|ANY GABRIELLY|
Um mês, já se passou um mês desde que eu disse a Josh que eu o amava e ele me deu as costas, me abandonou nesse "paraíso" e enviou seus amigos para cuidar de Hope e eu. Se for exata na verdade já se passou um mês e cinco dias. Sim eu estou contando, cada dia, cada hora, cada minuto em que passo aqui. Eu já não aguento mais, esse lugar, essas pessoas, essa angústia. Nas primeiras semanas eu tentei fazer o meu melhor, não por mim, mas por Hope, levantar da cama, me limpar, me vestir, passar um tempo com ela, interagir com o pessoal, mas depois de um tempo isso se tornou extremamente doloroso, como se em qualquer lugar que eu estivesse fosse difícil respirar, fazendo eu me sentir sufocada, perdida, sem rumo. É como se eu já não soubesse mais quem sou, ou o que quero. Eu perdi a minha identidade. Eu já não consigo assimilar se sou a Any forte, independente, mãe, agente, ou se sou uma mulher fraca, triste com um amor não correspondido, eu não me encaixo em nenhuma das duas, eu não aceito nenhuma dessas versões.
Olhei para a janela vendo o céu acinzentado, por incrível que pareça hoje está chovendo na ilha, uma chuva forte e com vento fazendo as palmeira balançarem a porto de voarem alguns pedaços de suas folhas, as ondas do mar estão revoltas, parece que a qualquer momento vão alcançar a casa. De certo modo esse temporal faz eu me sentir um pouco melhor, todos os dias são sempre quentes e ensolarados, é bom essa mudança de cenário, já que todos os dias aqui parecem irritantemente iguais.
Decido tomar um banho, passei o dia inteiro trancada no quarto, sem ânimo algum para levantar da cama, nem mesmo comi, eu não sinto vontade de nada, sorte que tenho as meninas para cuidar de Hope, assim eu posso negligenciar a mim mesma sem culpa alguma. Tomo um banho quente bem demorado, lavo meus cabelos, e quando me sinto um pouco melhor resolvo sair, me enrolo na toalha, passo desodorante, escovo meus dentes e passo um pouco de creme no cabelo e o deixo secando naturalmente, de volta ao quarto caminho em direção a comoda onde estão minha roupas e escolho uma calça preta de moletom e uma camiseta azul bebê, visto a roupa e também coloco meia nos pés antes de sair do quarto.
Vejo que a casa está silenciosa e escura, é algo bem surpreendente já que ela está cheia de pessoas que brincam e conversam o tempo todo. Enquanto caminho lentamente pelo corredor me assunto com o clarão e logo em seguida o trovão estrondoso que ecoa por todo o ambiente, me corpo todo fica tenso e um calafrio percorre todo meu corpo, queria ter alguém para me proteger agora essa chuva está tão forte que parece que a casa irá desabar a qualquer momento.
Vou andando pela casa a procura das meninas, estou sentindo falta de Hope quero pegá-la em meu colo e lhe demonstrar um pouco de amor, eu não me esqueci dela, só tenho estado mais ausente que o normal. Ao chegar perto da sala percebo que a luz está acesa, o pessoal deve estar assistindo algum filme, só espero que não seja de terror e que Hope não esteja no meio, vou ficar um fera se estiverem expondo minha pequena a esses filmes terríveis.
Travo no meio do caminho quando percebo a figura masculina de costas para a porta com Hope no colo, conversando com todos de modo descontraído. Eu sei quem é e seus cabelos loiros não me deixam ter dúvida, nem mesmo o cheiro de seu perfume.
Quando todos notam minha presença voltando seus olhares para mim, o homem de cabelos loiros se vira para trás e seus olhos azuis vem de encontro aos meus de modo profundo e penetrante. Eu me xingo mentalmente quando sinto meu coração disparando, acelerando, batendo tão rápido contra meu peito. Fico paralisada, ele me olha de cima a baixo me analisando e percebo quando franze as sobrancelhas como se tivesse encontrado algo de errado em mim. Não sei quais sentimentos predominam em mim nesse exato momento, o de alívio ou de ódio, o de amor ou de raiva. Não sei nem ao certo quais palavras formular para confrontá-lo. Olho para Hope e percebo o quão feliz e confortável ela está em seu colo, e por mais que antesa achasse isso incrível agora isso me preocupa, eu não posso deixar que ela se acostume, não posso deixar que ela se iluda com ele, Josh Beauchamp não é o pai dela.
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Burning Hearts
Fanfiction-Por que está me contando essas coisas?- minha voz saiu em um sussurro. Eu tentava encontrar forças para lutar contra o que sentia, mas eu já havia chegado ao ponto de fechar meus olhos e deixar minha cabeça tombar para trás dando livre acesso ao me...