××× Ludmilla Oliveria ×××
Eu tinha apenas uma chance. Uma chance de tentar.
Era agora ou nunca.
-- Uma semana. - Sibilei, com minha mandíbula dolorida de tão tensa. - Eu te dou a porra de uma semana para trazer a carga de volta.
-- Obrigado, chefe. Eu jamais a desapontarei de novo. - O homem se ajoelhou, agradecendo e aos prantos.
-- Se levante e saia. - Bufei. - Eu não sou ninguém para ser adorado. - Ele engoliu em seco e saiu tropicando da sala.
Voltei a sentar na velha e confortável cadeira do meu escritório velho e imundo. Aquilo cheirava a cigarro, bebida e drogas. Aquele local era mais antigo que a minha avó - e ela tinha morrido há muito tempo. As paredes ainda tinha papel de parede. Quem usa essa droga hoje em dia?!
-- Ludmilla, eu preciso de um favor seu. - Marcos entrou na sala, sem avisar.
-- Quem eu preciso torturar agora? - Perguntei, sorrindo ironicamente para o meu melhor amigo.
-- Preciso que busque Natalie na escola de novo, estou acabando a confirmação de carga do Canadá. - Explicou-se.
-- Sim senhor. - Grunhi, me levantando da cadeira e me esticando. - Eu estou com saudades da minha sobrinha favorita.
-- Sem lugares perigosos, nem bebidas e muito menos pessoas. - Avisou, como o pai protetor que era.
-- Pode deixar, Marcos, eu sei cuidar de quem eu amo. - Soquei ele no ombro e sai, descendo as escadas e saindo do prédio velho.
Entrei no meu carro, me dirigindo para a escola da minha sobrinha de consideração, me lembrando de quando Marcos me contou sobre ela e Gabriel - o namorado dele e filho do dono da boate mais famosa de NY.
Natalie era um amor de menina, tinha 14 anos e era tão pura quanto uma criança e mais inteligente que eu. Tinha olhos grandes azuis e o cabelo platinado nos ombros. Era alta e muito magra, dando sensação de que ela era bem frágil - sendo que aquela garota era apersonificação do forte. Não era filha biológica nem de Gabriel, e nem deMarcos.
Foi encontrada anos atrás na porta da boate por Gabriel, sua mãe morta na outra esquina -Natalie era um mistério o qual nunca conseguimos desvendar. Então desde que Marcos começou namorar Gabriel, bem ciente de Natalie, ela virou sua filha e minha sobrinha.
-- Tia! - Ela sorriu ao me ver na porta da escola. - Achei que Marcos vinha me buscar.
-- Se quiser eu te deixo aí. - Mostrei a língua para ela e rimos. - Entra aí, Lili. - Ela abriu a porta e se ajeitou no banco, deixando a mochila no colo e colocando o cinto.
-- Tenho que te deixar em casa e ir direto para a Boate. - Dei partida, falando mais comigo mesmo do quê com ela.
-- Eu posso ir lá com você. - Ela deu dois tapinhas no meu braço. - Fique tranquila.
-- Seu pai vai ficar puto comigo. - Natalie riu.
-- Faz tempo que eu não visito o trabalho do papai. Por favooooor!
-- Marcos quer segurança para você e aprovou você ir para escola no turno da noite? - Eu ri comigo mesmo.
-- Pode usar isso ao seu favor. - Ela analisou. - Então? - Suspirei.
-- Ainda acho melhor não.
-- Por favoooooooooor! - Pediu ela, os olhos expressivos e bem abertos.