Londres aguardava o belo casal, que literalmente só faltava os papéis do matrimônio, todos os seres existentes da natureza já haviam selado o compromisso, só faltava o ato cívico.
Recostar seu rosto nos ombros de Joe, se tornou uma das ações prediletas de Emilly, embora algo estava fora do lugar, a respiração de Joe estava mais acelerada, um pouco assustada, Emilly levantou de imediato sua cabeça sendo recebida pelo olhar ligeiro dele:
— O que aconteceu? — Emilly percebe um certo desespero em Joe, até pelo pegar na caneta...
"Não é nada, voltar pra rotina é terrivelmente complicado... :)"
Emilly sorrir encantada e volta para uma das suas ações prediletas, recostar sua cabeça no ombro de Joe. Embora, sentia que algo não estava certo, pelo final de semana incrível que tiveram, no mínimo esperava uma volta tranquila para casa e levou essa conclusão, pois só restou um homem estátua do seu lado.
— Milaíne, precisa ir logo, daqui a pouco a Emilly chega...
— Não, amor... Só mais um pouco.... — Mike pretendia conceber a luxúria por quem estava apaixonado, mas, decidiu envolvê-la em seus braços e tira-la da sua cama.
— Você precisa ir...
— Nossa... — Milaíne fez sua famosa cara de criança pidona. — Tá bom, quero só ver quando vai escolher... Eu ou a Emilly?
— Não vamos ter essa conversa agora, você sabe que eu preciso de um tempo pra contar pra ela e sabe também que eu gosto muito de você... — Com pena, Mike direcionou até Milaíne e passou suas mãos no intocável cabelo que cheirava a nobres peônias e depositou um beijo em seus lábios e a provocou passando a mão na estreita cintura.
— Todo tempo do mundo, meu amor... Contanto que eu tenha essas mãos e essa boca... — Mike corou, não estava acostumado com esses tipos de elogios, era apenas um garoto nerd, que só ligava para acústica, ondas, electromagnetismo, eletricidade, entre outros assuntos da física, e agora, de uma hora para outra, parecia um bobão e um super homem modelo do que pregam por aí.
Por mais que Mike quisesse mais tempo com sua amada, estava animado com a chegada da amiga, mesmo sabendo que estava agindo com falsidade, simplesmente escondendo um romance com sua chefe. Ele tinha certeza que algo rolou entre os pombinhos apaixonados, e que Emilly contaria, não na mesma intensidade que antes, pois o próprio se culpava pelo afastamento, nem parecia que ambos residiam no mesmo apartamento.
Domingo era o dia da semana preferido de Emilly, e Mike sabia que os domingos ela amava devorar bananas assadas, primeiro por ser um prato prático, segundo porque ela amava bananas. Então, para se redimir e matar um pouco da saudade, Mike decidiu fazer esse prato e como acompanhante um Conde Cinza, um delicioso chá aromatizado com extratos de bergamota. Combinação exageradamente perfeita, mas atempava pra hora exata que Emilly chegaria.
O tempo se passou, como sempre passa. Cinco horas da tarde, se tornaram sete da noite rapidamente. Mike seguiu até o interruptor, acendeu as luzes da sala e deu um salto no sofá de molas , de imediato pegou seu celular e verificou se não havia mensagens ou telefonemas da amiga, pensou até mesmo em ligar, e lembrou do quanto era preocupado com ela, das vezes que foi busca-la tarde da noite no trabalho, mesmo com sua falecida moto vermelha, a qual ela morria de vergonha.
Decidiu discar os números para telefonar, mas desistiu rapidamente, talvez, passasse a noite com o Joe em sua casa, e não, não queria dá uma de amigo chato e ser tirado até mesmo como ciumento.
Cansado de esperar, Mike tirou as bananas do forno e começou a devora-las, mergulhado em ruínas, memórias e preocupações, pois começou a sentir calafrios por todo corpo, odiava essa sensação, visto que sempre que acontecia algo desse tipo, poderia ser uma mensagem do universo na sua cabeça quântica.
Em questão de segundos seu celular vibra na mesa, era uma chamada de Emilly Hall, sem pensar duas vezes, ele atendeu já soltando um "olá orgulhoso", fingindo que não, ele não se importava que ela passaria anoite com o artista milionário.
— MIKEEEEEE... — Era a voz da Emilly, uma voz embargada pelo choro, uma voz assustada, que fez Mike levantar aturdido, mas antes mesmo dele responder ouviu um tombo do outro lado da linha e a chamada foi deligada.
De imediato, Mike Pierce, tentou retornar a ligação, mas o número não chamava mais, ele começou a andar perdido de um lado para o outro voltando ao seu antigo costume de roer unhas, quando estava exorbitantemente nervoso.
Imagine, você está preocupado com um amigo que estava viajando, e ele simplesmente não chega no horário que era pra chegar, tudo tranquilo aparentemente. Então, você começa a sentir calafrios e estreia umas sensações estranhas e flashbacks voltam a sua memória. Depois, como em um passe de mágica, essa pessoa lhe liga gritando seu nome, você ouve um barulho e a ligação desliga, de imediato você liga novamente, e simplesmente o telefone está desligado. O que fazer?
Mike optou ligar para a mãe de Emilly, a senhora Hall, mesmo tendo a consciência que se não fosse brincadeira dela e do Joe, poderia acarretar uma grande preocupação para a família, então engoliu a seco suas paranoias e tentou ser o mais cordial possível:
— Boa noite?
— Oi tia, aqui é o Mike!
— Oi Mike! Quanto tempo, saudades! — A senhora Hall,sempre amigável.
— Pois é né? Saudades também... Então, a Emilly já saiu daí?
— Nossa, desde cedo.. Ela ainda não chegou? — O sempre amigável acabou e a voz materna ficou um tanto mais apreensiva.
— N-na verdade, eu não estou em casa, só queria fazer uma micro surpresa pra ela, então decidi ligar primeiro pra senhora... — Mike nunca foi tão bom com mentiras, como naquele momento.
— Você sempre tão amável... Então, Mike, essa hora ela já deve tá em casa, ou ligue pro Joe, eles podem ter passado em algum lugar.
E sim, eles passaram, mas não era o lugar mais apropriado para um passeio romântico.
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Não consigo dizer: Eu te amo!
RomanceJoe Stevens e Emilly Hall, duas pessoas distintas, com o mesmo empecilho: Não conseguem dizer eu te amo.