Twenty-third Chapter

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"Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante"
- Clarice Lispector

CRIS

- Planta, como você consegue se sujar tanto de sorvete? - Questiono Lirio, após vê-la toda suja de sorvete de açaí, tal qual, compramos um dos maiores potes que vimos no super mercado. - Pior que você, só o Titi.

- Ainda tá muito sujo? - Perguntou e neguei, a vendo continuar a limpar a boca e as bochechas.

Vilhena havia me intimado a passar a tarde com ela, já que Rigoni havia viajado para ver alguns tios por parte da família paterna, como não queria se sentir sozinha, quase chorou para que eu dormisse aqui esses dias, e assim eu faria sem nem pensar duas vezes. Basicamente, não tinha tanta programação para essa semana, já que minha mãe, optou por também viajar para ver algumas irmãs diabetes.

Dei graças a Deus, vê-la saindo um pouco daquela casa, sem ser para ir somente a feira ou ao mercado, as vezes - bem raramente - dona Sida ia a livraria de livros bem antigos, para ler alguns de seus favoritos, que por conta dos próprios editores do livro, eu não poderia ter na livraria.

- Melhorou? - Lirio voltou a perguntar, me tirando dos devaneios breves e profundos, então a olhei vendo algumas manchas rochas ao redor da boca.

- Melhorou, mas ainda está manchado. - Respondo, e ela passa a limpar o rosto com mais força, parecendo brava. - Assim também não né planta, vai arrancar a pele do rosto? - Nego com a cabeça, me inclinando para ajudá-la a limiar o próprio rosto. - Prontinho.

- Obrigada. - Agradeceu, dando um sorriso em seguida.

A casa estava silenciosa, a não ser pelos sussurros de Pétala com Tiago, no tapete da sala, onde não estávamos tão longe. Vê-la tão crescida, me lembrava de quando ela era bem pequena e me perguntava se poderia ser da mesma cor que eu, por achar bonito e chamativo.

- E o Lulu? - Lirio perguntou, enchendo a boca de sorvete novamente, e se sujando como das outras vezes. - Como vocês vão?

- Acho que bem. - Digo, descendo o olhar para o meu copo com o doce gelado. - Bem até demais para ser verdade.

- E isso é ruim?

- Talvez. - Dou de ombros. - Nos não brigamos, ou nos desentendemos, sempre que a gente está junto, é beijo e sexo. - Falo, em um tom frustrado e estranhamente satisfeito. - Nunca saímos, a não ser para os jogos, estamos sempre nada casa um do outro. - Soltei um longo suspiro da respiração que eu prendia, sem nem notar. - É repetitivo, e você sabe...

- Odeia coisas repetitivas. - Completou e assenti.

Não que eu não gostasse de nós com estávamos, éramos incríveis juntos e era tudo perfeito, mas era só aquilo, como em um conto de fadas que eu temia uma hora acabar, como todos os meus outros "para sempre" acabaram. Luciano nunca discordava de mim, ou nunca deixava nada fora do lugar que eu pudesse reclamar - e quando eu deixo, o mesmo organiza -, é tudo perfeito demais.

Expliquei isso a Lirio, que apenas disse que era somente o início de um relacionamento, ninguém começa já mostrando os defeitos, e sim as qualidades, para que quando os erros pessoais forem expostos, não superam as boas que já conhecemos. Decidi que o silêncio seria a melhor das respostas àquele momento.

- E se você quer algo de diferente, leva ele pra jantar, conversa e sai desse loop que te incomoda. - Ela concluiu e assenti, não negando que era uma ótima ideia.

[...]

- Onde está me levando, cacau? - Luciano perguntou, pela enésima vez mesmo sabendo que eu não o responderia. - Eu já vi filmes de terror assim, então, não me mata, ok?

Rolei os olhos e o ajudei a subir os degraus do jantar que havia preparado para ele no Dec da livraria - que eu também havia acabado de descobrir -, seguindo o conselho da minha amiga, mesmo me achando meio ridícula com tudo aquilo. Está absurdamente tudo bem, mas eu só precisava ter a certeza de que realmente estava, para tirar as dúvidas e incertezas da mente.

- Cris, não me mata, beleza? - Falou e revirei os olhos, mesmo que feliz por ele está sendo irritante o bastante para que eu desejasse o matar. Ele não parou de falar o caminho todo até aqui.

- Cara, você é impaciente demais. - Resmungo, e o vejo fazer um biquinho descontente. O sentei a mesa, e me sentei a sua frente, verificando se estava tudo certo, antes de que o autorizasse retirar a venda. - Ok amor, pode tirar.

Não dei nem dois segundos direito, e ele já havia a retirado e passado a observar o lugar com curiosidade. Sorriu ao ver a mesa a sua frente, me contagiando a dar-lhe um sorriso ainda maior.

- Gostou? - Pergunto, após alguns segundos em completo silêncio. Luciano assentiu ainda sorrindo. - Quis sair um pouco da rotina, não aguentava mais um padrão.

- Espera, que padrão? - Indagou confuso, desfazendo o sorriso e franzindo as sobrancelhas, intensificando ainda mais sua dúvida.

- O padrão que eu digo, é de passar os dias dentro de casa, transando e maratonando desenho antigo. - Respondo, na única tentativa de parecer segura e explicativa. - Não que isso seja um problema, mas...

- Você cansou de passar um tempo comigo? - Me cortou com cuidado, demonstrando estar um pouco perdido com aquilo. - Porque se foi isso, tudo bem, a gente pode dar um tempo separados e fica tudo bem.

Respirei fundo e neguei com a cabeça, não só por rejeitar tal proposta, mas também por estar com medo do rumo daquela conversa.

- Luciano não é isso. - Seguro em suas mãos, ao começar a dizer, as puxando para mais perto de mim sobre a mesa. - Só estou um pouco cansada de apenas ficarmos na casa um do outro, apenas transando e não estou reclamando do sexo, é ótimo. - Respondo, dando ênfase. - Quero experiências novas com
voce, e te conhecer ainda melhor, mas fora das nossas casas.

- Amor está tudo bem, eu também já estava me sufocando nessa rotina. - Disse, me trazendo uma tranquilidade sem tamanho. - R o sexo também é ótimo - sorriu malicioso -, e podemos por em pratica no fim do jantar, o que você acha?

- Acho magnífico.

**

𝐌𝐞𝐧𝐬𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬 & 𝐁𝐢𝐥𝐡𝐞𝐭𝐞𝐬 ━━ Luciano NevesOnde histórias criam vida. Descubra agora