Capítulo 4

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Antoniette Topaz Point of

– Cheguei! — Ouço Michael gritar e logo o barulho da porta se fechando.

Respira, solta o ar, respira, solta o ar.

Eu estava repetindo isso mentalmente desde que ouvi o barulho daquela porta ser fechada, nunca achei que estaria em uma situação como essa pois na maioria das vezes sempre penso no que posso fazer e como controlar a situação, mas no momento ela está totalmente fora do meu controle e parece que a qualquer momento uma bomba vai explodir aqui, literalmente.

Michael caminhou indo para o nosso quarto no segundo andar, demorou alguns minutos mas desceu novamente. Agora ele estava com roupas leves, uma bermuda e uma camiseta branca, se sentou ao meu lado no sofá e passou um braço arrodeando meu pescoço, fiquei o tempo todo olhando para a TV como se estivesse passando a coisa mais importante e não um comercial sobre produto de limpeza, não tinha coragem de olhar para Michael em momento algum.

– Ei, amor... — diz ele pondo uma mão em meu ombro esquerdo e me puxando para um selinho demorado, quando me soltou me olhou confuso. – Você está tensa... — ele ficou me analisando, não conseguia ao menos olhar para ele. – Aconteceu alguma coisa? — droga, droga, droga, droga. Suspiro frustada, tenho que contar a ele o que está acontecendo.

– A gente precisa conversar. — digo e o vejo se ajeitar no sofá ficando de frente para mim.

– Sobre? — respiro fundo e tento procurar as palavras certas para lhe falar, vai Toni você consegue.

– Fui em uma farmácia hoje...

– Você tá doente? — me interrompeu preocupado, tirou uma mecha de cabelo do meu rosto. Iria ser mais fácil se eu tivesse.

– Não, eu estou bem, não... Quero dizer eu não tô bem, não... — bato a mão em minha testa pela minha confusão.

– Você tá tremendo. — tirou a mão que estava em minha testa e a vê meus dedos, eu realmente estava tremendo e nem notei isso. – Está nervosa? — assenti. – O que tá acontecendo, Toni? — respirei fundo, meu Deus como respirar fundo está sendo difícil também.

– Michael, eu tô grávida. - disse de uma vez rapidamente, no momento parecia que eu tinha tirado um peso das costas, mas fiquei tensa querendo saber logo sua reação. Ele me fitou por longos minutos como se estivesse processando o que acabei de lhe contar

– Grávida?

– Sim, fiz um teste hoje e deu positivo.

– Toni, você tem certeza disso? — perguntou, eu já detectava receio em sua voz.

– Se eu não estivesse, não estaria falando Michael.

– Isso é impossível. — rir, ele se levanta do sofá e caminhou para a cozinha com passos apressados.

Me levantei e fui atrás dele, assim que chego o vejo pegando um copo e se servir de água, esperei ele terminar de tomar a água e cruzo os braços. Estava intrigada.

– Como isso é "impossível" ?

– A gente sempre usa camisinha Toni, não tem a maior chance disso acontecer. — aumenta o tom de voz, não tô gostando do rumo que isso tá tomando.

– Óbvio que tem chances de acontecer eu já vi casos parecidos e ...

– NÃO TONI, ISSO NÃO TEM COMO ACONTECER! — esbravejou  me assustando com seu tom de voz, e jogo o copo de vidro vazio no chão me fazendo pular para trás, eu nunca imaginei uma atitude dessas vindo dele.

– Você tá ficando louco, Micheal?

– É impossível você tá grávida, usamos camisinha... — ele deixa a frase morrer e se vira olhando para mim novamente. – A não ser que você tenha furado ou tá dormindo com outro. Você fez alguma dessas coisas?

Eu não acredito que tô ouvindo isso.

– Não creio que você está insinuando uma coisa dessas...

– Eu te fiz uma pergunta, responde!

– Não, eu não dormi com ninguém pois sou CASADA — infatizei bem o casada. – E muito menos furei a porra de uma camisinha.

– Você tá mentindo e esse filho não é meu. — ele passa por mim como um flash e sobiu as escadas em passos rápidos.

Engulo seco, estava sem reação alguma, olhei para o chão e vi os cacos de vidro espalhados no piso da cozinha. Ótimo, vou ter que limpar. Minutos depois ouço seus passos e olho de volta para as escadas a tempo de vê Michael descendo com uma bolsa.

– Onde você tá indo? — saio da sozinha e vou até as escadas que ficava na sala.

– Preciso de um tempo para pensar.

– Tempo para pensar?

– Sim, tempo pra pensar e digeri tudo que está acontecendo, amanhã eu volto.

– E onde você vai dormir?

– Toni, tem como você me deixa em paz, porra! — ele se vira saindo e batendo a porta com tanta força que eu me assustei, de novo.

Eu fiquei olhando aquela porta e rezando pra tudo isso ser um sonho completamente louco, minutos se passaram e eu fiquei em pé ainda no mesmo lugar, suspirei colocando as mãos na cabeça.

Isso com certeza não é um sonho.

Eu sentia vontade de chorar, me jogar no sofá e chorar até não aguentar mais e acabar o estoque de água do meu corpo. Mas não faria isso.

Me sentei mais uma vez no sofá e fiquei olhando para o nada, aconteceu tudo muito rápido e foi fora do controle. Apoiei os cotovelos nos joelhos e as mãos na cabeça. Eu não queria chorar, parecia que eu estava em um estado de choque, não sei definir ainda, mas estou me sentindo mal, parece que alguém passou com um caminhão pelo meu coração e nem voltou pra vê se eu estava bem, é como se eu estivesse recebendo várias alfinetadas no peito.

Fiquei um tempo sentada e em todo esse tempo a cena dele gritando e jogando o copo no chão ficou como a de um filme em câmera lenta e agora na tentativa desesperadora de apagar tudo eu vou vagando dentro dessa memória que cada vez mais que me lembro meu coração aperta, que raiva por ele ter me deixado assim.

Pego meu celular que estava na mesinha, abro os contatos e procuro pelo nome da Betty, assim que acho fico olhando pro número a minha frente perdida em pensamentos e disputando uma luta interna entre ligar ou não ligar. E advinha quem ganhou?

𝑶 𝒑𝒓𝒊𝒎𝒆𝒊𝒓𝒐 •𝒄𝒉𝒐𝒏𝒊Onde histórias criam vida. Descubra agora