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A R E T H A

Depois de um ponto, a festa passou como um borrão.

O que eu me lembro é de dançar com minhas amigas, a hora do parabéns constrangedora, em que o pai do Rafael subiu para fazer um leve discurso que soou mais como um pedido de desculpas por tudo entre eles, aposto que este assunto ainda não morreu, e ele todo feliz e agradecendo no microfone à todos os amigos maravilhosos que ele tem, ele até chorou, nós rimos e choramos juntos.

Depois, todos enchemos a cara.

--- Se quiserem bolsas de gelo pessoal, é só falar. --- Larissa oferece.

No fim da festa, todos entramos em consenso que ninguém estava em condições de ir para casa sozinho. Então todos viemos parar na Larissa,  única casa que aceitaria de boa um bando de bêbados na madrugada.

Eu me viro na cama, quase caindo, mas consigo me equilibrar e jogo o braço pra fora, o que acaba atingindo a costela de Rafael no chão.

--- Desculpa. --- Digo rindo.

Ele se assustou e me encara confuso, aposto que estava dormindo, seus olhos estão levemente vermelhos.

--- Não faça isso. --- Ele sopra passando a mão nos fios loiros e fecha os olhos.

Mas sorri sabendo que ainda estou o fitando, eu sorrio também.

A cama de Larissa foi tomada pelas meninas, eu, Larissa e Alice dormimos nela e Lily ainda ficou jogada nos nossos pés à beira da cama, Eleonore dormiu no divã ao lado dela, e todos os meninos ficaram no chão. Gui ao lado de Elle, Luan do outro lado da cama onde Alice está na beira, e Rafael na minha beira.

Eu não duvido nada que eu e Rafael estamos querendo passar o máximo de tempo juntos, principalmente devido ao tanto de vezes que escapamos durante a festa para ter um momento à sós. Não quero nem pensar no quanto estamos com saudades acumuladas um do outro.

Um celular toca no quarto e entramos em alerta, todos deixamos no toque original do celular e por isso temos que ver de quem é.

--- Não é o meu. --- Larissa diz andando mexendo no seu.

--- Nem o meu. --- Rafael diz batendo em seu bolso.

--- O meu tá no silencioso. --- Lily avisa com o rosto no tecido.

--- É o meu. --- Gui avisa. --- Oi pai. --- Ele atende.

Olho para Rafael de novo e agora de olhos abertos, ele traz sua mão até a minha, entrelaçando nossos dedos. Eu sorrio para ele que também o faz levando nossas mãos unidas até seus lábios, ele beija em cima de meu dedo de compromisso, mesmo não tendo nada nele.

--- Eu te amo. --- Ele murmura quase inaudível.

Ainda tenho que me acostumar a essa demonstração de carinho.

--- Tá na hora de partir galera. --- Gui diz depois de encerrar a chamada com o pai.

Ele tem razão, são nove da manhã e apesar de termos avisado nossos pais, eles devem estar esperando por nós.

--- Nós temos que ir Aretha. --- Alice diz.

Eu me levanto na cama ficando de joelhos e me espreguiço, sentindo uma leve vertigem da ressaca.

--- Chama o Antonio. --- Respondo.

Rafael também se levanta e eu observo suas roupas sociais de ontem, amarrotadas, com a camisa com botões abertos, mostrando seu peito limpo.

Gêmeas MarrentasOnde histórias criam vida. Descubra agora