Tulipa Potter e o Prisioneiro de Azkaban

Capítulo 22 - O último maroto?

Remo Lupin narrando

Eu sempre pude dividir a minha vida em fases bem definidas, algumas melhores e outras piores. Havia o período antes de eu ser mordido e virar um lobisomem, eu não lembrava de nada dessa época por ser muito novo. Depois da mordida foi um período sombrio da minha vida, em que eu me sentia um monstro e a pior das criaturas que já andou pela terra.

Quando eu fui para Hogwarts e entrei para os Marotos a minha vida voltou a ter cores, eu fazia parte de um grupo, o melhor dos grupos, o primeiro lugar onde eu fui verdadeiramente aceito. Sendo parte dos marotos eu me sentia apenas como outro estudante em Hogwarts, lembro que eu morri de medo deles não quererem mais ser meus amigos ao descobrirem que eu era um lobisomem, eu chorei tanto, achei que teria que ir embora de Hogwarts... mas eles me entenderam, me aceitaram, até viraram animagos por mim.

Havia James o nosso líder destemido, ele era um divertido, despreocupado, mimado e o cara que poderia ter sido amigo de qualquer um, mas decidiu se juntar ao maior grupo de desajustado que já pisou em Hogwarts e nos tornar algo especial. Depois havia Sirius que era praticamente o irmão de James em tudo menos do sangue, que desafiava constantemente todos os preconceitos da sua família purista e que adorava quebrar as regras com uma paixão ardente. O último membro dos marotos era Pedro Pettigrew, o garoto gordinho e engraçado do grupo, que tinha um coração enorme e um talento para encontrar passagens secretas e esconderijos. Olhando para trás eu sei que o momento da minha vida que eu fui mais feliz foram naqueles 7 anos em Hogwarts.

O próximo período marcante da minha vida foi a guerra, o pós Hogwarts. É claro que nós 4 entramos na Ordem de Fenix, nós eramos jovens cheios de ideias e muito inocentes para entender o quanto a guerra impactaria a nossa vida. Os nossos amigos estavam morrendo, pessoas próximas e que conhecíamos de vista, sempre que nos encontrávamos o assunto era sobre a última pessoa que morreu. Nós entramos para a Ordem de Fenix juntos, mas as nossas missões individuais faziam com que quase não nos víssemos.

Eu devia me aproximar dos lobisomens, descobrir o que Voldemort tramava, tentar atrair o máximo deles para o nosso lado, era difícil. Depois Voldemort começou a caçar os Potter, James e Lilly tiveram que se esconder e a única pessoa que sabia da localização deles era Sirius... Sirius que naquela época se tornara o meu mundo, Sirius que muitos sussurravam por toda a sua família, Sirius que eu defendia com unhas e dentes, o mesmo Sirius que era a pessoa que eu mais amava, a pessoa que sussurrava planos de viagens e para o futuro no meu ouvindo antes de eu dormir. Havia Pedro tão assustado, com tanto medo da guerra e ainda assim fazendo a sua parte, ainda assim lutando pelo nosso lado como o verdadeiro Grifinório que foi.

O assassinato dos Potter foi outro dos terríveis grandes marcos da minha vida, um momento que eu nunca vou poder pensar sem sofrer. Em uma mesma noite a minha vida girou em 360º e me deixou sem rumo. James e Lilly foram assassinados, Tulipa derrotara Voldemort e acabara com a guerra, Dumbledore colocou Tulipa sob a sua proteção, Sirius traiu os Potter e entregou a localização deles para Voldemort, Pedro descobriu e juntou toda a sua coragem para confrontar Sirius, Sirius matou Pedro. Em uma única noite James e Pedro foram assassinados, Sirius traiu todos nós e foi para Azkaban e eu me tornei o último dos marotos. Que destino cruel que nenhum de nós jamais imaginou.

Nos últimos anos após a morte dos Potter eu não vivi, não de verdade. Eu apenas sobrevivi, como uma sombra do homem que um dia eu fui. Aceitando empregos temporários e mau pagos, mudando de emprego a cada poucos meses quando a minha condição de lobisomem se tornava obvio, vivendo na minha própria auto piedade.

Ironicamente foi Sirius quem mudou tudo, era incrível como mesmo estando a anos sem nos falar ele conseguia abalar todo o meu mundo. Ele fez impensável e fugiu de Azkaban, o primeiro a realizar tamanho feito. Por algum tempo eu vivi momentos de medo intenso, eu tinha medo que ele viesse me procurar, do que ele falaria do que eu faria... Ao mesmo tempo eu esperava que ele me procurasse e o completo sumiço dele me desconcertava. Mesmo estando anos longe um do outro ele ainda tem esse efeito em mim.