××× Brunna Gonçalves×××.
-- Casamento? - Repetir, arqueando uma sobrancelha para Paty. pensando no trabalho, ambos atrás do balcão e servindo.
-- Sim! Vai ser no cartório. E uma festinha, só a gente mesmo. - Disse ela após servir duas doses de tequila.
-- A gente quem? - Perguntei, engolindo em seco. Não sei se estava preparada para encarar Ludmilla após o tempo que eu passei com ela.
-- Gabriel e Marcos, óbvio. Natalie, eu, você, Caio e Ludmilla.
Engoli em seco. Respirando fundo.
Fazia duas semanas quais não me encontramos com Ludmilla. E em três dias teria-la como se nada tivesse encar. Nunca.
Meu namoro com o Caio apenas decaiu. Fazia mais de um mês que a gente não transava - por pura culpa minha. Eu tinha tesão nele, não conseguia mais fingir. Nem que gostava de Caio.
Ele era uma pessoa tão maravilhosa e ideal...
Mas Ludmilla. Ela era o contrário do que eu necessitava. E mesmo assim, eu precisava dela também... Inferno de coração.
Acordei dos meus pensamentos, fazendo uma sangria e dando para uma mulher sentada no bar, que havia pedido há alguns minutos.
-- Você vai, né? - Paty perguntou retoricamente.
-- Me mostra uma tetinha gostosa, e eu te dou um aumento. - Disse uma cara, meio bêbado no balcão.
Paty revirou os olhos e mostrou o dedo do meio.
-- Vai pro inferno.
E no fim, eu iria no casamento. E talvez pro inferno também.
××× Ludmilla Oliveira ×××
Marcos estava me ligando pelo que parecia u terceira vez em cinco minutos.
-- Caralho, que foi? - Atendo, puta. Odiava ser atrapalhada quando estava fazendo coisas importante. E, no momento, eu estava prestes a arrancar a cabeça de alguém.
-- Meu casamento é em menos de meia-hora! - Exclamou meu melhor amigo.
O casamento. O Bendito Casamento. Quando Marcos foi me contar sobre a decisão tomada por ele e Gabriel estava nervoso. Tremia mais que a porra de uma vara verde, e isso deixou tudo mais divertido. Pois Marcos tinha senso de humor quando 1: estava bêbado e 2: quando estava MUITO bêbado. Tirando isso era sério ou tempo todo, e de vez em quando soltava alguma piadinha sarcástica.
Fiquei sabendo que Brunna estaria lá, e só de pensar estava ansiosa.
Queria provar para ela que aquilo não tinha sido nada. Que tinha usado-a exatamente como ela me usou. Um brinquedo, uma distração. E manter a postura com Caio era difícil.Brunna havia estragada minha amizade de anos, estragos do meu cérebro.(que pensava nela a cada cinco segundos) e o pior, estragado meu pau. Só conseguia ficar dura pensando nela, e só conseguia gozar se minha mente estivesse certa de que era Brunna. E não uma mulher aleatória que eu tinha achado pra preencher o vazio imenso que eu estava sentindo.
Odiava Brunna.
Odiava querê-la.
Odiava o modo como seu perfume provoca coisas indescritíveis na minha mente, e odiava mais ainda como sua presença mexia com o meu peito e meu baixo ventre.
-- Vou estar ai. -Desliguei, quando um dos caras do que trabalhavam pra mim trouxe o desgraçado - Feche a porta . - Disse a Mathias. Ele obedeceu, e Cooper se ajoelhou, choramingando.
-- P-Por favor.
-- Eu dei a porra de uma ordem expressa para não vender para Mia Gonçalves. - Levantei e bati na mesa. - A PORRA DE UMA ORDEM EXPRESSA.
-- E-eu sei só q...
-- Só que você vsi sofrer as consequências. E bem pior que as anteriores . - Me abaixei no chão, engatilhando a pistola. - Sabe onde está Mia Gonçalves?
Ele engoliu em seco. Lágrimas escorrendo de seus olhos.
-- N-Não... Não senhora.
-- ESTÁ MORTA! - Gritei, me virando e chutando minha mesa. - MORTA, PORRA!
Cooper começou a chorar.
Fechei os olhos, respirando fundo.
-- Mia está morta. Sabe como... ... como a filha dela se sente? Sabe como foi recebe- la encharcada em casa no meio da madrugada? Chorando? Vulnerável?
-- Como o quê? -u baixinho.
-- Como você é um ser humano desprezivel.
Descontando minha raiva em Cooper, atirei em sua nuca. Apenas uma vez só.
Abri a porta e chamei por Mathias, que arregalou os olhos ao ver o sangue e o corpo morto no meu escritório.
-- Limpe isso. - Disse apenas, e saí para o casamento de Marcos.
××× Brunna Gonçalves×××
O casamento emocionante. E a festa estava sendo divertida. Se eu não tivesse todos à minha volta por ter tido uma tontura.
-- Está bem mesmo?
-- Tô, Paty. - Me levantei. - Não é nada.
Tinha um mal-estar com frequência. Era um fato, já que eu quase não comia, não depois de tantas merdas. Eu só não sentia fome.
Ludmilla estava longe, até o momento que Caio foi ao banheiro. Ela voltou da varanda - onde foi fumar. E então me mirou e veio até mim. Parando ao meu lado, como se não estivéssemos conversando.
-- Eu descobri quem vendeu drogas pra sua mãe. - Sussurrou. Meu coração deu um pulo.
-- O quê? Quem é?
Ludmilla me passou o celular na foto de um cara caído, com uma bala na nuca. Sangue. Carne. Veias. Pelé. Morte.
Toda a comida que havia engolido voltou.
-- A pergunta certa é quem ele era . - Disse Ludmilla para mim.
Então eu só corri até o banheiro, e vomitei. De nojo, por meu estômago estar ruim e minha saúde estar pior ainda. O corpo e o sangue ainda pairavam nas minhas memórias frescas. Aquilo me arrepiou e me fez esvaziar o estômago novamente.
Nada pode piorar.
Estar com Caio era cômodo, e aceito por todos. Era fácil. Chato, entediante, porém era fácil. Enquanto Ludmilla era uma turbulência.
Só de pensar em me movimentar eu vomitei novamente.
Fechei os olhos e respiro fundo.
E sabia que minhas chances de ser feliz tinham escorrido pelos meus dedos.
Eu seria infeliz para sempre. Isso já era um fato para aceitar.