Aquele que poderia ter sido| parte 3

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Eles começaram pela exposição, o show dos alunos seria mais no final da noite

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Eles começaram pela exposição, o show dos alunos seria mais no final da noite. Gwyn estava se sentindo uma guia turística. Uma chata que não parava de falar.

Mas havia algo animado nela hoje, como se fosse ser uma noite que ela podia respirar fundo livremente, não estava mais se afogando e seus pulmões não estavam enchendo de água, podia ver as estrelas ali em cima e falar, como havia sentido falta de falar, de sorrir, e sentir.

Então ele que a perdoasse, mas ela falaria na cabeça dele. Na verdade, estava apenas lendo as descrições nas obras, as pequenas reflexões por trás das telas ou esculturas, e Azriel parecia atento à fala dela, entregando alguns acenos positivos e pequenos sorrisos durante o tempo.

Quando chegou ao quinto quadro resolveu fazer uma pausa. Ela estava se perguntando da onde vinha essa quase coragem, de falar com ele, de retribuir o olhar dele, não estava sentindo seu rosto mais quente que o normal, não estava tão intimidada pelo olhar que recebia dele, era quase como se estivesse se acostumando a ele.

Gwyn estava tão concentrada nos pensamentos que não começou a ler o papel da próxima obra, quando se deu conta abriu a boca para começar, mas ele foi mais rápido e a voz baixa, rouca, constante e firme encheu os ouvidos dela. Desviou os olhos do papel e o olhou, parecia centrado na leitura, deixou o olhar passear pelo rosto dele, que totalmente de lado para ela, era o único momento que poderia olha-lo sem reservas. 

A curva do maxilar marcado, a boca desenhada, a sobrancelha grossa, mas parecia cuidada, a linha abaixo dos olhos com  suaves marcas de falta de sono. Ela as conhecia bem, demorou para conseguir elimina-las, mas elas ainda faziam visitas. Depois desceu um pouco para o pescoço, o ponto de encontro entre ele, a orelha e o cabelo, parecia tudo perfeitamente delimitado, como se alguém tivesse pego um pincel e ficado horas trabalhando para um trabalho perfeito.

A leitura acabou e o olhar dela foi pego. Alguns segundos e eles ainda olhando um para o outro, Gwyn podia sentir o rosto começar a esquentar, o frio na barriga aumentar, pequenas pontadas de nervosismo aparecendo, logo não conseguiria mais desviar, daqui a pouco ficaria perdida em como os olhos castanhos dele pareciam avelãs, em como queria descobrir tudo por trás dos fios mais claros que deixavam a íris.

- Você canta? - perguntou sem pensar, tentando sair do transe que estava entrando.

Sentiu as bochechas corarem mais. Só porque era uma pensamento recorrente desde que falaram de música, não era necessário verbalizar em um momento como esse. Eles não eram amigos o suficiente para essa pergunta. Mas novamente, aquela noite estava sendo algo diferente e precisava que ele parasse de olhar daquele jeito para ela.

- Por que você pergunta? - devolveu suave, ela sentiu ali uma leve sugestão de brincadeira. Era bom, pelo menos não ficou constrangido e ela não havia feito nada de errado, relaxou a postura.

O fitou, não intensamente, o objetivo era evitar a intensidade.

O que iria responder? Perguntei porque sua voz é linda e estou curiosa sobre isso, e gosto de ficar curiosa. Senti falta de ser curiosa. Péssima resposta.

AU| GWYNRIEL | CONTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora