Capítulo 10

980 64 4
                                    

Acordei assim que ouvi Hope chorar. Em estado de alerta caminhei em direção ao berço, minha vista estava embaçada e minha cabeça latejando de dor, mas naquele momento nada disso importava eu só queria pegar minha filha nos braços e acalmá-la. Apoiei minhas mãos na grade de madeira e olhei pra minha filha, seu rostinho estava vermelho e as bochechas molhadas pelas lágrimas. Se tem uma coisa que me deixa vulnerável e complemente devastada é ver Hope chorar. Estendi os braços e a peguei no colo.

-Calma meu amor, a mamãe está aqui.- Comecei a balançá-la levemente em meus braços e acariciar suas costas, ela estava agitada e não parava de chorar, ela nunca se comportou assim comecei a ficar preocupada.

Andei até a cama e me sentei, coloquei Hope deitada em meu colo e abaixei a alça do top que eu estava vestindo, ao ter meu seio exposto guiei o bico até seus lábios e ela começou a mamar. Ela sugava de modo rápido e ansioso e eu apenas a observava em silêncio enquanto fazia carinho em seus fios de cabelos lisos. Em minha mente eu procurava uma razão para ela ter acordado dessa forma, nem mesmo quando ela tinha dores de dente ou gases ela chorava dessa forma tão desesperada. Deve ser esse lugar, essa casa está nos fazendo mal e eu preciso ir embora o quanto antes. Minha filha e eu fomos tiradas do nosso próprio lar por um homem louco e ganancioso e eu não posso aceitar, no momento certo irei embora daqui e Beauchamp irá pagar por ter feito eu e minha filha passarmos por isso.

Quando percebi que Hope já estava mais calma retirei meu seio de sua boca e a coloquei para arrotar. Ela olhava para os lados curiosa como se procurasse por alguma coisa, estava agitada e muito manhosa e eu nem sabia explicar o quão irritada eu estava. Andei até a cômoda que havia no canto do quarto e coloquei Hope deitada sobre o trocador de bebê, abri os botões de sua roupa e troquei sua fralda logo em seguida, a todo momento eu tentava distraí-la beijando seus pezinhos e fazendo cócegas em sua barriga, sua gargalhada era a melodia mais perfeita que existia. Assim que terminei de trocar sua roupa levei ela até o berço e a coloquei deitada, deixei alguns bichinhos de pelúcia ao seu lado para distraí-la e me apressei para tomar um banho.

Essa semana não é uma das melhores, além de estar presa em um lugar contra minha vontade meu ciclo menstrual está próximo de começar e eu já sinto as consequências pensarem em meu corpo, minha cabeça doí, me sinto ainda mais irritada que o normal, e meus seios estão sensíveis. Por sorte Beauchamp é um homem tão precavido que no banheiro do meu quarto tem três tipos diferentes de absorvente e remédios para dor. Mesmo que eu sinta muita raiva dele agradeço por não ter que pedir ou implorar para ter acessos a esses itens essências.

Depois de tomar um banho eu me sentia um pouco melhor, meu corpo estava mais relaxado e um pouco da minha raiva havia se dissipado junto com o vapor da água quente, deixei meus cabelos soltos pois havia acabado de lavar e coloquei um vestido amarelo de alcinhas, o dia está bem quente e ensolarado.

Voltei até o berço e peguei Hope, dei banho nela e a vesti com um conjunto fofinho que havia sido presente de Sabina no seu 8° mêsversário. Saímos do quarto seguindo em direção a cozinha, minha barriga já estava se retorcendo de fome e minha mente tentava imaginar o que Nour havia preparado para o café da manhã.

Essa casa é tão monótona e vazia, sempre cheia de empregados e seguranças. Enquanto andava pelos corredores notei algo que me incomodou muito, viver nessa casa está começando a se tornar normal para mim, já me acostumei com os horários da casa, as pessoas que trabalham aqui, os móveis até decorei em qual local costumam ficar, de certo modo já desenvolvi uma rotina ao morar aqui e isso me assusta porque a partir do momento em que você se acostuma com sua cela e acha ela confortável você não quer mais sair.

Quando cheguei até a cozinha me deparei com a cena mais improvável de todos os tempos. Estava tão surpresa que estagnei no caminho, Krystian e Nour estavam agarrados trocando um beijo desesperadamente apaixonado. Eu já havia notado que os dois tinham bastante química, sempre brincando e rindo, quando Krystian está com Nour ele não é tão rabugento, talvez ela seja a cura para sua chatice. Não demorou muito para que eles percebessem que não estavam sozinhos.

Burning HeartsWhere stories live. Discover now