Capítulo 3

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Antoniette Topaz Point of View

1 anos depois...

Quando eramos crianças achávamos que a vida não era tão difícil, era apenas brincar, comer, ver TV e dormir, nunca pensamos no futuro que quando crescermos iriamos ter que trabalhar igual loucos que quase não teríamos tempo para ficar em casa e assistir uma série ou filme na Netflix enquanto comemos uma pipoca feita no microondas. Eu me enganei, acho que quero voltar a ser criança de novo e ficar o dia vendo meus desenhos favoritos, ir brincar com meus amigos no parquinho, mas infelizmente nem tudo que a gente quer pode acontecer.

Um ano se passou desde o dia em que me casei, dizem que os primeiros anos são os mais difíceis e eu posso confirmar que sim, eu e Michael tivemos brigas e milhares de desentendimentos e ainda estamos tentando nos entender, brigavamos e horas depois é como se nada tivesse acontecido.

Mesmo tendo passado um ano, tudo ainda é muito estranho em relação a dividir coisas com ele como banheiro, acordar e ver que você não está sozinha na cama, ver a tampa do vazo aberta, louças sujas na pia, roupas sujas, estou pensando sinceramente em contratar uma empregada. E mesmo que no início do relacionamento a gente ficasse um ou dois dias na casa um do outro, ainda é diferente...

– Toni, você viu minha maleta? — vejo Michael abrir a porta e por só a metade do seu corpo para dentro do meu escritório.

Sim, tenho um escritório em minha casa, compramos uma casa enorme em Miami, não tinhamos muito dinheiro para comprar na época, mas nossas famílias acabaram ajudando e conseguimos, tinha três quartos, um era o nosso e os outros dois para os hóspedes. A casa continha dois andares, a cozinha e a sala eram enormes e ficavam no andar de baixo. E área de lazer do lado de fora com uma churrasqueira, uma piscina e um pequeno jardim era minha parte favorita da casa, no começo eu não queria comprar pois não tinhamos dinheiro e não queria minha família me ajudando sendo que já sou de maior e poderia me virar sozinha, mas Michael insistiu tanto que acabei cedendo a sua vontade.

– Está ao lado do sofá da sala. — desvio minha atenção do computador para lhe olhar.

– Você é linda quando está trabalhando. — caminhou se posicionando atrás da minha cadeira.

– Obrigada. — sorrio, ele continua sendo um fofo.

O vejo se curvar até ficar na altura do meu ouvido e sussurra.

Quando eu chegar em casa te faço uma surpresa...

– Vou está aguardando então. — viro meu rosto e o beijo.

Minutos depois ele sai do meu escritório e eu volto a fazer meu trabalho no computador, e-mails, mensagens e ligações, as vezes isso me irrita, mas fazer o que se foi a profissão que escolhi. Naquele dia Michael chegou tarde em casa e com cheiro de álcool o que está se tornando normal e a surpresa era uma pizza e depois de vários filmes que eu lutava pra me manter acordada tentando assistir, mas depois subimos e deitamos na cama o sono passou, é bom, acho que o resto vocês podem imaginar.

Nunca pensei que uma noite poderia fazer tanta diferença em minha vida.

4 semanas depois...

– Eu não sei o que comentar. — depois de alguns minutos em silêncio Betty se pronunciou.

Eu não posso acreditar que isso está acontecendo. Estamos no banheiro da minha casa, Michael tinha saido para o trabalho e essa era a hora perfeita para Betty vim aqui e me ajudar.

– Betty, o que eu faço? — largo o teste encima da pia. – Me formei faz um ano, tenho muita coisa ainda para fazer, isso não pode está acontecendo. — me sentei no vaso com a tampa fechada e coloquei as mãos na cabeça, céus isso só pode ser um pesadelo.

– Tenha o bebê — ela me olhou e chegou mais perto de mim. – Ou aborta. — isso saiu tão natural da sua boca

A olhei incrédula. Abortar? Não, isso não é uma opção para mim, mesmo não desejando eu não poderia fazer isso.

– Não posso abortar Betty, você sabe que eu nunca faria isso.

– Eu sei, foi idiota da minha parte, desculpa. — ela se abaixou até ficar próxima de mim colocando suas mãos em meus joelhos. – Você acha que Michael vai reagir bem?

– Nunca conversamos sobre filhos.

Nunca estive com tanto medo, meu coração a qualquer momento poderia sair pela boca, estava desesperada ainda mais pelo fato da reação de Michael. Nunca haviamos conversado sobre isso era apenas sobre as nossas profissão, casa e o casamento, mas filhos? Por que nunca falamos disso?

– Então acho que agora vocês vão ter que conversar, mas só acho né! — se levanta e deu um aperto no meu ombro. – Ainda bem que não preciso me preocupar com essas coisas. — diz e saiu do banheiro o que me deixa de queixo caído.

– Que lésbica ridícula. — esbravejei.

– EU OUVI ISSO MAMÃE TONI. — ela gritou do lado de fora.

Em meio a toda a situação eu consegui ri. O que eu seria sem Betty?

Pego o teste que estava ao meu lado na pia e o vejo, tinha dois risquinhos, não sabia que dois risquinhos poderiam te deixar tão assustada como estou agora.

Saio do banheiro e vou a cozinha, encontrei Betty sentada vendo TV e ainda por cima com os pés encima da minha mesinha.

– Você é uma folgada! — pego um pano no balcão e jogo na cara dela.

– E você é mamãe. — reviro os olhos e ela dá um sorriso convencido.

– Conto hoje pro Michael? — pergunto preocupada assim que me sento em uma cadeira, vejo Betty da um longo suspiro, pegou o controle dando um pause no filme que assistia e me olhou.

– O quanto antes, melhor. — se levantou e se senta ao meu lado. – Eu sei que isso não foi nada planejado, mas já tô imaginando uma menininha correndo pela sua sala e gritando "Titia Betty". — ela afina a voz nessa parte e eu não me contenho e rio. – Pensa pelo lado positivo e não o negativo.

Eu sei, mas o lado negativo tá falando mais alto.

Depois da Betty ter passado algumas horas na minha casa sem fazer absolutamente NADA, ela foi embora. Olhei o relógio que ficava na parede da sala e faltava menos de meia hora para Michael chegar do trabalho, eu não sei o que fazer exatamente ou como da essa notícia pra ele. Durante todo esse tempo que me restava eu me sentei no sofá da sala e fiquei tentando elaborar algum plano ou qualquer coisa do tipo que pudesse me ajudar, mas a todo momento eu tentava controlar minhas emoções e não surtar, controlar minha vontade de queria gritar até faltar o ar nos pulmões ou queria sair correndo daquela casa e ir pra um local mais longe que pudesse.

Passei tanto tempo naquele sofá que nem vi os minutos passarem e quando me dei conta Michael já tinha aberto a porta e adentrado a casa.

– Amor, cheguei! — gritou Michael.

Acho que agora posso começar a surtar.

𝑶 𝒑𝒓𝒊𝒎𝒆𝒊𝒓𝒐 •𝒄𝒉𝒐𝒏𝒊Onde histórias criam vida. Descubra agora