LOVER • Drarry

CAPITULO ONZE: Harry Potter

"E seus olhos ficam dizendo coisas
Eles estão dizendo o que fazemos
Quando está só eu e você
Não consigo me concentrar
Isso é tudo o que eu estou pensando
Todo o resto simplesmente desaparece"
— Little White Lies: One Direction

A sensação dos braços de Malfoy ao redor da minha cintura parece ter grudado em minha pele como tatuagem, ainda sinto o lugar formigando como se reclamasse da falta que o contato dele faz, é estranho.

Tudo sobre como Draco faz eu me sentir é estranho.

Estou sentado ouvindo professor Johnson falar a quarenta minutos sobre exposição de luz, iniciação a cores, e já desistir de tentar entender, me perdi em alguma parte sobre RGB, minha mente parece me puxar de volta ao braços de Draco, nossos pés, desajeitados, dançando pela sala, ele jogando a cabeça para trás enquanto ria quando pisei em seu pé, sua respiração contra meu pescoço, o vinho esquentando meu sangue...

Sacudo a cabeça para afastar a lembrança, Malfoy tem essa energia forte que fica em você, não importa o quanto você tente lavar ou expulsar, ela gruda, é contagiante, tudo nele é contagiante.

Me encolho mais contra a cadeira, a jaqueta de couro dele aquecendo minha pele, seu perfume ainda presente ali não tem ajudado com as lembranças, não esperava que a noite tivesse terminado daquela forma, dançar com  Draco Malfoy não estava nos meus planos, para ser sincero, eu nem sei o que está nos meu planos.

Ao menos tenho um?

Tenho, claro que tenho, o plano è Cedrico, preciso focar nele, me distrai com Draco nos últimos dias, faltam dois dias para a semana acabar e ainda não tive sinal de Cedrico, preciso voltar a me concentrar no que realmente importa.

Cedrico.

Minha cabeça está uma confusão, mil perguntas, quase nenhuma resposta.

Quando o professor termina a aula eu sei que vou precisar pedir as anotações de algum dos alunos, talvez peça para Gina me mandar o que conseguiu entender por e-mail mais tarde, ela sempre anota tudo, mesmo tendo uma facilidade fora do comum nessa matéria, no momento è a minha salvação, se me perguntarem qualquer coisa sobre essa aula depois do "bom dia turma" não conseguiria responder.

Já estou de frente ao meu armário quando ouço meu telefone tocando, puxo com cuidado do bolso traseiro, Demônio de olhos azuis aparece na tela, è estranho, Draco nunca me ligou, já trocamos mensagem mas sempre em relação ao horário que ele ia me pegar, ou aonde deveria encontrar ele.

Quando me deixou na universidade mais cedo não programamos nada, ele fez a mesma cena de antes, dessa vez com menos drama ou apelidos idiotas, alguns alunos sussurrarão sobre as coisas estarem ficando "sérias", outros até falaram comigo quando ele se afastou, mas não aconteceu mais nada a não ser isso.

E a lembrança constante da sensação de estar nos braços dele.

Eu preciso parar de pensar nisso.

Não gosto de falar no telefone, por algum motivo me deixa mais constrangido do que trocar mensagens, respiro fundo antes de atender.

— Amorzinho. — A voz dele aparece do outro lado da linha, não consigo evitar o meu sorriso quando percebo sua animação, junto com o apelido idiota. Por que ele tem que ser assim? – Saudades?

– Não sei, me diga você, foi você que me ligou Draco.

— Aí, língua felina. — Sei que ele está sorrindo, sua voz sempre fica nesse tom quando ele sorri durante as frases. — Gostava mais quando você era menos respondão e mais envergonhado, não acho que meu ego sobreviva a esse Harry Potter.