Capítulo 29

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|ANY GABRIELLY|

Acordei, e a primeira coisa que vi ao abrir meus olhos foi o brilho do sol através das finas cortinas brancas que cobriam as janelas. Continuei deitada apenas apreciando aquele momento, por alguma razão o brilho dos raios de sol invadindo meu quarto estavam atraindo mais minha atenção do que de costume. O dia parecia ter começado mais bonito do que qualquer outro e eu decidi ficar ali em completo silêncio, sem pensar em mais nada, apenas vislumbrando o brilho laranja e amarelo.

Algum tempo depois me movi sobre a cama virando-me para o lado onde ficava a mesinha de cabeceira com um relógio, me surpreendi ao ver que eram apenas 06:35 da manhã. Hoje acordei bem mais cedo do que de costume, geralmente acordo as oito mas percebendo que o sono não voltaria decidi me levantar. Joguei os lençóis para o lado e me sai da cama caminhado a passos suaves até o berço, encontrei Hope deitada ainda em um sono profundo. Sorri e toquei seus cabelos levemente acariciando. Minha pequena.

Me afastei do berço e caminhei até o banheiro, hoje decide utilizar a banheira então abri a torneira e a deixei enchendo enquanto escovava meus dentes e lavava o rosto. Enquanto eu fazia um coque no cabelo observei meu reflexo com atenção no espelho, o rosto um pouco cansado e algumas olheiras embaixo dos olhos denunciando as noites mal dormidas por conta das minhas preocupações.

Fechei a torneira quando notei que a banheira já estava cheia o suficiente. Peguei alguns sais de banho que encontrei guardado em um dos armários do banheiro e joguei sobre a água deixando-a perfumada e cheia de espuma. Tirei minhas roupas e entrei na banheira, deixei todo meu corpo submerso e apoiei a cabeça na beirada e fechei meus olhos.

Por mais que eu quisesse fazer desse momento, um momento de paz onde eu pudesse relaxar não irei conseguir porque há pensamentos que insistem em rondar minha mente, me trazendo perturbação.

O medo de não estar realmente segura, o medo de não conseguir proteger minha filha corroem minha alma. Me recordo de quando Josh me contou que torturou e matou um homem que ele encontrou nas redondezas das mansão. Naquela noite eu precisei sair do quarto o mais rápido possível. Desde que Beauchamp entrou em minha vida, minhas emoções estão cada dia mais bagunçadas. Eu que sempre tive problemas em lidar com situações que fugiam do meu controle, ao chegar aqui me deparei com um monte delas. Situações que me causam medo, angústia e preocupação.

Eu já sabia que viver ao lado de Beauchamp era perigoso, mas agora esse perigo parece ainda mais real e assustador. Hope, ela é apenas um bebê, é a mais pura e inocente nessa história, não merece que nenhum mal lhe aconteça. Talvez eu deva planejar uma fuga, ou implorar que Josh me deixe ir embora para que eu possa voltar a minha vida, minha rotina, meu trabalho.

De repente sinto uma aflição dentro de mim ao pensar em ir embora. Eu não deveria me sentir assim, mas parece meu coração está dividido, ao mesmo tempo em que devo ir embora sem olhar para trás isso me parece um grande erro como se eu não pertencesse mais a minha vida antiga mas sim a esse lugar, rodeada por essas pessoas.

Por que eu sou assim? Quando foi que eu me tornei refém dos meus sentimentos? Eu costumava ser mais forte do que isso. Beauchamp não pode ter amolecido tanto meu coração assim, seus toques, seus beijos, o prazer que ele me proporcionou foram ótimos mas eu não posso me iludir, isso não pode me dominar, sentir algo por ele é uma causa perdida.

Por longos minutos eu permaneci naquela banheira profundamente perdida em meus pensamentos até que a água se tornou fria e eu me dei conta de que já estava na hora de sair. Me levantei com cuidado da banheira para não escorregar e peguei a toalha enrolando-a em meu corpo, deixei a banheira esvaziando enquanto me secava. Sai do banheiro e caminhei direto para o closet a procura de uma roupa confortável para vestir e rapidamente a encontrei, um conjunto de moletom cinza.

Burning HeartsWhere stories live. Discover now