudo parte do maldito plano.

Olhei com raiva para Valentino

- Você deveria ter esperado, eu era quem deveria ter matado aquele desgraçado!

Rosnei minha voz era pulo gelo, Valentino não se importou com a raiva evidente em mim

- Você iria mata-lo?

Bufei revirando os olhos

- Eu iria estraçalhar ele!

Um sorriso arrogante nasceu nos lábios do mafioso e eu podia jurar que os olhos dele brilharam como a porra de dois vagalumes.

Já está na hora de parar de beber, Raika!

- Um plano? Está querendo dizer que tudo que o que você fez em Berlim foi um plano?

Fechei os olhos degustando o doce sabor do vinho que ainda estava em minha língua e fiz um barulho com a garganta confirmando

- Devo supor que a sua quase morte,
provavelmente não estava no plano.

Estou participando de um interrogatório?

Abri meus olhos e os arregalei ao notar a proximidade de Valentino, ele estava com os olhos fixos em minha garganta, engoli em seco e os olhos dele assumiram uma tonalidade escura, quase preta e porra, que lindo.

Podia ser o efeito do álcool, mas eu me sentir quente, sentir minha pele arder. Em um pulo me afastei porém, não consegui desviar meus olhos dos dele, era como se ele tivesse o poder de hipnose e estivesse me mantendo presa.

Rocco coçou a garganta atrás de mim e logo fingiu uma tosse, balancei a cabeça tentando afastar a névoa que eu estava presa, puxei o ar com força respirando fundo, tentando resfriar meu interior e exterior que estava em chamas,

- Precisamos conversar sobre o que aconteceu em Berlim, somos da máfia Italiana e como se não fosse suficiente a nossa natural inimizade com Joshua. Valentino, matou o único filho dele e você Raika matou um dom respeitado por muitos. Isso poderá acarretar problemas!

Levei as mãos até meus cabelos e os prendi em coque bagunçando, deixando meu pescoço livre para receber qualquer lufada de ar, dei as costas aos dois e olhei para o teto, enquanto respirava buscando controle. Russo estava morto, eu havia matado ele, havia matado minha mãe e Trevor, mas a fúria bruta que sentir ao descobrir que meu pai tinha sido assassinado ainda não foi apagada.

Virando novamente para os dois eu questionei:

- O que exatamente vocês querem saber?

Silenciosamente eu pedir ao rei do inferno que o que eu tinha feito em Berlim formasse uma guerra, eu desejo me banhar no sangue Australiano, minha sede por eles não passou.

Lúcifer, mande guerra para mim.

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