|| CAPÍTULO 31 ||

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• | Lindissey Walker | •

Está sendo extremamente difícil, olhar para o meu amado pai que está todo sorridente durante o almoço, sabendo o quanto ele vai sofrer quando se acordar no outro dia e não encontrar a minha adorável mãe em lugar algum. Eu mal cosegui comer com o tamanho nojo que eu sentia ao olhar para minha mãe.
Scarlett sorri e acaricia braço do meu pai. Eu queria gritar; Não acredite nela, papai! Ela vai nos abandonar para ir embora com outra pessoa, que se diz ser seu amigo!

E eu sei quem é, eu sou boa em reconhecer vozes, e o dono da voz masculina tão enjoativa, é o pai do Leonardo, um homem loiro de olhos claros e aparência bem jovem.
Eu so queria tentar entender, mas estou tão irritada, que toda vez que Scarlett, o pai do Leonardo ou aquela garota estranha abre a boca, sinto vontade de tacar qualquer coisa cortante no rosto deles até desfigura-los. Com sorte, aprendi a ter um bom autocontrole, era isso ou ter que voltar para a psiquiatra e tomar as pequenas pílulas de raiva... Eu não gosto delas e também não gosto de parecer a minha mãe.

Enquanto o tempo passava, minhas mãos suavam, minha cabeça doía, meu ouvido ficava zunido e eu só conseguia pensar que tinha que tomar logo uma decisão; Fingir que não vi nada e deixar ela ir embora, ou, contar tudo para o papai. Ambas tem consequências imensuráveis, a primeira, meu pai vai ficar extremamente preocupado, fazer de tudo para encontrar Scarlett e quando achar, vai ficar muito triste quando descobrir que ela nos abandonou. Na segunda, vai gerar uma grande discussão, a um ponto que nem eu consigo imaginar, minha mãe provavelmente vai bancar a vítima e dizer que eu menti, mas provavelmente meu pai não vai acreditar, gerando uma reação impensável. Independente qual seja a escolha, meu pai sairá ferido.

— Vamos, filha? — Pergunta meu pai.

Eu concordei em silêncio enquanto me levantava da cadeira.
O olhar do meu pai indicava que ele sabia que tinha algo de errado comigo, porém ele não vai perguntar na frente de Scarlett, pois ele sabe que não quero ela fingindo ser uma mãe amorosa e dedicada, então apenas seguimos até o carro em silêncio.
O caminho da volta foi ainda mais angustiante, a sensação de peso sobre meus ombros e o gosto amargo na garganta só aumentava a cada segundo que se aproximava ainda mais de casa.
Não é tristeza... Eu conheço bem esse sentimento.

Ódio.

Minha cabeça virou uma sopa de sentimentos negativos, que se misturavam em uma receita completamente desagradável. A sensação ruim de não estar nos controle das minhas próprias emoções, o vazio que foi rapidamente preenchido pelo ódio, minha boca ficando completamente seca, que apenas seria saciada quando minha querida mãe sofresse da maneira mais humilhante possível. Meu corpo estava completamente dormente, provavelmente causado pela adrenalina de querer machucar ou destruir qualquer coisa.
Encostei minha cabeça na janela do carro e respirei fundo, fechado os olhos, e soltando o ar devagar. Sorri fraco, percebendo que provavelmente são as únicas coisas que eu sinto genuinamente, tirando o certo carinho que eu tenho pelo meu pai, que ainda está aqui e vai continuar, enquanto ele me der toda a atenção que eu quero e preciso.

Olhei de canto de olho para a minha mãe, percebendo pela milésima vez que realmente somos parecida, entretanto, traição não é algo que eu faria, porém, me pergunto se isso importa, já que não ser um traidor, não impede que meus outros "defeitos" sejam alarmantes para qualquer pessoa que eu vá me relacionar quando for mais velha. Independente de quem seja, nunca vou mudar, a pessoa terá que me amar pelo que eu sou e dane-se o resto, não vou fingir ser quem não sou, assim como minha mãe faz.

Está tudo bem agora... Chegamos em casa e eu consegui me acalmar. Penso sorrindo levemente, olhando o carro passar pelo portão. Eu só preciso entrar e correr para o meu quarto, irei aguentar até a hora do jantar... Eu espero.

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