××× Ludmilla Oliveira×××-- As amigas da Natalie também estão te encarando estranho? - Perguntou Caio baixinho, no canto de uma sala lotada de vestidos.
-- Por que você acha que eu tô escondido aqui? - Arqueei as sobrancelhas. Rimos em conjunto.
-- Caio! - Brunna apareceu, e cruzou os braços ao encontrá-lo juntamente a mim. Escondidos atrás de milhares de manequins vestidos com roupas brilhantes, coloridas e caras. - Eu estava te procurando!
-- Desculpa, amor, é só que... as amigas da Natalie são... muito...
-- Necessitadas de um calmante para hormônios? - Sugeri.
-- Ludmilla! - Brunna exclamou. Nós três rimos com gosto.
-- É, basicamente. - Caio disse, parando de rir. - Mas porquê estava me procurando?
-- É para vocês dois tirarem as medidas dos roupa de voces. - Ela deu um sorrisinho. - Vamos? - Eu e Caio reclamamos, mas fomos. A loira foi nos guiando pela casa chique da costureira, enquanto eu e meu amigo íamos atrás.
-- Eu nem acredito que eu e Brunna namoramos há cinco meses. - Cochichou Caio para mim. Eu apenas assenti e sorri.
A cada dia que passava eu ficava melhor em esconder meus sorrisos irônicos e comentários. É óbvio que era um inferno quando eles começavam a ser um casalzinho meloso e eu não conseguia fazer mais nada a não ser sair do ambiente e ir fumar. Os últimos cinco meses iam bem. Conseguimos mais socios para entrando nos nossos negócios, estávamos vendendo bem. Natalie não parava de falar da sua festa, e como estava muito ansiosa para tudo dar certo. Eu continuava na mesma, transando quase toda semana com uma nova puta que Gabriel contratava. Todas elas eram ótimas distrações para depois que eu assistia os shows solos semanais de Brunna.
Porém no quarto mês de namoro ela virou apenas bartender. O que foi pior ainda, porque quando eu queria beber, a maioria das vezes, tinha que fazer mais do que apenas trocar olhares com ela. Era constrangedor e chato. Tanto é que comecei a só beber quando alguém ia comigo e pedia. Era estressante. O sexo não havia apagado nada entre nós. Absolutamente nada. Só tinha aumentado. O equivalente a jogar gasolina no circo que já estava pegando fogo. O que era uma desgraça. Pois eu amava Caio, e sentia alguma... coisa, pela Brunna.
Teve também momentos que, ao lembrar, eu sorria sozinho com um copo de whisky, ou um cigarro. Toda vez que ficava sozinho suas imagens viam a minha cabeça com uma força sobrenatural. Brunna vinha numa enxurrada e eu não conseguia parar de pensar nela se não fosse trabalhar ou dormir. Se bem que quando eu dormia eu sempre sonhava com a loira linda, gostosa e maldita de tão sensual. Tinha ficado com praticamente todas as putas do Brooklyn. E depois de Manhattan. Passei uma semana sem beber, e depois uma semana inteira bebendo. Fiquei sem fumar por duas semanas, e depois duas semanas fumando direto. Nada aconteceu. Absolutamente nada. Nada. Isso era o que mais me desesperava.
Eu havia cansado de ir falar com Marcos e ouvir o mesmo "Ela é namorada de Caio, blá blá blá blá". Natalie eu preferia nem comentar, Gabriel não era assim tão próximo de mim e Paty nem se fale. Caio nem no meu leito de morte. Ou seja, cada vez que eu guardava um olhar mais demorado, ou uma mordida de lábio... Alguma coisa... Deus. Eu enlouquecia. Estava totalmente maluca. É isso. Brunna seria a causa da minha ida - que estava bem próxima - ao hospício. Diabo de mulher.
-- Ludmilla. - Brunna chegou perto assim que Caio foi tirar as medidas.
-- Hum? - Parei de fitar algo e me perder em pensamentos, olhando para a loira.
-- Eu... queria te agradecer. - Ela sorriu. Franzi o cenho, confusa.
-- Por?
-- Por deixar minha mãe sóbria há quase seis meses. - Ela tocou no meu antebraço. - De
verdade.-- Um favor pelo outro. - Desencostei dela. - Vou fumar. - Me virei, andando para fora, mas fui puxada.
-- Não! Ludmilla, isso é ruim! - Alertou Brunna.
-- E daí? - Dei de ombros, e puxei meu braço para perto.
-- E daí que faz mal. Você precisa parar.
-- Não, não preciso. - Me virei, e disse por cima do ombro: - não me siga.
Eram, sem dúvida os cinco meses mais estressantes de toda a minha vida. O que era uma merda. Porque eu jurei para mim mesma nunca ficar de joelhos por ninguém. E, no momento, eu estava, no mínimo, lambendo os pés de Brunna.
××× Brunna Gonçalves ××
-- Nós temos que fazer algo para... apimentar nossos relacionamento. - Disse Caio, ao sair do banho.
-- Hã... precisamos? - Abaixei a revista que tinha pego no consultório dele. E me sentei na cama.
-- Uhum. - O loiro continuou em pé. Dei um sorriso amarelo. Droga.
Depois que eu transei a primeira vez com Caio - depois que completamos um mês de namoro - tinha sido mais fácil. Eu percebi que amava Caio. De verdade, mas não... não daquele jeito. Mas tudo estava tão pacato e... uniforme. Ninguém usando drogas, ninguém em perigo, todos felizes... Eu queria aquilo para sempre. A cada mês que passavaPaty fazia um novo discurso do como Caio era maravilhoso e eu devia me casar com ele, fazer uma faculdade, ter outro emprego, ter filhos... Uma vida normal. Mas eu não queria. Eu não queria mais uma coisa que eu sonhava desde que o meu pai morreu.
Eu nunca gostei de Caio, não do modo como ele gostava de mim. O primeiro eu te amo que eu disse para ele foi depois de ele dizer que me amava, e por impulso. Odiava iludir Caio, pois ele era uma pessoa maravilhosa. Literalmente fantástica. O namorado que todo mundo deveria ter e querer. Mas eu o tinha, e não o queria. Nunca quis. O sexo nunca foi muito presente, por mais que Caio fosse lindo e sexy, e fosse, sim, bom de cama, eu não o queria. Nunca quis. Estava feliz, mas infeliz ao mesmo tempo. Sabia que ele era o melhor para mim. Todo mundo me lembrava disso a todo momento. Mas, mesmo assim, eu não queria. Isso estava me matando.
-- O que acha de brinquedos? - Perguntou ele, me acordando dos meus piores pensamentos.
-- Nah. - Neguei com a cabeça.
-- Troca de casais?
-- Uh-hm.
-- Hã... Ménage? - Caio teve minha atenção para ele.
-- Ménage?
-- É. - Ele deu de ombros.
-- Pode ser com mais um homem ou uma mulher ? - Perguntei, engolindo em seco. Ele assentiu.
-- Alguém em mente?
-- Não. - Menti, menti na cara dura.
Tinha uma pessoa na cabeça há meses. Desde sempre. Mas não poderia dar a sugestão, ou falar. O nome de Ludmilla estava na ponta da língua. Mas era errado. Muito errado. Ainda queria Ludmilla. Ainda lembrava da noite legal de conversas que passamos, e... do sexo. Meu Deus. Eu estava sempre pensando nela. Sabia que a morena me odiava, não fazia a mínima idéia do porquê. Mas sei que odiava.
-- E que tal o Ludmilla?
-- O quê? - Quase engasguei.
-- E se a gente convidasse o Ludmilla para o ménage?