|| CAPÍTULO 7 ||

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| Lindissey Walker | •

Eu sentia um gosto amargo na minha boca, enquanto tentava encarar essa cena da forma mais saudável possível, porém, sou eu. Tudo que me envolve não é saudável, todo mundo sabe disso, inclusive ele.
Porém, o mal estar, por conta da ressaca, não deixaria eu ter um raciocínio decente, mas não ligo pra isso.

— Me perdoa, Lindissey! Por favor! — Ele respeitou a distância que eu tinha pedido, porém, tentava se manter próximo achando que eu não perceberia. Meu olhar de desprezo sobre ele deixava claro que eu não o perdoaria, não importa o quanto implorasse. Eu normalmente não me importo com nada, só com a minha imagem. Coisa que meu pai me ensinou.

— Vá embora daqui, ontem não foi o suficiente? — Falei ríspida, fechando meus punhos irritada. Com os olhos cerrados na sua direção, respirei fundo sentindo novamente um mal estar. — Não quero ver sua cara novamente. Nunca mais!

— Eu não fiz aquilo consciente, me entende! Eu tava sobre efeito de alguma coisa, eu... Eu não sei explicar. — Ele me olhou desconcertado. Seus olhos vermelhos de tanto chorar, entregava que ele tinha passado o dia inteiro chorando, mas isso já não me importava. — Eu nunca trairia você, ainda mais depois de ter pedido um tempo... Por favor, amor!

Todos sabiam o que tinha acontecido. Pelo menos boa parte, o garoto conhecido por ser o certinho e um namorado dedicado, está sendo conhecido por ser um muleque irresponsável. Está rolando boatos ruins sobre ele. E nas histórias contadas, ele terminou comigo, só para poder ficar com a minha amiga e outras garotas, depois que eu saí de lá. Pois o mesmo estava enjoado de mim, entre outras coisas que pessoas da festa escutaram e espalharam, deixando a imagem dele completamente manchada. Por algum motivo, ninguém na festa notou eu ter sumido com os dois garotos, mas é melhor assim.

— Eu falei que iria se arrepender. — Relembrei ele, fazendo o mesmo me olhar angustiado. Não sei como isso se espalhou dessa maneira, ou como só ele está sendo afetado, mas isso não importa, se tiver como ele se ferrar mais, eu quero. E muito. — Agora, sai da minha frente e nuca mais apareça! Não quero ficar perto de alguém, a qual não tenho mais confiança. — Me virei para finalmente poder sair da sala vazia, mas parei assim que cheguei na porta, virei meu rosto na sua direção. — Sabe, você é um traidor de merda e está sendo muito egoísta querendo que eu te perdoe, ainda mais depois do que fez. Ainda bem que finalmente eu me livrei de você! — Repeti a frase que Cristian havia me dito, trocando algumas palavras. O mesmo arregalou os olhos percebendo isso, logo, começou a chorar desamparado. Não vou mentir, não me senti mal vendo ele assim, pelo contrário, adoro me sair por cima e ainda poder machucar.

Me retirei da sala de aula vazia, ajeitei a mochila nas costas, abrindo a porta com a expressão de tristeza e decepção, olhares acolhedores e amigáveis me rodeavam, me deixando com o ego inflado. É engraçado, nenhum deles me consideravam amigos de verdade, mas depois desse ocorrido, parece que me tornei a pessoa que todos querem fazer amizade e isso é muito útil. Meu pai sempre me dizia, que devemos usar as emoções das pessoas contra elas ou ao seu favor, eu sempre achei isso sem sentido, até isso acontecer.

Os corredores do colégio, nunca esteve tão agitado. Em breve terá um baile da escola, ainda falta alguns meses, mais pelo visto isso não importava para os organizadores. Terá todas aquelas coisas clichês, rainha e rei do baile, sorteio de alguns prêmios básicos, tipo fones de ouvido, bicicletas entre outras coisas. Obviamente eu irei vir, porém, sozinha, mas ainda pretendo ser a rainha do baile, não preciso de um rei e ponto.

Cheguei no lado de fora da escola e fiquei debaixo da mesma árvore de sempre, esperando que o meu motorista chegasse, iria demorar um pouco, já que sai cedo hoje. Pelo menos eu tinha meu celular e internet pra me destrair. Agradeço mentalmente por minha dor de cabeça ter sumido logo de manhã, depois deu ter passado quase o resto da noite vomitando, acho que teria sido pior se eu não tivesse comido nada.

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