*Capítulo 19*

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"Alguma coisa aconteceu aquela noite"

Aquela noite específica a qual eu não paro de pensar, sempre que tento esquecê-la minha mente me prega uma peça fazendo-me reviver aquele momento várias e várias vezes, talvez para que eu nunca me esqueça das sensações que ela causou em mim.

Era para ser apenas uma noite de profunda tristeza e amargura, onde eu procuraria refúgio em minhas drogas favoritas e bebidas alcoólicas, Dimitri Petrov havia escapado mais uma vez das minhas mãos e isso me fez perder a sanidade, isso fez com que eu perdesse o controle. Para minha surpresa e infelicidade nenhuma droga conseguiu aliviar o peso dentro do meu peito, a angústia que eu sentia. Tocar piano foi uma ideia boba que passou por minha mente e quando me dei conta já estava naquela sala tocando algumas notas de canções que eu tinha gravada em minha mente.

Foi então que a essência doce de um perfume muito conhecido por mim invadiu a sala e eu soube que ela estava ali, soube que Any me observava em silêncio em meio a escuridão do ambiente. Os minutos que se seguiram desde que eu notei sua presença são como um borrão em minhas memórias, eu falei coisas que nem me recordo se fizeram sentido, mas se tem algo que está cravado em minha mente, foi a sensação de abraçá-la.

Eu só queria sentir alguma coisa, eu só queria que minha dor passasse e quando eu olhei para Any, a luz da lua que refletia através da janela, iluminava perfeitamente seu rosto, ela resplandecia, como se fosse a luz iluminando a escuridão dentro de mim. De repente eu estava envolto a uma necessidade incontrolável de estar mais perto, e eu não me contive, preenchi a distância de nossos corpos com um abraço, se eu estivesse sóbrio nunca teria feito isso e demonstrado tamanha fraqueza e vulnerabilidade, mas aquele abraço foi o melhor de toda minha vida, foi exatamente tudo o que eu precisava. E eu confessei isso ela, será que ela ouviu minhas palavras?

-Isso é melhor do que qualquer droga que eu já provei.

Repito a frase mentalmente constatando mais uma vez que é a mais pura verdade.

Esse acontecimento acendeu algo dentro de mim, algo novo, uma chama, era algo que nem eu mesmo entendia ou sabia explicar, apenas sentir.

Os dias que se passaram eu fui o Josh que todos esperavam, frio, sarcástico, grosseiro, cheio de defeitos aos quais a maioria já está acostumada, Any também guardou o que aconteceu para si mesma e continuamos a nos de tratar da mesma forma, porém algo começou a me incomodar, quanto mais eu observava Any tanto no dia a dia quanto em câmeras escondidas pela casa eu notei que ela se assemelhava a uma pássaro dentro da gaiola, por mais que eu dissesse que ela não era minha prisioneira eu a tratava como uma deixando-a trancada 24 horas por dia, mas eu não queria que ela voasse, queria mantê-la por perto sobre minha supervisão. Querendo impor controle sobre a situação decidi que proporcionaria mais liberdade a ela, mas de acordo com a minha vontade, ou seja ela seria livre até onde eu achasse necessário.

Enquanto dirijo brevemente viro meu rosto e olho para o lado direito onde Any está sentada no banco do passageiro dormindo tranquilamente, olho para o retrovisor e vejo Hope adormecida na cadeirinha. Um sorriso de satisfação escapa em meus lábios. As duas se divertiram tanto na praia que agora dormiram de tanto cansaço, por sorte minha propriedade não fica muito longe e daqui poucos minutos chegaremos.

Começo a repassar todos os momentos desse dia em minha mente como se fossem um filme. Imagens como Any sentada de frente para mim na mesa do restaurante e seus cabelos longos e cacheados voando com o vento, enquanto ela observava a vista, ela e Hope montando um castelo de areia na praia, cada detalhe parece ser precioso demais para ser esquecido.

Burning HeartsWhere stories live. Discover now