Fourth Chapter

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"Gostar de dançar é o primeiro
passo para se apaixonar"
Orgulho e Preconceito

LUCIANO

— Como assim o Luciano, está apaixonado? — Rigoni perguntou, e fiz questão de rolar os olhos, voltando a brincar com Tiago em meu colo.

Meus amigos resolveram fazer uma churrasco na área de lazer da antiga casa de Emiliano, que era em frente a que ele agora morava com Lírio. Como a casa estava sem ser usada, era onde fazíamos as nossas reuniões como antes.

— Pois é, ele troca mensagens e bilhetes com uma tal de, C. — Igor respondeu, fazendo que eu o olhasse querendo matá-lo.

— Não me diga que... — Daniel não completou a fala, deixando no ar e fazendo todos o encararem.

— MEU DEUS VOCÊ TROCA BILHETE COM A CRIS. — Rigoni gritou em surpresa, fazendo o filho que estava em meu colo, levar um susto e o encarar bravo. — Desculpa meu bem.

— Vai por num jornal? — Questiono, não negando sua afirmação, fazendo todos sorrirem de orelha a orelha.

Levei a crer, que foi uma péssima ideia contar um segredo para Igor, então decidi anotar mentalmente de nunca mais fazer, fazendo com que tudo ficasse protegido, imagina só se isso vaza á algum site de fofoca?

— O quê que vão por no jornal? — Lírio pergunta ao se aproximar, deixando um pote cheio de biscoitos em cima da mesinha, pegando Tiago nos braços e sentando no colo do namorado, dando um selinho rápido de cumprimento nele.

O silêncio pairou no local, nos somente nos entreolhávamos sem saber o que dizer. Lancei um olhar de repreensão em Igor e Daniel, que não aguentaram e soltaram uma gargalhada, sendo acompanhada por uma expressão confusa de Lírio, e um sorriso amarelo de Rigoni.

— Qual é gente, me conta logo. — Praticamente implorou, fazendo Igor morder o lábio. Além de jogar ruim, é péssimo em disfarçar.

— Luciano troca mensagens e bilhetes, com a sua melhor amiga. — Gomes respondeu tão rapidamente, que ao fim de sua fala suspirou profundo, recuperando a respiração. — Ufa! Ainda bem que eu falei, guardar segredo faz nascer um pau na testa.

— Eca. — Daniel resmungou, dando um soco aparentemente forte no braço dele, o fazendo grunhir da dor.

— EU ESTAVA CERTA. — A mãe do meu afilhado comemorou, brincando com o filho e o fazendo sorrir e nós a olhá-la confusos. — Viu Titi, sua mamãe é uma cupido experiente.

— Não entendi. — Digo, fazendo com que ela me olhasse com tédio.

— Quando escolhemos vocês de padrinhos, sabia que existia uma química, e depois do batismo isso só se confirmou. — Respondeu calmamente, e tive que conter o sorriso bobo que queria surgir em meus lábios. — Agora que vocês estão, sendo boiolas, posso finalmente me tornar casamenteira.

— Morena, não força. — Rigoni pediu, e ela o olhou um pouco brava. — Como casamenteira, você é uma ótima bibliotecária.

— Lírio é bibliotecária? — Igor pergunta, totalmente confuso em meio a conversa.

— Igor, cala a boca. — Peço. — E vai treinar, amanhã tem jogo contra o Flamengo, e se você for perna de pau, eu te quebro na porrada.

— Não fala de pau mas perto de mim não. — Daniel pediu, com a boca cheia dos biscoitos que Lírio trouxe consigo ao entrar na roda de conversa. — Já basta o idioma aqui, falando que se guardasse segredo, nasceria um pau na cabeça dele.

— MAS EU JURO! — Respondeu Gomes, em alto e bom som.

A gargalhada tomou de conta e até Tiago riu da palhaçada, soltando um gritinho animado em meio a bagunça dos amigos — ou quase amigos, e nisso me refiro a Igor — dos pais.

CRIS

Terminei de fazer a segunda parte da descrição de uma personagem para o livro, e fechei o notebook, antes salvando tudo na nuvem para terminar em casa quando fechasse a livraria.

Leila estava sentada atrás do balcão, lendo um dos livros de Shakespeare, que pela capa, acreditei ser Romeu e Julieta, um clássico dos romances negros que William escrevia, queria um dia ter o dom de escrita que esse cara tinha, de longe uma inspiração.

— Leila, você fecha hoje? — Perguntei, ao deixar minhas coisas em cima de uma das mesas vazias, tirando seu foco do livro a mim quando me aproximei do balcão.

— Claro, dona Cris. — Sorriu simpática, me fazendo revirar os olhos pela formalidade. — O que houve?

— Não precisam me chamar de dona, nos conhecemos e trabalhamos juntas a anos, e somente agora virei sua chefe, mas isso não quer dizer nada. — Respondo, vendo ela sorrir um pouco culpada.

— Tudo bem, Cris. — Disse, e assenti contente.

Me despedi dela, voltando a mesa para pegar minhas coisas, pra finamente ir embora e não ouvir minha mãe reclamar do horário, já que os últimos dias, quase não tenho chegado no horário para o jantar, tenho ficado até tarde resolvendo algumas coisas dos meus livros, e das novas reimpressões dos mesmos — o que só estava me dando dor de cabeça —, e ouvir dona Sida reclamar, é raro.

Então hoje decidi ir mais cedo para casa, para ficar mais tempo com ela, antes de fatalmente me mudar — contra minha vontade.

— Ah Cris, deixaram isso aqui mais cedo pra você. — Leila me chamou antes mesmo que eu saísse pela porta, quando virei para olhá-la, um lindo vaso de flor estava em suas mãos. — Um moço bem bonito veio deixar pessoalmente.

Sorri boba, já sabendo de quem se tratava, voltando para trás e pegando o bilhete que tinha em cima da flor lilás, que pelo formato, identifiquei ser uma Rosa do deserto, muito linda por sinal.

"Queria te presentear com algo bonito igual a você, mas nada de compararia, então tentei achar uma que ao menos tentasse chegar ao seus pés. Com amor, L."

O sorriso ter ficado maior, foi involuntário, me fazendo morder o lábio sentindo meu coração esquentar.

— Ih pelo sorriso, acho que você já sabe quem é. — Leila alfinetou, e a olhei provavelmente com os olhos brilhando.

— Luciano. — Respondo, suspirando em seguida. — Ela é linda. — Olho para a rosa, fazendo um carinho leve com a ponta dos dedos.

— Igual a você. — Ela disse, me fazendo assentir devagar.

— Bom, me ajuda a por no carro? — Questiono e ela confirmou com a cabeça, já saindo de trás do balcão para me ajudar.

Anotei mentalmente de agradecê-lo pela flor, e de dizer que eu nunca havia recebido uma de nenhum dos meus antigos namorados, aliás a única coisa que recebi deles, foi um coração partido e no mínimo um sexo meia boca.

Me despedi de Leila e entrei no veículo, ainda não contendo o sorriso bobo que me surgia a cada segundo.

*

C
Obrigada pela flor, eu nunca
havia recebido uma na vida.
Foi bem fofo da sua parte, eu amei!

L
Que bom que gostou, Cacau.
Fico feliz em te deixar feliz e em ser
o primeiro a te dar uma flor.
Spoiler: copiei o Rigoni nisso!

C
Pois eu achei bem original.
Eu amei mesmo, jogador ❤️

L
Eu sei que amou, escritora ❤️

**
EU FICO FRACA RAPIDINHO

𝐌𝐞𝐧𝐬𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬 & 𝐁𝐢𝐥𝐡𝐞𝐭𝐞𝐬 ━━ Luciano NevesOnde histórias criam vida. Descubra agora