CAPITULO VINTE E CINCO: HARRY POTTER

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Eu não me identifico com você
Eu não me identifico com você, não
Porque eu nunca me trataria tão mal
Você me fez odiar esta cidade

- Happier Than Ever: Billie Elish

TW// Esse capitulo contem gatilho sobre relacionamento abusivo e violência sexual, por favor, cuidado.

Três anos atrás.

Meu vicio por romances começou através das fanfics, encontrei nelas uma forma de me conectar com o mundo, mergulhar nas mais variantes formas de amor, enquanto me deliciava com cada palavra, rezando, para que um dia, pudesse torna-las reais.

Louis Tomlinson e Harry Styles.

Dean Winchester e Castiel.

Jungkook e Jimin.

Começou como um refugio, então me levou para os livros, me trouxe a vontade de escrever, e me ajudou a me debruçar sobre os papeis melados de tinta, criando palavras através de linhas que encharcassem a folha com cada sentimento ruim, cada anseio e cada pedaço de esperança que viveu em mim, que me prendia no ar, me fazia sonhar com um amor sem medo, sem dor, sem raiva.

Um amor que me amasse.

Amar John era estático, como um choque a cada palavra trocada, ou toque recebido, fazia minha alma doer, meu corpo adoecer, ficar dormente a cada beijo doce que me soava amargo quando juntávamos nossos lábios.

Talvez o amor tivesse que ser assim, talvez as fanfics, os livros de romances, os mangas no canto da cama, tenham me ensinando uma realidade ilusória do que seria amar alguém, em algum momento, preferi acreditar nisso, soava mais fácil.

Tornava mais fácil.

Mas a dura realidade se faz presente mesmo que tentemos fugir dela, é uma pedra, que finca nossos pês no chão, como uma lembrança, persistente, teimosa, que não importa por quanto tempo tampemos nossos olhos, nada muda a verdade.

E a minha verdade se resumi no sentimento que me engano ao chamar de amor quando olho para John.

Seus dedos folheando meu livro, enquanto revira os olhos com as palavras que Rhysand entoa em seus monólogos, a forma como ele joga, de qualquer jeito, contra a mesinha, pausando minha musica, fechando o computador em seguida.

– BTS – Ajeito minha postura quando o tedio em sua voz chama minha atenção. – One direction, livros... – Ele passa os dedos por um poster do Liam Payne, antes de se jogar ao meu lado na cama, puxando meu celular de mãos. – Essas historias idiotas que escreve no celular, para isso seus dedos não cansam.

Passo minha língua entre os dentes, mordendo em seguida, tentando conter as palavras acidas que quero dizer.

– Adoro quando faz isso – John diz. – Adoro essa sua cara, quando está puto, me dá vontade de te foder.

– Pelos deuses – Praguejo, levantando da cama, indo até o livro, para arrumar, sinto os braços musculosos dele atrás de mim, a barba rala contra meu pescoço, os dentes mordicando meu lóbulo. – Por favor, hoje não.

John bufa, me empurrando devagar, esfregando as mãos contra o rosto, não me viro para ele, sei o que vou encontrar, seus olhos pidões, a tristeza neles, aquele aperto em meu coração, irei aceitar, abaixar minha cabeça e ele sabe que pode me ocasionar isso, sabe que o farei, mas por um momento, um minuto, quero acreditar que tenho forças de recuar.

Um batalha travada dentro de mim, o sonho de ser forte para me afastar dele, lutando com a esperança, que pelo menos dessa vez, quando me tomar em minha cama, eu sinta o pingo de amor que ele promete ter por mim.

LOVER • DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora