Lauren
Já havia se passado quinze dias. Eu não havia recebido notícia nenhuma de Camila. As noites de sono a partir do décimo dia se tornaram inexistentes. Sono era algo que parecia não existir mais. E não voltaria a existir paz e tranquilidade até que eu soubesse onde Camila estava. O palácio, estava completamente vazio, realmente abandonado. Como fui colocada para cuidar das coisas, resolvi demitir todos, deixarem que seguissem suas vidas em paz. Muitos nobres saíram aos prantos do palácio. Mas sabiam que aquilo seria melhor para todos. Muitos fugiram para a parte da Europa onde tudo estava na mesma.
- Ally, teria como você pedir para o Troy retomar as buscas?
- Lauren... - Ally se sentou ao meu lado me olhando de forma acolhedora. - Já procuramos por elas em todos os lados do país, não achamos nenhum sinal.
- Eu não vou descansar enquanto não achar a minha Camila.
Ally não disse nada, balançou a cabeça concordando. Caminhei até o trono, que antes pertencia a Camila e me sentei nele. Olhei para aquele amplo salão, que sempre estava lotado, agora vazio. Como estava sozinha, me permiti ser levada pela emoção. Comecei a chorar assim que fechei os olhos, ouvi a voz calma de Camila falando com todos naquele lugar, nunca perdendo sua paciência e seu jeito angelical nem nas piores situações.
Em minha mente, vinha as memorias de momentos incríveis que passei o lado de Camila.
A grama recém cortada estava úmida, o cheiro de terra molhada misturado com o de flores frescas foi inalado lentamente. O ar puro do lugar era sem sombra de dúvidas, incrível e tranquilizador. Me deitei na grama do belo jardim que tinha na parte de trás da casa que dividia com Camila. Ela agora estava já deitada na grama a um bom tempo. Fiquei virada para o lado simplesmente observando o quanto Camila era bonita, com aquele belo rosto angelical.
O verão no Canadá era incrível, pelo menos na região em que moravámos, as temperaturas eram agradáveis, nunca quente de mais ou com uma brisa quase fria. Era simplesmente agradável.
- O que foi? - ela perguntou em meio a risadas.
- Você é tão linda.
Suas bochechas coraram, assumindo um tom de vermelho em questão de segundos. Ela esboçou um sorriso constrangido enquanto me observava cuidadosamente. Coloquei uma mecha rebelde de seu cabelo por trás de sua orelha. Assim que ficamos mais próximas, beijei seus lábios macios lentamente.
- Preciso confessar uma coisa. - Camila falou se sentando na grama com as pernas em meu colo.
- Pode confessar, estou pronta para ouvir de tudo. - respondi sorrindo.
- Eu quero passar minha vida toda ao seu lado, não importa onde e como. Desde que eu saiba que ao acordar eu terei você, serei eternamente feliz.
Senti um aperto no peito ao lembrar dessa sua frase. Camila sempre gritou aos quatro ventos o quanto me amava. E muitas vezes, eu agia na grosseria com ela. Sempre a afastava por causa de meu mau humor. Me arrependo de não ter me declarado par aela da mesma forma nesse dia. Simplesmente sorri e afaguei seu cabelo. Eu deveria ter a amado mais.
Me levantei assim que lembrei que o palácio tinha uma capela. Nunca fui religiosa. Mas por Camila, eu apelo até a fazer uma missa. Construir uma igreja. Desde que Deus faça com que eu tenha chance de abraçá-la novamente. Não sabia onde ficava esse lugar, andei por um bom tempo até encontrá-lo. Reparei que suas portas estavam abertas e eu ouvia algum múrmurio baixo.
- Por favor Deus, eu nunca acreditei em você. Mas sempre soube que você está aqui, senhor, me devolva a Dinah. Prometo me tornar a serva mais fiel, até os últimos dias de minha vida.
Era Normani. A tão cética Normani, estava ajoelhada na frente de uma imagem com um terço na mão. Ela não parecia saber o que dizer, mas assim que me aproximei, pude notar que ela chorava enquanto conversava. Me aproximei cuidadosamente me ajoelhando ao seu lado. Fechei os olhos e uni minhas mãos.
- Deus, eu não sei como começar. Mas me perdoe por todos meus pecados. Sei que segundo a bíblia homem tem que ficar com mulher. Mas sei que o Senhor acredita no amor, então, se eu amo Camila e ela me faz feliz, o senhor aceita o nosso amor.
Parei de orar assim que Normani segurou minha mão, a olhei e ambas estavámos com lágrimas nos olhos. Nossas mãos se enrolaram enquanto dividíamos aquele terço. Nossas orações foram se misturando, o desespero era tanto que nós duas que nunca seguimos nenhuma religião estavámos ali, ajoelhadas, pedindo para que Deus devolvessem que nós amamos.
- Prometo que serei mais grata, serei fiel, mas por favor, devolva a minha Camila.
Quando terminei de orar, me levantei, Normani um tempo depois repetiu o ato. Nos abraçamos e ficamos sentadas por um bom tempo observando os detalhes daquela capela.
- Ally estaria orgulhosa de nós agora. - comentei forçando um sorriso. - Ela sempre quis que antes de qualquer coisa que fossemos fazer, orassemos. E aqui estamos nós.
- Você tinha que ver a alegria da baixinha quando pedi um terço emprestado. - Normani gargalhou.
- Ela deve ter achado que era alguma piada.
Nós duas ficamos ali, pela primeira vez em dia Normani estava sorrindo. Nós duas depois de um bom tempo, achamos algo que nos faria rir. Como se Dinah e Camila estivessem bem.
- Vamos sair desse lugar, não vamos exagerar. - falei me levantando do banco.
- Espero que Deus pelo menos nos mande um sinal delas, de onde elas estão. Ou que aconteça algum milagre. - Normani falou olhando para uma das imagens de santos.
Saímos da capela andando pelo palácio vazio. Aquele lugar sem guardas ao lado de portas. Sem saber quando Austin iria fazer alguma idiotice, simplesmente para nos tirar do sério. Sem nobres fofoqueiros, observando os passos até das serviçais para poderem falar alguma idiotice. Ou sempre viver em alerta por ataques de rebeldes. O palácio agora parecia um mausoléo mal assombrado.
- Vou dar uma volta no jardim, ver se acho algo... Interessante. - Normani falou caminhando em direção oposta.
Continuei caminhando por aquele lugar vazio, sem um real rumo. Desci os vários níveis de escada, até chegar ao subsolo. Onde era o depósito. Ali tinha grãos o suficiente para alimentar o povo por meses. Fui até a cozinha, sentei em uma banqueta do balcão logo depois de fazer uma xícara de chá. Enquanto esperava esfriar, ouvi um som vindo de um dos armários.
- Mas o que é...
Me abaixei na direção do armário que estava mais próximo, não encontrei nada, me ajoelhei no chão para ficar mais próxima do som e poder identificar o que era. Parecia alguém chorando. Abri outra porta do armário e me assustei com o que encontrei.
[NOTA: em itálico são lembranças da Lauren com a Camila, esse capítulo estava ficando longo, então, para alegria de vocês, vou escrever mais um capítulo, que seria continuação desse]
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Royal Or Rebel II
Fanfiction[Continuação da fanfic Royal Or Rebel] Tudo começou por volta de três anos atrás, Lauren Jauregui era uma grande revolucionária que tinha como objetivo destruir o reinado da família Cabello. Mas, quando ela e Camila se encontraram a primeira vez em...