Twelfth Chapter

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"Cada qual sabe amar a seu modo;
o modo pouco importa,
o essencial é que saiba amar."
Ressurreição

CRIS

O teto do meu quarto, era bem mais atraente que qualquer coisa no recinto, junto com a pouca luz e o restinho das estrelas encandecidas em neon, que meu pai havia colocado quando eu era apaixonada por astrologia — isso com seis ou sete anos—, a anos atrás.

Tinha certeza de que já se passava da hora que eu normalmente dormia, já que o ser de idade que habita em mim, reclama quando passa das nove da noite, mas ainda podia ouvir os carros na rua, e as vozes dos vizinhos, notando que não era tão tarde.

— Filha, ainda acordada? — Ouvi a voz suave da minha mãe, e suas batidas leves na porta, sorri de imediato.

— Ou mãezinha, estou sim, pode entrar. — Respondo, sentando na cama.

Quando ela entrou sorrindo, já vestida de seu pijama e fechando a porta atrás de si, dei espaço para que ela deita-se junto a mim na cama, que apesar de enorme, gostávamos de ficar coladinhas uma na outra. Era bem raro quando dona Sida vinha pra minha cama, ou eu ia pra dela, só quando dava carência.

— O que você tem, gatinha? — Perguntei, fazendo com que ela deitasse em cima dos meus seios, e já sentindo ela abraça-se minha cintura passando a perna entre a minha.

— Estava com saudades de você. — Disse manhosa, me fazendo beijar o topo de sua cabeça e sorrir com aquilo. — Faz tempo que não temos um tempinho nosso, para tomarmos um chá ou ler um livro, ou arruma-los naquela estante que permanece uma bagunça.

— Ai mãe, detesto arrumar aqueles livros, eu sempre bagunço de novo e tem que arrumar de novo. — Digo, já lembrando do ciclo vicioso que aquilo se tornava, fora a preguiça. — Acho uma chatice.

— A filha da Neide, arruma os livros. — Comentou, revirei os olhos e ela já sabia, eu detestava a filha das amigas dela, péssimas. — E não revira o olhos.

— Mãezinha, eu arrumo quando tiveé um tempinho tá bom? — Falei, a apertando mais em mim. — Vamos dormir.

Ela ficou em silêncio e apenas murmurou sua reza, como sempre fazia todas as noites, se aconchegando mais a mim. Puxou o meu perfume e deu um sorrisinho contente, sabendo que eu havia tomado mesmo o banho que ela mandou que eu tomasse antes de deitar, para relaxar do estresse dos novos livros.

— Aquelas estrelas ainda estão alí? — Perguntou, com o cenho franzido, olhando para o meu teto.

— Papai não está aqui para tirar, então deixa lá até elas se jogarem como suicidas. — Dei de ombros.

— Cristiane. — Me repreendeu, e dei uma gargalhada. — Olha a besteira.

— Não me chama pelo meu nome mulher, eu sou Cris e somente isso importa. — A puxei de novo para que pudéssemos dormir, e minha mãe finalmente aquietou o nariz.

Passei a afagar seus cabelos, com alguns fios já brancos da idade, sabendo que logo ela pegaria no sono e me deixaria acordada, como sempre era. Sentia saudades do meu pai — mas jamais confessaria isso a ninguém —, fazia alguns anos que não nos víamos e que não tínhamos notícias, da última vez que fui visitar meus avós no Ceará, ele não estava lá.

𝐌𝐞𝐧𝐬𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬 & 𝐁𝐢𝐥𝐡𝐞𝐭𝐞𝐬 ━━ Luciano NevesOnde histórias criam vida. Descubra agora