|| CAPÍTULO 32 ||

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• | Lindissey Walker | •

Eu estava sentada no sofá de frente para a porta de entrada, queria falar com meu pai assim que ele chegasse, mas eu não estou nem um pouco com vontade de dar essa notícia e não estou pronta para ver a reação que ele vai ter.
Já ia dar seis horas quando escutei o som do portão ser aberto, meu corpo ficou rígido, completamente estático, esperando apenas ele andar até a porta e girasse a maçaneta. Quando isso aconteceu, ele sorriu pra mim, mas não demorou pra esse mesmo sorriso morrer quando ele percebeu que tinha algo errado.
Seus olhos observaram ao redor com curiosidade, talvez estivesse procurando o que estava me deixando tão angustiada, porém, não era algo, e sim, alguém.

— O que houve, filha? — Perguntou cauteloso, não deixando de ser gentil. Não respondi nada, apenas esperei ele se sentar ao meu lado. Tentei adiar sua dor o máximo que consegui, mas não dava mais para fazer isso.

— Papai... A mamãe foi embora. — Contei e soltei a respiração que estava presa na garganta. Olhei para o meu pai, ele parecia estar confuso, provavelmente processando e tentando entender o que eu acabei de falar. E quando ele pensou em falar algo, eu continuei. — Ela foi embora com o seu amigo do jantar, o pai do garoto que estava lá. — Engoli seco, vendo qualquer traço de felicidade ou relaxamento sumir do seu corpo, pra dar lugar a tensão e desespero, mas aparentemente ele não queria que eu visse isso. — Eu sinto muito pai... — Menti. Eu não sentia, eu não ligava, mas ver ele triste me incomodava. Minha mãe realmente tenha razão, temo que ele ficar nesse estado, afete a atenção que ele venha me dar. Eu não estava irritada por minha mãe traí-lo, eu fiquei irritada porquê eu sabia que isso me afetaria de alguma forma.
Maldita Scarlett! E para piorar, meu pai não falou absolutamente nada, parecia que ele estava perdido, com o olhar que eu não sabia descrever. — Pai? — O chamei, torcendo para que ele falasse qualquer coisa, ao invés de ficar em absoluto silêncio enquanto olhava para o nada. Eu nunca vi ele assim...

— Está tudo bem, filha. — Ele se levantou com certo cansaço. — O papai só prescisa descansar um pouco antes do jantar, tudo bem? — Meu pai sorria de novo, só que que era um sorriso de mentira, eu sabia diferenciar, o dele principalmente. Bom, se ele quer ficar sozinho e não falar sobre, não sou eu que vou fazê-lo mudar de idéia, então apenas concordei. Ele fez um carinho na minha cabeça e logo foi até as escadas, subindo os degraus devagar, quase rastejando.

Eu esperei um tempo e fui atrás, subi a escada sorrateiramente como um espião, andei pelo corredor devagar até chegar na porta do quarto dos meus pais, que agora só seria do meu pai.
Encostei o ouvido na porta e escutei o som de choro. Eu sabia, ele só não queria que isso me "afetasse", meu pai acredita que se parecer forte, eu vá ficar bem, isso significa que minha atenção não vá mudar, porém, tenho medo que se eu não tentar consolá-lo de alguma forma, isso vá fazer ele ficar estranho ou algo do tipo, e eu não quero isso.
Pensei bem por alguns segundos, tomei uma decisão e desisti, sempre ouvi dizer que as pessoas precisam de um tempo pra ficar tristes, eu nunca entendi, mas vou dá esse espaço.
Me virei da li e foi pro meu quarto, onde sentei na cama, querendo que o tempo passasse mais rápido, mas infelizmente, nem tudo sai como eu gostaria.

Levei as mãos até a cabeça e passei os dedos pelo meu cabelo, apertando levemente, mas soltei logo depois suspirando pesadamente.
Uma coisa me veio em mente...
Estou livre.
Respirei fundo mais uma vez e olhei para o espelho que havia no móvel a minha frente. Sorri quando parei para perceber que ela não estaria aqui para me controlar como ela bem entendesse, eu poderia finalmente passar longas horas pintando, sem ela parar ao meu lado dizendo o quanto minha pintura esta feia e que eu deveria desistir de tal hobby.
Em um ato rápido, me levantei da cama e andei até o meu guarda roupa, abri a sua porta, com certo ânimo que eu dificilmente sentia, procurei a parte falsa que eu usava para esconder algumas coisas.

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