Capítulo XXVII

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Era muito difícil ver Milaíne chorar, mas como em uma cena de um filme, lá estava ela dentro do seu carro observando a chuva e ao mesmo tempo fitando seus olhos no retrovisor, ao mesmo tempo sentia medo, muito medo e uma agonia em seu peito, talvez estivesse tendo uma crise de ansiedade, suas mãos trêmulas e sua respiração ofegante declarava isso. 

Mas, não era tempo de cair em amarguras, talvez estivesse sentindo o que Mike estava sentindo com tamanha preocupação por Emilly, e ela sabia o que tinha que ser feito, o problema é se fosse somente coisa da sua cabeça, e se ninguém acreditasse nela? Será que deveriam acreditar?

O preço a se pagar era correr contra ao vento até chegar ao minúsculo apartamento, para se  encontrar com Mike e lutar contra seu orgulho e o seu ego. 

As luzes que preenchiam o quarto de Mike estavam apagadas, então, Milaíne resolveu ir a técnica mais habitual dos filmes clichês que assistia: Jogar pedras na janela. Foi necessário que ela descesse do carro sem seus sapatos, afinal de contas era uma marca muito cara e preferia molhar seus pés nas poças que ali se formavam. 

Cinco pedras ao todo foi essencial para chamar a atenção de Mike, que abriu bruscamente a janela e soltou três palavrões.

— MIKE!! SOU EU... — Mike se sentiu apreensivo ao ver a figura de Milaíne completamente molhada gritando o seu nome. 

—  EU MANDEI NÃO ME PROCURAR!!!

— MAS EU ESTOU AQUI, ABRE A PORTA POR FAVOR... — E, claro Mike abriu a porta, mas desceu as escadas falando mais cinquenta palavrões. 

Já seca e aquecida, Milaíne se deliciava com umas 500 ml de chá de camomila e  não, ela não estava preocupada que estava usando roupas masculinas, nem com um cobertor que parecia que nunca foi lavado, sentia que estava segura com a figura do Mike bem ao seu lado, mas ao mesmo tempo sabia que nada estava bem, a alma de Mike estava caótica.

—Mike, provavelmente eu sei onde eles estão...

Eram exatamente duas horas da manhã, quando Milaíne e Mike seguiam em direção a Cely Woods,   uma pequena grande floresta, mágica pela sua beleza e vívida pelo número de visitantes que ali iam de piqueniques a conferências. 

— Cely Woods... Vai me dizer que eles decidiram ter uma casa na árvore? — Mike fala irritado. 

— Se for o que eu estou pensando, é bem mais que isso. 

— Milaíne para o carro...

— Não, que... Tá ficando maluco?

— PARA A DROGA DO CARRO!!! — Milaíne freou bruscamente em choque porque desconhecia aquele Mike,  embora Mike falasse as coisas da boca pra fora, ou seja, no mesmo instante estava arrependido. 

Enquanto o casal que não era casal estavam discutindo no carro, não imaginavam que alguém estavam observando tudo, ela era Kelly Cooper, pois sabia e repetia em sua caixola que Milaíne era a peça chave daquele mistério. 

Cely Woods era o melhor lugar para reconciliações amorosas, primeiros beijos, fotos em família e para desbravadores aventureiros, ótimas caminhadas, só que malmente conheciam aquele espaço, pois aquele espaço que reluzia o coração de crianças quando os seus pais combinavam para levá-las, não era somente aquilo, era a ponta do iceberg.

 — Onde estamos? — De repente, Cely Woods de uma floresta encantada se tornou uma floresta terrífica. 

— Não podemos ir de carro...  — Mike estaria explodindo de curiosidade, mas seu medo tornou-se maior. 

Desceram do carro e caminharam através das folhas secas e da fina névoa que ali passava, as árvores eram umas afastadas das outras, então a sensação de que estavam sendo observados era grande, mas a lua minguante fazia esse favor pros vultos mentais que para eles passavam por ali.

Milaíne com sua lanterna não sabia porquê estava fazendo isso, sua mente a condenava ao mesmo tempo a conformava, talvez o motivo disso fosse o Mike, não queria admitir e talvez fosse cedo para seu genioso cérebro que estava aceitando um delicioso e plausível sentimento por Mike Pierce. Enquanto  ele, coitado, já estava saboreando o sentimento, mas naquele exato momento sua covardia virou melodia de uma canção nobre. 

 Provavelmente gatos selvagens corriam por ali, o barulho das folhas eram grandes, além do ruído do minucioso vento que assobiava como em um universo cinematográfico de terror. Além das pequenas corujas chirriando, formando um obscuro eco.

Já estavam em vinte minutos de caminhada quando Mike resolveu se sentar em um médio rochedo:

— Não podemos parar... 

— Eu estou cansado!

—  Você era acostumado correr...

—  Milaíne, não tenho tempo pra suas alfinetas...

— Eu gosto de você Mike, por isso estou aqui, e você vai entender... Precisamos nos unir, sei que está precisando de mim agora e você não tem ideia do quanto vou precisar de você!

As corujas pararam de ressoar seus sons quando ouviram o barulho de repetidos cliques de fotos. 

— QUEM É VOCÊ?? 

—  Ora, ora... se não é o mais novo casal de Londres, desculpa se interrompi algo...

— Detetive Kelly... O que está fazendo aqui? 

—  Trabalhando e vocês?

—  Por que tirou fotos nossas? — Pergunta Milaíne indo encontrar com a mão da detetive e acaba sendo barrada e ameaçada.

—  Se tocar na minha câmera eu toco na minha arma... 

— Pensei que você não andava armada... —  Kelly Cooper era como uma lenda naquela cidade  todos tinham uma suposição e um dizer sobre ela, por isso que é bom ser misterioso, as pessoas querem lhe desvendar através de cada fio do seu cabelo. 

— Não queiram saber.... mas, quero saber o que fazem aqui! 

— Também queremos saber o que você está fazendo aqui...

— JÁ CHEGA MILAÍNE! Se ela está aqui é porque está nos seguindo...

—  Bem pior que isso Mike... Bem pior... Pelo visto, Milaíne já conhece essa região de Cely Woods, e ela com certeza deve ter uma explicação para mim, não posso falar muito, mas todos os indícios do sumiço dos seus amigos me levaram até aqui...

—  Detetive, Milaíne disse que poderia saber onde eles estão... —  Milaíne estava com os olhos saltados e cheios de água, os ventos pareciam parar quando ouviam sua respiração ofegante e de imediato começou a correr em direção oeste da floresta.

—  Vamos atrás dela! —  Mike e a detetive Kelly Cooper começaram a correr atrás de Milaíne, que ainda dava para ser vista por causa dos espaços das árvores. —  Mike, só te peço um c-coisa... Não grite o nome dela! 

De um certo modo, Milaíne conhecia aquele local, falar o nome dela poderia acabar com a missão. O nome Milaíne não valia uma pepita de ouro, mas sim uma vida. 











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⏰ Última atualização: Jan 18, 2022 ⏰

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