Thirtieth-first Chapter

364 31 46
                                    

"Eu era feliz antes de conhecê-lo.
Mas agora estou viva.
São coisas diferentes."
Nicola Yoon, Tudo e Todas as Coisas

LUCIANO

Meu telefone tocava descontroladamente enquanto eu tomava meu banho pra poder ir ao treino, descido ignorar, já que a única pessoas que me ligava assim era a Cris mas seu toque era diferenciado dos outros, para que eu  soubesse quais ignorar e quais atender.

Terminei meu banho, enrolei uma toalha na cintura e caminhei até o quarto novamente, peguei meu celular e vi várias ligações perdidas de Leila, Lirio e Dona Sida. Franzi o cenho e vi mais mensagens subindo na tela, uma atrás da outra, chegando a travar a minha tela de bloqueio.

— O que a Leila quer, meu pai? — Questiono, e como se lesse minha mente, seu nome brilhou na tela em anúncio de mais uma ligação. — Oi futura Gomes, o que rolou? — Digo, ao atender.

Oi Lulu, Cris está com você? — Disse e mais uma vez franzi o cenho confuso, olhando pela janela, checando se seu carro não estava na garagem, não vendo o veículo lá.

— Não Leila, ela saiu cedo e foi na casa da mãe dela, parece que tinha uma visita pra ela. — Respondo, indo ao closet para separar uma roupa. — Ela já deveria estar na livraria uma hora dessas.

Ela não te disse que visita era essa? — Indagou e não respondi tentando lembrar se ela tinha citado, de quem se tratava tal visita, mas não. — Luciano, essa visita era o pai dela e desde que ela o viu, saiu da casa da dona Sida, meio desnorteada e ninguém teve notícias dela.

Meu coração gelou no mesmo segundo, paralisei no lugar e respirei fundo sabendo que não adiantaria muito, já que o ar quis faltar só por não saber onde e como ela estava, minha garganta secou e não ouvi mais o que Leila falava, as únicas coisas que passavam na minha cabeça, eram milhões de hipóteses ruins.

— Tentaram o celular dela? — Pergunto, cortando o que a mulher dizia.

— Já sim, ninguém atende. — Respondeu receosa. — Você poderia tentar, seria de grande ajuda, vai que ela atende você.

— Ok, qualquer notícia que eu tiver eu aviso. — Digo antes de desligar a ligação, pegar qualquer roupa a minha frente e vestir.

Suspirei fundo, sentando à beira da nossa cama e discando seu número, logo vendo "meu cacau 🤍" aparecer na tela, junto com uma foto dela com o cachorrinho que tanto amava. O número começou a chamar e logo caiu na caixa postal, tentei mais algumas vezes e ninguém atendeu, então decidir deixar um recado.

— Amor, sou eu. — Digo, fechando os olhos com força. — Não sei onde você está ou o que está sentindo, nem se está bem. Mas, eu juro que só queria ir a onde você está, pra poder abraçar você, e tirar todas as suas confusões. — Suspiro fundo, me corroendo de preocupação. — Me liga assim que ouvir isso, eu te amo muito cacau, volta pra casa.

Desliguei e me joguei na cama, cantarolando uma música baixa dos Mamonas, tentando afastar os pensamentos pessimistas que vinham a minha mente. Queria muito não lembrar do acidente da Lirio a meses atrás, mas era só isso que se passava a minha mente.

O telefone tocou, com a nossa música favorita e mais uma vez o peito acelerou. Atendi de imediato e esperei ouvir por sua voz, mas não era a dela.

Oi, você é o senhor Luciano? — A voz masculina perguntou, do outro lado da ligação.

— Sim. — Respondo. — O que aconteceu? Cadê a Cris? — Pergunto, temendo não ser uma resposta positiva.

Ouve um acidente, mas ela está bem, está acordada, porém você precisa vir pra cá. — Disse e soltou um longo suspiro. — Sinto muito, mas ela acabou perdendo o bebê.

[...]

Entrei no hospital em completo desespero, não sabia para onde ir ou correr, só queria chegar até ela e dizer que estava tudo bem, que estávamos bem e que iríamos superar tudo o que a nos fosse desafiado. Leila pediu que eu tivesse calma, que ela acabaria o quarto onde ela estava, mas era impossível acalmar um coração aflito.

Meu peito subia e descia rapidamente, da minha respiração descompensada e sem nenhum tipo de ritmo seguido. Os olhos estavam embaçados de um choro contido a muitos minutos, o no na garganta crescia a cada segundo e parecia que eu não pertencia mais ao meu corpo, só me acharia quando estivesse com ela.

— Quarto duzentos e doze. — Leila disse, e me entregou o crachá de visitante familiar. — Naquele corredor. — Apontou na direção que ficava e seguimos até lá.

Respirei fundo na tentativa falha, de conseguir contar todo o turbilhão de emoção que sentia, por tudo o que estava acontecendo ao mesmo tempo. Entendia o porquê de Rigoni ter ficado tão desesperado quando foi a Lirio. Ao abrir a porta, a vi olhando para o teto, chorando em silêncio e com a mão sobre a barriga, aquilo me destruiu.

— Amor. — A chamo, lhe vendo erguer a cabeça e negar devagar. Me aproximei dela rapidamente, lhe envolvendo em meus braços, em um abraço não muito apertado. — Vai ficar tudo bem, nós vamos ficar bem. — Sussurro com a voz embargada.

— Era um menino. — Ela disse em prantos. — Iríamos ter um menino, e eu não... não consegui evitar que ele...

— Ei, não foi culpa sua. — A afasto, segurando em seu queixo e lhe olhando nos olhos, conseguindo sentir toda a dor que ela sentia. — Acidentes de trânsito acontecem, nada disso é culpa sua. — Enxugo suas lágrima e tento sorrir. — Quanto ao bebê, nós vamos superar e passar por isso juntos, ok?

— Ok. — Falou entre um soluço e outro. — Obrigada por estar aqui, eu fiquei desesperada se você. — Me puxou para outro abraço e liberou o choro que já segurava a alguns minutos.

— Eu não vou sair do seu lado, Cacau, eu te amo muito. — A acalentei, fazendo cafuné em seus cabelos, também liberando meu choro junto a ela.

Um filho, um filho nosso. Por mais que não soubéssemos que ela estava grávida e que um menininho era gerado em seu corpo, a dor de saber que o perdemos antes mesmo de tê-lo, é devastadora. Nosso sonho para o futuro — que não está tão distante —, é ter a liberação da médica para poder começar a tentar uma gravidez.

**
puts que triste né

𝐌𝐞𝐧𝐬𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬 & 𝐁𝐢𝐥𝐡𝐞𝐭𝐞𝐬 ━━ Luciano NevesOnde histórias criam vida. Descubra agora