29. Felizes...

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Harry Potter
 


A guerra já se arrastava por longos meses. Para mim, o tempo parecia passar de maneira estranha, diferente de qualquer coisa que eu já havia vivido antes. Eu estava preso naquela cabana, protegido por feitiços de ocultação, enquanto o caos rugia do lado de fora. Cada segundo ali era uma tortura, uma lembrança constante de que, enquanto eu estava escondido, meus amigos estavam lutando. Amigos que tinham família, pessoas que amavam, e que estavam arriscando suas vidas por uma guerra que deveria ser minha. Eu me sentia um covarde.
 
O Harry que eu conhecia não era de fugir. O Harry que eu sempre fui lutava por quem amava, colocava sua vida em risco antes de deixar alguém sofrer sozinho. Mas ali estava eu, me escondendo enquanto eles lutavam.
 
Era o nosso último dia na cabana, Draco e eu. O clima parecia refletir meu estado de espírito: frio, com nuvens densas e um vento implacável que soprava lá fora. Draco estava concentrado, com os olhos fixos em um livro que ele lia em silêncio, sentado em uma poltrona perto da lareira. Eu, por outro lado, estava afundado em meus pensamentos, perdido em um turbilhão de culpa que me sufocava. A distância emocional entre nós parecia grande naquele momento, embora estivéssemos na mesma sala.
 
Eu deveria estar lá fora, com eles, lutando. Deveria ser corajoso o suficiente para deixar esse lugar, correr o risco. E, acima de tudo, deveria ser honesto com Draco sobre tudo. Quem éramos, o que sentíamos, e a possibilidade de ele recuperar suas memórias.
 
— Você está bem? — A voz de Draco me tirou do devaneio, fazendo-me encará-lo. Seus olhos azuis céu eram penetrantes, difíceis de evitar.
 
— Sim, estou — menti.
 
Ele fechou o livro, colocando-o de lado. — Não parece.
 
Suspirei, desviando o olhar. — Só... estou pensando.
 
— Sobre a guerra? — Ele perguntou, e eu apenas concordei com um aceno lento.
 
— Eu deveria estar lá. Não deveria deixá-los lutarem sozinhos.
 
Draco me olhou por um momento, seus olhos suavizando. — Você não precisa lutar todas as guerras, Harry.
 
— Mas me sinto um covarde, por estar aqui, enquanto eles...
 
Ele inclinou-se ligeiramente para a frente, interrompendo-me. — Você está aqui por uma razão, não está?
 
Desviei os olhos novamente, sentindo o peso das palavras se acumulando em minha garganta. — Para proteger você.
 
Era sempre difícil manter a frieza quando se tratava de Draco. Ele mexia comigo de uma forma que ninguém mais conseguia. O toque sutil das emoções que surgiam sempre que eu o via... Era como ser um adolescente outra vez, cheio de hormônios incontroláveis.
 
— Está tudo bem se sentir assim, Harry. Mas não se culpe, ok? — Ele disse com uma gentileza rara, uma que eu não ouvia com frequência de seus lábios. — Você já fez mais por esse mundo do que qualquer um jamais sonhou. Uma batalha não vai mudar isso.
 
Eu sorri, agradecendo em silêncio. Draco podia ser muitas coisas, mas naquele momento ele era exatamente o que eu precisava.
 
— Já que estamos sendo sinceros... — comecei, hesitante. — Acho que há algo que eu deveria te contar há muito tempo.
 
Ele apenas me olhou, esperando que eu continuasse. O silêncio se instalou entre nós, espesso e carregado.
 
— Nós... não éramos só amigos, Draco. Nós éramos um casal.
 
Por um momento, ele me olhou com uma expressão neutra, sem surpresa. — Era isso?
 
Eu pisquei, surpreso. — Como assim "era isso"?
 
Ele voltou a pegar o livro, sorrindo de lado. — Harry, você não é exatamente discreto quando me olha. Eu já tinha percebido faz um tempo.
 
Eu podia sentir o calor subir ao meu rosto. Merda, eu estava corando.
 
— Por que nunca disse nada?
 
— Porque você não disse nada — ele deu de ombros, folheando algumas páginas sem ler. — Achei que, se você não mencionou, era melhor deixar assim.
 
— Mas...
 
— Harry — ele interrompeu, desta vez com um olhar firme. — Não surta, tá? Eu estou bem com isso. Vamos dar um jeito nisso, de um jeito ou de outro.
 
Suspirei, mais aliviado do que jamais pensei que estaria. Talvez eu não fosse tão bom em guardar segredos quanto eu imaginava.
 
A paz momentânea foi interrompida quando o patrono de Hermione chegou, informando que a batalha estava próxima do fim. Finalmente, podíamos deixar aquele esconderijo.
 
Draco e eu nos preparávamos para aparatar até o quintal dos Weasley, onde Narcissa nos esperava ansiosa, acompanhada de outros rostos familiares. Antes de partir, entreguei uma poção a Draco.
 
— Tome isso — disse, oferecendo-lhe o frasco.
 
Ele franziu a testa. — Como você...?
 
— Você sempre fica enjoado quando aparata.
 
Ele sorriu suavemente, aceitando a poção. — Obrigado.
 
Assim que chegamos à Toca, fomos recebidos com abraços calorosos, sorrisos e um alívio palpável no ar. Estar ali, entre amigos e familiares, me fez perceber o quanto eu sentia falta disso: do riso, do toque humano, do conforto que só os entes queridos podiam oferecer.
 
Eu sabia que as próximas horas seriam difíceis, especialmente com a proposta de Hermione de tentar restaurar as memórias de Draco. A sala ficou em um silêncio tenso enquanto ela explicava o processo, deixando claro que seria doloroso, talvez mais do que qualquer um de nós esperava.
 
O tempo pareceu se arrastar enquanto eu segurava a mão de Draco durante o feitiço. Ele lutava contra a dor, e eu estava ali, sendo sua âncora, enquanto sua mãe e amigos assistiam impotentes. Eu sabia que isso poderia ser nossa única chance, mas ver o sofrimento nos olhos de Draco me despedaçava.
 
Quando finalmente acabou, o alívio foi instantâneo. O feitiço havia funcionado. Draco estava de volta.
 
E enquanto ele se recuperava, deitado em meus braços, senti uma chama de esperança acender em mim. O mundo podia desabar ao nosso redor, mas com Draco ao meu lado, eu sabia que poderíamos enfrentar qualquer coisa.
 
Depois que o jantar ficou pronto, Draco já havia tomado banho e descansado um pouco, assim como Hermione. Todos estavam à mesa, e, acredite ou não, eu nunca imaginaria ver Draco, seus amigos da Sonserina, e até mesmo sua mãe, sentados em uma refeição decente com os Weasley.
 
Mas também nunca imaginei que estaria em um relacionamento com Draco. E aqui estamos, sorrindo, conversando com nossos amigos, com nossas mãos entrelaçadas discretamente debaixo da mesa.
 
Nas últimas horas, era como se eu precisasse constantemente tocá-lo, com medo de que ele escapasse ou saísse do meu campo de visão. Eu segurava sua mão sempre que possível, acariciava seu cabelo enquanto ele descansava, ou apenas certificava-me de que ele estava por perto. O medo de perdê-lo, de que tudo isso pudesse ser um sonho, me assombrava. Eu precisava do seu toque para acreditar que era real. Mas, por enquanto, estávamos bem.
 
Ao final do jantar, nos despedimos de amigos e familiares, e tudo o que eu desejava era levá-lo ao meu apartamento e finalmente ficarmos a sós. Antes de partirmos, Draco agradeceu Hermione e prometeu recompensá-la pela ajuda. Ela sorriu e insistiu que não era necessário, mas eu sabia que Draco poderia ser bem persistente. Ele não deixaria isso por menos.
 
Assim que aparatamos de volta ao meu apartamento, senti um grande alívio por finalmente estarmos em casa. Só nós dois. Draco olhou ao redor, examinando o ambiente como se procurasse algum vestígio familiar.
 
— Está exatamente como me lembro. — Ele sorriu, um toque de nostalgia na voz. — Ainda nem acredito em tudo que aconteceu. — Ele suspirou profundamente.
 
Ele caminhou até o sofá, desabotoando sua camisa com movimentos lentos, desfazendo o cinto e tirando os sapatos, antes de se jogar no sofá com um suspiro satisfeito. Enquanto ele se acomodava, eu tirei meus sapatos e os joguei em qualquer canto, indo em direção à cozinha em busca de algo para beber.
 
Encontrei uma garrafa de vinho que estava ali há um tempo, mas ainda parecia boa. Peguei duas taças e voltei para a sala, onde Draco estava confortavelmente deitado. Servi as taças e entreguei uma a ele.
 
— Já quer me embebedar? — Ele brincou, e eu ri, me sentando ao seu lado.
 
Ficamos em silêncio por alguns segundos, apenas saboreando o vinho. Meus dedos traçavam pequenos círculos em seu ombro, e ele repousava a cabeça no meu ombro, como se aquele simples contato fosse tudo de que precisássemos. Tudo estava perfeitamente calmo.
 
— Eu sei que precisamos conversar... — comecei a dizer, mas Draco apenas tomou mais um gole de vinho antes de repousar sua taça sobre a mesa de centro.
 
— Claro. — Ele concordou, mas, contrariando tudo o que eu esperava, pegou minha taça e a colocou ao lado da dele. Seus dedos, então, começaram a dedilhar os botões da minha camisa, abrindo-os com uma lentidão calculada.
 
Franzi as sobrancelhas.
 
— Draco? — Eu o chamei, e ele ergueu os olhos para mim.
 
Merlin, como eu amava aquele olhar. Aqueles olhos cheios de malícia suave, mas também carregados de uma compaixão que só ele conseguia expressar.
 
— Não temos que conversar? — insisti, meu coração já batendo mais rápido.
 
— Temos, sim. — Ele respondeu calmamente, desabotoando mais um botão da minha camisa, devagar, como se cada movimento fosse uma provocação. O calor do vinho já começava a fazer efeito, e o ambiente ao nosso redor parecia mais quente, mais íntimo. Minha pele queimava ao toque leve de seus dedos enquanto ele abria os últimos botões.
 
— Draco... — Tentei falar novamente, mas ele me interrompeu com um sorriso.
 
— Você fala demais, Harry. — Ele disse, deslizando a camisa dos meus ombros e jogando-a de lado. Suspirei, surpreso por não ser eu o impaciente desta vez.
 
— Eu só... — Comecei, tentando racionalizar a situação. — Queria que a gente resolvesse tudo antes...
 
Ele jogou minha camisa no chão e fixou seu olhar em mim, aqueles olhos escuros parecendo ler minha alma. O jeito como ele me olhava, tão intensamente, já era suficiente para me deixar em brasa. Meu corpo reagia ao menor toque, e eu podia sentir o desejo tomar conta de mim.
 
Sem desviar os olhos, ele tirou sua própria camisa com um movimento ágil e subiu em meu colo. Minhas mãos automaticamente pousaram em seus quadris, enquanto as dele se aninhavam ao redor do meu pescoço, os dedos tocando minha pele com delicadeza.
 
— Estamos nos resolvendo. — Ele sussurrou, sua voz rouca.
 
— Amor, sexo não é... — tentei continuar, mas ele me calou com um beijo, e tudo o que eu pensava se desfez.
 
Ele segurou minha nuca com firmeza, e nossos lábios se encontraram em um beijo urgente, cheio de desejo. A intensidade de seus movimentos, o jeito como seus quadris se moviam sobre mim, me deixava em um estado de pura necessidade. Eu sorri quando ele mordeu levemente meu lábio inferior ao final do beijo, o olhar dele faminto.
 
Draco estava ofegante, os lábios vermelhos e entreabertos, um fio de saliva ainda nos conectando. Seus cabelos estavam bagunçados, a pele rosada, e seus olhos brilhavam com uma mistura de luxúria e desejo. Eu segurei seus quadris, impedindo seus movimentos por um momento, tentando recuperar o controle. Eu já estava ficando louco.
 
Por um breve instante, nossos olhares se encontraram de novo, como se ambos estivéssemos mergulhando na alma um do outro. Nossas respirações estavam sincronizadas, nossos corpos próximos, aproveitando o momento de pura conexão. Draco tinha essa habilidade de transformar até os piores dias em algo suportável. Ele era teimoso, sarcástico, e um perfeccionista incorrigível, mas eu amava cada parte dele.
 
Em meio ao caos que nossas vidas tinham sido, ele havia se tornado minha âncora. Todos os traços que nos faziam diferentes um do outro eram o que nos uniam tão fortemente. Eu sabia, naquele instante, que não conseguiria mais viver sem ele. Não existia mais Harry sem Draco. Éramos um só.
 
— Casa comigo? — Sua voz me arrancou dos meus pensamentos, e meu coração pareceu parar por um segundo. — Harry, casa comigo.
 
— Claro que sim. — Respondi com um sorriso, sem hesitar. — É claro que eu caso com você.
 
Ele me beijou de novo, com uma urgência renovada. Em um movimento rápido, peguei-o no colo e o deitei suavemente no sofá, ficando por cima dele.
 
— Draco Malfoy, é claro que eu caso com você.
 

 
Olha quem retornou das cinzas!
 
Último capítulo esse fim de semana,tá? Anota na agenda.
 
Hoje  é meu aniversário mas o presente é de vocês. I  love you guys <3

Nosso felizes para sempre | DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora